11/06/2013 13h19 - Atualizado em 11/06/2013 14h47

Europa tem que cortar emissões em 55% até 2030, aponta ONG

Estudo feito pelo Greenpeace considera falhas em mercado de carbono.
Estaria mais barato poluir do que investir em tecnologias limpas na UE.

Do G1, em São Paulo

Estudo divulgado nesta terça-feira (11) pela organização não-governamental Greenpeace aponta que a União Europeia terá que realizar um novo corte de 7% nas emissões de CO2 até 2030, para compensar a falha do mercado de crédito de carbono e fazer com que as medidas ambientais sejam realmente eficazes.

O estudo foca na definição dos objetivos ambientais do bloco para os próximos 17 anos e aponta que os cálculos apresentados pela Comissão Ambiental da União Europeia estão equivocados.

Em março, o bloco afirmou que será necessário cortar em 40% as emissões de CO2 nos países que integram a UE. Em maio, o Reino Unido considerou que o corte de emissões chegaria a 50% para o mesmo período.

No entanto, o Greenpeace afirma que a meta apropriada para 2030 é de reduzir em ao menos 55% as emissões de gases-estufa, número que inclui os 7% provenientes do déficit do mercado de carbono.

Niklas Hohne, diretor da Ecofys, empresa responsável pela elaboração do estudo, disse que o bloco europeu precisa de uma meta mais rígida se quiser manter vivo o sistema comunitário de comércio de direitos de emissão e evitar os danos da mudança climática.

Chamado em inglês de ETS, o sistema abrange 11 mil instalações industriais de 31 países europeus e não estaria funcionado como esperado.

O colapso do preço do carbono impediu que as negociações fossem feitas com sucesso e causou um efeito reverso: está mais barato poluir do que investir em tecnologias de produção limpa.

Recorde de emissões em 2012
As emissões de CO2 (dióxido de carbono) em todo o mundo aumentaram 1,4% em 2012, nível considerado recorde pela Agência Internacional de Energia (AIE), que divulgou relatório nesta segunda-feira (10).

Segundo o órgão, foi registrada a emissão total de 31,6 gigatoneladas de gases-estufa no ano passado. No entanto, apesar da alta, há diferenças regionais, com países reduzindo seus índices e outros aumentando.

A China foi quem mais emitiu gases-estufa e contribuiu para o crescimento global. De acordo com o relatório, foi expelido um adicional de 300 milhões de toneladas de gases em relação ao ano de 2011.

No entanto, o aumento foi considerado baixo se comparado com períodos anteriores devido aos investimentos pesados que o país asiático fez na última década para adotar fontes renováveis e melhorar a eficiência energética.

Nos Estados Unidos, a substituição de usinas de carvão por tecnologias que usam gás natural na geração de energia ajudou a reduzir as emissões em 200 milhões de toneladas nos últimos anos, trazendo-as de volta ao nível de meados de 1990.

Na Europa, a desaceleração da economia em decorrência da crise e o crescimento do uso de fontes renováveis -- além de políticas que restringem as emissões provenientes da indústria -- fizeram o continente reduzir em 50 milhões de toneladas de CO2.

Emissões do Japão, entretanto, aumentaram em 70 milhões de toneladas, ou 5,8%, enquanto os esforços para melhorar a eficiência energética não conseguiram compensar o aumento da utilização de combustíveis fósseis, após o acidente nuclear de Fukushima em 2011, disse a AIE.

Emissões na França (Foto: Joel Saget/AFP)Chaminés de indústria na França lança fumaça na atmosfera (Foto: Joel Saget/AFP)
veja também