Economia

Ações da Oi sobem 5% após notícia de fusão com Portugal Telecom; dólar fecha a R$ 2,19

Ibovespa acompanha mercados americanos e encerra em queda de 0,15%

SÃO PAULO - O mercado financeiro reagiu positivamente à notícia da fusão entre a Oi e a Portugal Telecom, uma das principais acionistas da operadora brasileira. Os papéis PN tiveram a maior valorização do Ibovespa, com ganho de 5,21% a R$ 4,44, enquanto as ações ON apresentaram a terceira maior alta da Bolsa, com avanço de 3,58% a R$ 4,63. Os recibos de ações da Oi (American Depositary Receipts - ADRs) negociados na Bolsa de Nova York subiram 5,82%. O Ibovespa, índice de referência do mercado, que chegou a subir durante a manhã puxado pelas ações da Oi, inverteu a tendência e terminou em queda de 0,15% aos 53.100 pontos e volume negociado de R$ 4,6 bilhões. O Ibovespa seguiu os pregões americanos e europeus, que fecharam em baixa. A queda das ações do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, também pesou sobre o índice.

Na Bovespa, as ações da Oi só começaram a ser negociadas às 10h30m, meia hora depois da abertura do pregão, já que ficaram em leilão. Os papéis PN da operadora tiveram o maior giro financeiro do pregão, movimentando R$ 318 milhões. Na máxima do dia, os papéis PN subiram mais de 12%, enquanto as ações ON se valorizaram 11%, para ceder no fim do dia. Na Bolsa de Lisboa, as ações da Portugal Telecom subiram 14% no início dos negócios, e fecharam com alta de 6,50%.

O negócio entre a Oi e a Portugal Telecom prevê um aumento de capital de pelo menos R$ 7 bilhões na Oi. Na fusão, cada ação ON da Oi será substituída por uma ação ON da CorpCo e cada 1,0857 ação PN será substituída por uma ação ON da CorpCo. A CorpCo vai aderir ao Novo Mercado da BMF&Bovespa e será listada também na NYSE Euronext Lisbon e na Bolsa de Nova York.

- A fusão é bastante positivo para a Oi, que precisa se capitalizar e está endividada. Por isso, as ações sobem com força na Bovespa. A probabilidade de o negócio ser aprovado pelas autoridades regulatórias brasileiras é bastante alta, já que se trata de um caso mais simples do que o da Telefônica e da TIM. E a Portugal Telecom se fortalece no mercado brasileiro - avalia João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.

A operação é anunciada cerca de uma semana depois que a espanhola Telefónica fechou acordo com os principais acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia detém a TIM, rivais da Oi. As ações PN da Vivo recuam 2,29% a R$ 48,97, a quarta maior queda do Ibovespa, enquanto as ações ON da TIM subiram 0,56% a R$ 10,80.

Para Luís Gustavo Pereira, estrategista da corretora da Futura, a fusão também reduz o endividamento da Oi. Como as ações da nova empresa serão negociadas no novo mercado da Bovespa, Pereira avalia melhora na governança corporativa da empresa. Um ponto negativo é a potencial diluição das ações dos minoritários, no aumento de capital previsto na operação.

A Oi, que tem ações preferenciais e ordinárias, vai realizar uma oferta pública de venda dessas ações ao mercado, entre R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões. O preço dos papéis nessa oferta será determinado por um book building, como é chamado o processo em que a empresa estabelece o valor das ações que vai vender de acordo com a demanda dos investidores. Os pequenos investidores que têm ações da Oi terão direito a participar dessa oferta. Quem não aderir à oferta poderá ter sua participação reduzida pela metade.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA caiu 0,12% a R$ 31,83; Petrobras PN teve alta de 0,58% a R$ 18,78; OGX Petróleo caiu 8,33% a R$ 0,23, a maior baixa do pregão; Itaú Unibanco perdeu 0,40% a R$ 31,62 e Bradesco PN teve valorização de 0,06% a R$ 30,88.

Além da OGX, outras empresas do Grupo EBX ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa. Os papéis ON da MMX Mineração recuaram 6,71% a R$ 1,39, a segunda maior baixa, seguidas pelos papéis ON da LLX Logística, com baixa de 4,88% a R$ 1,56, a terceira maior perda. Na terça, a OGX anunciou um calote no pagamento de juros a investidores detentores de títulos no mercado externo, o que segundo analistas afeta outras empresas do grupo.

Dólar recua frente ao real e juros futuros caem

No mercado de câmbio, o dólar comercial recuou com força nesta quarta-feira e voltou a fechar abaixo de R$ 2,20 pela primeira vez desde o dia 18 de setembro, quando o banco central americano decidiu manter os estímulos à economia. A divisa terminou negociada a R$ 2,192 na compra e R$ 2,194 na venda, a mínima do dia, uma baixa de 1,57%. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 2,224.

O Banco Central fez nesta quarta um novo leilão de contratos de swap cambial, vendendo toda a oferta de 10 mil papéis. O dólar acompanhou o movimento de queda do dólar no exterior, mas ganhou força depois que a agência de notícias Bloomberg divulgou uma entrevista com presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O presidente do BC garantiu que a instituição vai continuar trabalhando para reduzir a volatilidade no mercado de câmbio e evitar repasses da alta do câmbio para a inflação.

- Após a entrevista de Tombini, o dólar amplificou a queda e os juros futuros subiram - diz Jorge Knauer, gestor de renda fixa e câmbio da Appia Capital.

As taxas dos contratos de juros futuros estão em baixa, acompanhando o movimento do câmbio e dos títulos do Tesouro americano. Na BM&F, o Depósito Interfinanceiro (DI) com venceimento em janeiro de 2017 tinha taxa de 11,40% frente aos 11,48% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2015 registrava taxa de 10,24% frente aos 10,31% de ontem. E o papel com vencimento em janeiro de 2014 estava estável a 9,38%.

Investidores acompanham impasse nos EUA

Nos Estados Unidos, os investidores continuam acompanhando a paralisação de serviços públicos federais após democratas e republicanos não chegarem a um acordo para aprovar o orçamento de 2014. Os principais índices acionários dos EUA fecharam em queda nesta quarta, segundo dia de paralisação de serviços federais. O S&P500 perdeu 0,07%; o Dow Jones se desvalorizou 0,39% e o Nasdaq teve baixa de 0,08%.

Analistas avaliam que a paralisação dos serviços pode afetar a economia americana, que vinha apresentando sinais ainda frágeis de recuperação. A consultoria IHS calcula um impacto negativo de US$ 300 milhões diários com a interrupção dos serviços públicos. Ao mesmo tempo, isso pode levar a um adiamento do início da redução dos estímulos econômicos pelo Federal Reserve, o banco central americano.

Nesta quarta, o presidente do Federal Reserve de Boston, Eric Rosengren, disse que o banco central americano não deve se precipitar com a diminuição do afrouxamento quatitativo. Ele afirmou também que apoiou “fortemente e de maneira inequívoca” a decisão tomada pela instituição no mês passado de não reduzir, por ora, o programa mensal de US$ 85 bilhões de compra de bônus.

Para completar, números do mercado de trabalho do setor privado, divulgados nesta quarta, vieram mais fracos nos EUA. Foram criadas 166 mil novas vagas entre agosto e setembro, enquanto alguns analistas esperavam a abertura de até 180 mil novos postos de trabalho.

Na Europa, as principais Bolsas fecharam em queda com a crise americana. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, perdeu 0,69%; o Cac, do pregão de Paris, recuou 0,92% e o FTSE, principal índice da Bolsa de Londres, caiu 0,35%.