Economia

Diretora da ANP diz que área do pré-sal deve ser maior

Reservas do Alto de Cabo Frio, onde fica Libra, seriam superiores a 42 bi de barris

RIO - O reprocessamento dos dados sísmicos feitos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre abril e maio deste ano - que apontou que Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, teria o dobro de barris de petróleo previsto inicialmente - deve revelar agora surpresas nas outras áreas do pré-sal mapeadas pelo órgão regulador. Conforme Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, afirmou ao GLOBO, é possível que essas áreas tenham reservas maiores que os 42 bilhões de barris de petróleo estimados no início do ano. Os novos estudos sobre o volume serão feitos no próximo ano, revelou.

Segundo Magda, essas áreas, entre as quais a de Pau Brasil, estão no chamado Alto de Cabo Frio. Na primeira estimativa, em janeiro, Libra teria reservas totais entre 18 bilhões e 20 bilhões de barris, dos 42 bilhões totais da área estudada. Em abril, com novos dados, as reservas seriam de 26 bilhões a 42 bilhões de barris (de 8 bilhões a 12 bilhões recuperáveis).

- Pode sim (a área total ter mais de 42 bilhões de barris). Na vida real, a gente estuda uma área com os dados que temos até aquele momento. E quando vamos acrescentando dados, podemos ter uma interpretação que varia para mais ou menos. Mas ainda não sei qual será esse aumento. Novos processamentos em profundidade serão feitos ao longo do ano que vem. A gente tem na área do pré-sal e no mar um auxílio, que é o dos levantamentos, que chamamos de especulativos ou em caráter não exclusivo - disse Magda, que participou da abertura da oitava edição da Spetro, evento organizado pela Escola Politécnica da UFRJ.

Mais de 5 bi na cessão onerosa

Além dos estudos do pré-sal, ANP, governo e Petrobras vão “recalibrar” as reservas das áreas na cessão onerosa - na qual a Petrobras ganhou o direito de produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente em troca de um aumento de capital, em 2010. Um passo importante, destacou Magda, foi a contratação, por parte da ANP, da empresa certificadora Gaffney, Cline and Associates para reavaliar a área cedida à Petrobras em 2010. O contrato, diz, deve ser assinado nos próximos dias.

- A primeira pergunta que devemos fazer é se tem 5 bilhões de barris mesmo? Antes, a gente achava. Hoje, a gente tem certeza que tem mais. A Petrobras pode produzir até 5 bilhões de barris. Vamos ver o que vamos fazer (para produzir mais que isso) - afirmou Magda.

Segundo o contrato da Petrobras com a União, caso o potencial de produção seja superior aos 5 bilhões de barris, a estatal pode pagar a diferença à União em dinheiro ou em títulos da dívida pública federal.

- Em 2010, Franco tinha um poço. Este ano, oito poços estão sendo perfurados. O entendimento que temos da área hoje é substancialmente maior do que tínhamos (de 3 bilhões de barris em 2010).

No fim deste mês ocorre a 12ª rodada de Licitações, com foco em gás em terra, que tem 19 empresas habilitadas. A ANP prorrogou o prazo de audiência pública (até dia 18) para receber mais sugestões.

- Estamos oficiando autoridades de Ministério Público, Meio Ambiente e governadores do Brasil para participar, pois temos uma questão não convencional, intensiva em perfuração de poços e exige cuidado com aquíferos.