Economia

Dólar fecha em queda de 0,16% negociado a R$ 2,35; Bolsa encerra pregão em alta de 0,18%

Livro Bege mostrou que atividade econômica dos EUA continua crescendo num ritmo entre modesto e moderado

SÃO PAULO - O mercado financeiro trabalhou nesta quarta-feira com a expectativa de que o Livro Bege, compêndio de informações sobre a economia dos EUA, sinalizasse quando o programa de estímulo à economia começará a ser reduzido. Como isso não aconteceu, o dólar fechou em queda frente ao real e a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou com pequeno ganho, depois de ter passado a maior parte do dia em queda. A moeda americana encerrou o dia com baixa de 0,16%, cotada a R$ 2,354 na compra e R$ 2,356 na venda. Na máxima do dia, o dólar bateu em R$ 2,366 e na mínima foi negociado a R$ 2,344. No exterior, a moeda americana também se desvalorizou frente a outras moedas de países emergentes.

Na Bolsa de Valores de São Paulo, o principal índice, o Ibovespa, encerrou o pregão com alta de 0,18% aos 51.716 pontos e volume negociado de R$ 6,1 bilhões. As Bolsas americanas também ganharam força após a divulgação do Livro Bege. O índice S&P500 subiu 0,81%; o Dow Jones teve alta de 0,65% e o Nasdaq teve ganho de 1,01%.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA caiu 0,03% a R$ 32,14; Petrobras PN subiu 0,41% a R$ 16,85; Itaú Unibanco PN ganhou 0,24% a R$ 29,08 e Bradesco PN teve alta de 0,50% a R$ 27,80. Os papéis ON da OGX perdeu 2,38% a R$ 0,41, a segunda maior desvalorização do índice, depois da informação de que o empresário Eike Batista vendeu mais 5,49% de suas ações da empresa.

Em agosto, a Bovespa registrou recorde de volume financeiro, com R$ 187,09 bilhões negociados. Foi um aumento de 41% em relação aos R$ 132,69 bilhões negociados em julho, segundo informação divulgada pela BM&FBovespa.

Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, o Livro Bege não trouxe novidades. Segundo o documento, a economia dos Estados Unidos expandiu-se em ritmo “modesto a moderado” na maior parte do país entre o início de julho e o fim de agosto, mesmo cenário dos dois meses anteriores.

- O Livro Bege trouxe mais do mesmo. Já se sabe que a economia americana retomou a trajetória de crescimento, que apresenta ritmo moderado. Não houve qualquer sinalização de quando o Federal Reserve poderá retirar uma parte dos estímulos. Com isso, os números do mercado de trabalho, que serão divulgados na sexta, é que poderão trazer novidades - analisa o estrategista.

Se o desemprego diminuir, cresce a chance de que a redução dos estímulos comece ainda este mês. Se se mantiver em 7,4%, o nível atual, é possível que a redução dos estímulos seja adiada até dezembro.

Dólar tem mais um dia de queda global

O mercado de câmbio, o dólar teve mais um dia de desvalorização global. Antes da divulgação do Livro Bege, a moeda reduziu a baixa frente ao real e ficou estável. Mas sem qualquer novidade no documento, retomou a trajetória de queda. Segundo um operador de câmbio, um aumento no índice dos gerentes de compras do setor de serviços na China (PMI, na sigla em inglês), medido pelo HSBC, ajudou na valorização de moeda de países emergentes, principalmente os exportadores de commodities. O indicador subiu para 52,8 em agosto, frente aos 51,3 em julho.

Pela manhã, o Banco Central fez mais um leilão de contratos de swap cambial e vendeu o equivalente a US$ 498,4 milhões. Mas chegou a recusar cerca de 54% das propostas.

- O dólar caiu por aqui, acompanhando o movimento da moeda americana visto no exterior frente a outras divisas de países emergentes. Mas a desvalorização frente ao real aconteceu numa intensidade mais fraca, já que ontem a queda foi maior. Embora o contexto econômico não tenha mudado - com os investidores de olho nos próximos passos do Federal Reserve (o banco central americano) e na situação na Síria - o dólar está buscando um ponto de equilíbrio depois de ter se valorizado muito frente a divisas de países emergentes nos últimos meses - analisa João Paulo de Gracia Corrêa, gerente da mesa de operações da Correparti, corretora de câmbio.

O Banco Central informou nesta quarta que a saída de dólares do país superou o ingresso da moeda americana em US$ 5,850 bilhões em agosto. Essa é a maior saída líquida de recursos do país no ano, menor apenas que a registrada em dezembro do ano passado, de US$ 6,7 bilhões. Agosto também foi o terceiro mês seguido a registrar mais saída de moeda estrangeira do que entrada.

- O fluxo negativo de dólares deverá continuar colocando pressão sobre a moeda, embora a ‘ração diária’ do BC tenha reduzido a volatilidade da moeda americana - avalia Felipe Salto, especialista em câmbio da Consultoria Tendências.

Em relatório, o banco Morgan Stanley recomendou aos clientes preferir investimentos no peso mexicano e no zloti polonês em detrimento de moedas como o real, a rúpia da Indonésia, a rúpia da Índia, a lira turca e o rand sul-africano. Em agosto, o banco chamou essa cinco moedas de "cinco frágeis", citando a elevada inflação e o déficit em conta corrente desses países.

No relatório, o Morgan Stanley avaliou que "moedas que se beneficiaram do grande impulso em termos de troca associado ao volume de exportação de commodities e preços nos últimos anos, como real e a rúpia da Indonésia, pode passar por novos ajustes" e "já que o crescimento da China vai continuar baixo em 2014".

Juros futuros acomapnham queda do dólar

Os juros futuros acompanharam o movimento de queda do dólar, mas os investidores também estão atentos ao cenário externo e na expectativa da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quinta. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 encerrou com taxa de 11,79% ante 11,82% ontem; o DI para janeiro de 2015 apresentou taxa de 10,53%, de 10,55% e o papel com vencimento em 2014 encerrou com taxa de 9,28% de 9,30% na véspera.

Mercado de olho na Síria e no Fed

O mercado continua de olho nos desdobramentos de uma possível intervenção militar na Síria e também está na expectativa da divulgação de novos números do mercado de trabalho americano, nesta sexta, que também sâo fundamentais para a decisão do Fed de reduzir ou manter os estímulos à economia. Nesta quarta, o Comitê de Relações Exteriores do Senado aprovou uma ação militar contra a Síria.

Na Europa, as Bolsas começaram o dia em queda, mas inverteram o sinal e fecharam positivas à espera do Livro Bege. O índice Dax, do pregão de Frankfurt, subiu 0,19%; o Cac, da Bolsa de Paris, avançou 0,16% e o FTSE, da Bolsa de Londres, teve alta de 0,10%.