Economia

Fundos de pensão e OAS vão disputar Galeão e Confins

Gigante espanhola Aena desiste de participar do leilão de privatização

Vista do Galeão Foto: Genilson Araújo/22/8/2012
Vista do Galeão Foto: Genilson Araújo/22/8/2012

BRASÍLIA - Menos de uma semana antes do leilão de privatização de Galeão e Confins, ainda há indefinição sobre a formação dos consórcios. Os fundos de pensão das estatais e a construtora OAS, reunidos na Invepar, estão decididos a entrar na disputa, mesmo com o limite de participação de 15% fixado pelo governo e mantido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para atuais concessionários.

Segundo fontes envolvidas nas discussões, a Invepar está negociando a entrada no consórcio de Ecorodovias e Fraport (operadora alemã). Até quarta-feira, a Invepar - que administra Guarulhos junto com a operadora africana ACSA - tinha a esperança de formar um novo consórcio. Mas, com a decisão do TCU - que considerou improcedente a representação do Congresso para ampliar o percentual de participação dos atuais concessionários - a empresa intensificou as negociações com a Ecorodovias e a operadora alemã.

A expectativa do governo era que a gigante espanhola Aena entraria na disputa, junto com a Engevix, sócia da argentina Corporación América, que administra o aeroporto de Brasília. No entanto, na última quarta-feira à noite, a Aena informou a Engevix que desistiu do leilão.

Segundo a Aena, por ser estatal, a empresa tem restrição para entrar com participação de 85,01% no consórcio, diante da cláusula restritiva à Engevix, e não houve prazo suficiente para buscar novos investidores. O teto seria de 51%.

Disputa acirrada

Apesar do recuo, as autoridades brasileiras do setor estão otimistas e esperam a participação de oito grandes operadores estrangeiros reunidos em seis consórcios no leilão, que ocorrerá na sexta-feira. A expectativa é de uma disputa acirrada, não só pelo aeroporto do Rio, considerado a “joia da coroa”, mas também pelo mineiro.

- Houve uma luta muito grande para mudar o edital e permitir que os atuais operadores pudessem arrematar os dois aeroportos. Mas isso não ocorreu, e as expectativas em torno do certame são muito positivas - disse uma fonte do governo.

Uma fonte do mercado, ligada às negociações, afirma que o ágio pelo Galeão pode surpreender e atingir a mesma proporção de Guarulhos, que foi de 373,51%. Com lance mínimo de R$ 2,29 bilhões, o aeroporto em São Paulo foi arrematado pelo consórcio Invepar ACSA por R$ 16,21 bilhões.

O leilão do Galeão começará com R$ 4,8 bilhões. Em Confins, a expectativa é que o ágio seja menor, mas superior a R$ 1,096 bilhão, valor fixado no edital. Segundo um interlocutor do governo, demonstraram interesse pelo aeroporto mineiro as empresas CCR e Odebrecht.

Na próxima segunda-feira, os interessados terão que entregar na Bovespa a documentação exigida e os envelopes com as propostas. Na véspera do leilão, a Anac divulgará somente os nomes dos proponentes que forem rejeitados. A agência anunciou que não informará antecipadamente o número e a formação dos consórcios que estarão aptos a participar. O objetivo, segundo o órgão em nota, é evitar “conluio” entre participantes, garantindo, assim, a máxima concorrência entre eles.

A composição dos consórcios participantes do certame, vencedores e perdedores, só será conhecida após o resultado do leilão. Ganhará a disputa quem oferecer o maior valor de outorga à União. Pelo cronograma do governo, os novos concessionários somente deverão assumir os terminais em agosto de 2014. Antes disso, haverá uma fase de transição em que a Infraero, sócia minoritária (49% de participação), e o novo concessionário farão um revezamento supervisionado na administração.