Economia

Inadimplência caiu em junho ao menor patamar em 2 anos, diz BC

Taxa média de juros do crédito no país subiu no mês passado, após elevação da Selic para conter inflação

BRASÍLIA — Apesar da alta dos juros, a inadimplência das famílias caiu com mais força no mês passado. Passou de 5,3% para 5% nos empréstimos feitos com créditos direcionados e livres. É a menor nível de calote desde quando o Banco Central reformulou sua base de dados em março de 2011. A autoridade monetária aponta vários motivos para isso. Entre eles, o aumento do emprego, da renda e da educação financeira dos brasileiros.

Além disso, nos últimos dois anos, as instituições financeiras ficaram mais cautelosas na hora de emprestar. Só nos últimos 12 meses, o nível de atrasos com mais de 90 dias caiu 0,9 ponto percentual. Ao selecionar de forma mais criteriosas os clientes, aumentam a garantia de recebimento das parcelas.

— Essa queda da inadimplência é disseminada e não está concentrada apenas em um tipo de empréstimo – garantiu o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel.

A inadimplência das empresas, por exemplo, caiu de 2,3% para 2,1% em junho. É menor patamar registrado desde janeiro do ano passado.

Esses níveis de calote mostram queda mesmo com o recente aumento dos juros. Para as famílias, as taxas cobradas – em média – pelos bancos subiu de 24% ao ano para 24,3% ao ano e voltou para o mesmo patamar que estava no fim do ano passado. No início de 2013, as instituições financeiras anteciparam-se ao Banco Central e começaram a subir os juros ao consumidor mesmo antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentar a taxa básica (Selic).

A alta do custo financeiro para as famílias seria maior se os bancos não tivessem diminuíram o spread – a diferença entre o custo do dinheiro e por quanto ele é repassado para o cliente, o que inclui o lucro das instituições financeiras – no mês passado. Para pessoas físicas, esse diferencial de juros caiu de 16,9 pontos percentuais para 16,3 pontos percentuais. É o menor patamar desde quando o BC passou a registrar os dados. A autoridade monetária alega que o principal motivo dessa queda é a baixa na inadimplência

Concessão de crédito caiu 3,4%

Essa conta é feita com todo o tipo de crédito no Brasil. Inclui os direcionados (que o banco é obrigado a aplicar em um financiamento específico) como, por exemplo, o crédito habitacional. Esses financiamentos são muito menos sensíveis às decisões do Copom. No crédito livre – aquele que a instituição pode escolher como emprestar – a alta dos juros para pessoas físicas foi maior. A média das taxas cobradas pelos bancos saltou de 34,2% ao ano para 34,9% ao ano.

No mês passado, o volume de crédito na economia continuou a crescer, mas as concessões médias com recursos livres diminuíram. As instituições emprestaram 3,4% a menos. No entanto, o crescimento das contratações de empréstimos direcionados foi de 28%. Segundo o BC, esse forte aumento foi causado principalmente pelos empréstimos do BNDES para o setor produtivo e da alta do financiamento imobiliário para as famílias.

— O mercado de crédito manteve em expansão. E isso ocorre num quadro favorável de inadimplência em relação ao ano passado — afirmou Maciel.