Economia

Shell diz que investimento no Brasil é estratégico

Para francesa Total, risco era não participar

RIO, GENEBRA E LONDRES - O Brasil é estratégico para a Shell e está entre as prioridades da empresa, afirmou nesta terça-feira seu presidente no país, André Araújo. O executivo destacou que a participação em Libra confirma essa importância, também demonstrada com o elevado investimento da empresa na criação da Raízen, gigante do etanol em parceria com a Cosan. Libra permitirá, segundo Araújo, a ampliação da atuação da companhia no pré-sal do Brasil, onde já atua no bloco BM-S-54, na Bacia de Santos, ainda em fase de exploração, também ao lado da francesa Total.

- São projetos que os investidores acompanham muito de perto e são bem estratégicos. O Brasil está muito bem nas prioridades da empresa - disse.

Shell, Total, Petrobras e as estatais chinesas CNOOC e CNPC levaram na segunda-feira o megacampo de Libra. A parceria com as chinesas não é propriamente novidade. A Royal Dutch Shell já tinha um projeto comum com a CNOOC, que adquiriu 25% em dois blocos de exploração da empresa no Gabão, na África. Ambas estão planejando ainda um projeto de exploração em águas profundas no mar ao Sul da China. A anglo-holandesa também tem dois acordos com o instituto de pequisa da CNPC para pesquisar aspectos do desenvolvimento de gás não convencional e recuperação de petróleo.

Feliz com a vitória do consórcio, Araújo destaca, no entanto, que o real potencial das reservas de Libra só poderá ser avaliado depois do plano exploratório. A assinatura do contrato da área deve ocorrer em novembro, e o consórcio deve ser estabelecido até o fim do ano, segundo o executivo. A Shell é a sétima petroleira do mundo no ranking “Energy Intelligence Top 100: Global NOC & IOC Rankings”.

Maior área da total

A Total é o quinto maior grupo petrolífero do mundo. E, ao participar do leilão, levou em conta o fato de que 40% das grandes descobertas de petróleo nos últimos cinco anos ocorreram no Brasil. Como resumiu um analista francês do mercado de petróleo, a decisão foi clara: o maior risco para a Total era não participar.

Esta aposta estratégica superou temores de que o modelo de negócio proposto pelo Brasil representasse um risco. A descoberta de megacampos como o de Libra são raridade. O grupo nunca participou de uma exploração tão grande. A Total está presente em 12 projetos em campos de águas profundas em Angola, Congo e Nigéria, e no Mar do Norte.

Desde os anos 70, a Total participa de explorações com a Petrobras. No ano passado, assumiu o controle de Xerelete, detendo 41,2% do bloco na Bacia de Campos. Com negócios de € 200 bilhões em 2012, o grupo produz petróleo e gás em 30 países e emprega 97 mil pessoas.

*Correspondente