07/05/2013 17h06 - Atualizado em 07/05/2013 17h15

Confira a repercussão da escolha de Roberto Azevêdo para chefiar a OMC

Diplomata é 1º brasileiro a comandar a Organização Mundial do Comércio.
Presidente Dilma agradeceu pelo apoio 'de governos de todo o mundo'.

Do G1, em São Paulo

O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo foi escolhido o próximo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), órgão máximo do comércio internacional, a partir de setembro, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O anúncio é informal, e a confirmação oficial será feita pela OMC na quarta-feira (8). A decisão ainda será formalizada em reunião entre os países membros na próxima semana.

Nesta terça-feira (7), a presidente Dilma Rousseff agradeceu, em nota, pelo apoio recebido "de governos de todo o mundo" à escolha do diplomata brasileiro. Segundo ela, a decisão não é uma vitória do Brasil, nem de um grupo de países, mas da própria OMC.

Já o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, afirmou que a escolha de Azevêdo para o comando da OMC é "uma vitória do Brasil". Segundo ele, o novo comandante "é um diplomata que se especializou em comércio internacional, com qualidades muito apropriadas para desenvolver uma carreira na OMC".

Azevêdo é diplomata de carreira, tem 55 anos e está no Itamaraty desde 1983. Na disputa final, o brasileiro contou com o apoio dos países emergentes e em desenvolvimento para vencer o mexicano Hermínio Blanco, visto como candidato dos países ricos. Ele vai suceder o francês Pascal Lamy, no cargo desde 2005, que deixará seu posto no fim de agosto.

Confira a repercussão da escolha de Roberto Azevêdo:

Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores
Disse que a escolha de Roberto Azevêdo é "uma vitória do Brasil" e destacou o currículo do brasileiro, que, segundo ele, "é um diplomata que se especializou em comércio internacional, com qualidades muito apropriadas para desenvolver uma carreira na OMC".

Patriota elogiou a capacidade de diálogo de Azevêdo e afirmou que sua eleição "reflete uma ordem internacional em transformação", em que os países em desenvolvimento também são protagonistas das principais decisões internacionais.

"É sem dúvida nenhuma um resultado importante que reflete uma ordem internacional em transformação, em que países emergentes demonstram capacidade de liderança, uma liderança que, no caso do Roberto Azevedo, se apoia muito no mundo em desenvolvimento mas não deixa de obter reconhecimento entre representantes do mundo desenvolvido"

Carlos Stempniewski, professor das Faculdades Rio Branco
Afirmou que Azevêdo é "um técnico bastante capaz" e acredita que o diplomata "vá dar um cunho bastante voltado, principalmente, para os países mais pobres". O acad~emico disse ainda que o escolhido terá que conviver "com uma certa oposição".

"Ele vai ter um bom trabalho para driblar. A gente não pode desconsiderar o peso deste bloco de países ricos", disse o professor, em referência a países como Estados Unidos, Canadá, Japão, União Europeia – que estão entre os países com o maior número de demandas na OMC – tanto como demandantes, como quanto demandados.

Dilma Rousseff, presidente da República
Em nota, a presidente agradeceu pelo apoio recebido "de governos de todo o mundo" para a escolha do diplomata brasileiro e disse que, "ao apresentar o nome do Embaixador Azevêdo para esta alta função, o Brasil tinha claro que, por sua experiência e compromisso, ele poderia conduzir a Organização na direção de um ordenamento econômico mundial mais dinâmico e justo".

"Essa mensagem foi entendida por expressiva maioria e, por esta razão, agradeço o apoio que nosso candidato recebeu de governos de todo o mundo nas três rodadas de votação. Essa não é uma vitória do Brasil, nem de um grupo de países, mas da Organização Mundial do Comércio", afirmou Dilma.

Fernando Pimentel, ministro do Desenvovlimento
Comemorou a vitória do diplomata brasileiro e disse que "é um bom resultado para o Brasil, pela imagem do país, que tem quadros qualificados, mas foi melhor ainda para a OMC, pois de fato ele era o melhor candidato".

O ministro disse que, além da meta de retomar a Rodada de Doha, colocada pelo próprio candidato, o desafio da organização é colocar em debate o impacto do câmbio e das políticas expansionistas dos países desenvolvidos nas relações comerciais.

"Eu vou dizer em meu nome, não no nome dele. Eu acho que ele vai se incumbir de colocar em pauta a discussão, que ele como representante do Brasil já abriu, sobre o impacto do câmbio nas relações comerciais. Acho que essa questão ele vai levar adiante até porque houve aprovação do comitê da OMC com relação a este tema", disse.

Luiz Olavo Baptista, ex-presidente do Órgão de Apelação da OMC
O advogado especializado em Direito do Comércio Internacional disse que os 159 países-membros da OMC escolheram o candidato mais preparado para ocupar a vaga.

"Era o único candidato que tinha uma experiência in house de tudo. Ele trabalhou no contencioso; foi – e ainda é – negociador na OMC; e participou das revisões dos países, que se faz permanentemente. Portanto, ele tem experiência prática em todas as funções da OMC", afirmou.

Rubens Barbosa, embaixador, ex-representante do Brasil em Londres e Washington
"A OMC é hoje um órgão esvaziado, com uma missão difícil pela frente. A proliferação dos acordos regionais esvaziou a OMC. O Roberto Azevêdo é o homem certo, no lugar certo. Ele tem o desafio de ressuscitar a organização e fazer com que as regras que foram sendo criadas fora do âmbito dela possam ser distribuídas e generalizadas", disse em entrevista exclusiva ao G1.

Para o embaixador, a vitória de Roberto Azevêdo para a presidência da OMC dá um sinal importante aos países mais ricos do mundo. "O mais importante nessa nomeação é que o Roberto foi eleito com voto maciço dos países em desenvolvimento. Isso mostra que eles querem uma representação mais fortalecida e que as discussões sobre o comércio internacional se deem num lugar em que os benefícios alcancem a todos. Esse é o recado da eleição dele para o mundo".

 

 

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