Economia

Dólar sobe e fecha a R$ 2,20 pela primeira vez em duas semanas; Bolsa caiu 1,02%

Investidores estão cautelosos com possibilidade de BC não rolar todos os contratos de swap cambial que vencem em novembro

SÃO PAULO - O dólar comercial voltou ao patamar de R$ 2,20 pela primeira vez em duas semanas nesta quinta-feira. Investidores estão cautelosos com o fato de o Banco Central não ter anunciado a rolagem total dos contratos de swap cambial tradicional, que vencem em 1º de novembro. A moeda americana encerrou a sessão negociada a R$ 2,199 na compra e R$ 2,201 na venda, maior patamar desde 9 de outubro, uma valorização de 0,64%. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 2,210 (alta de 1,05%) e na mínima chegou a R$ 2,195 (alta de 0,36%). Em dois dias de alta, o dólar comercial subiu 1,38% frente ao real.

- O dólar voltou ao patamar de R$ 2,20 com o mercado considerando a possibilidade de o BC não fazer a rolagem total dos contratos. Mas nada indica que ela não vá acontecer. Se o dólar estressar amanhã, e subir mais de 1%, o BC pode realizar nova pesquisa para medir o interesse dos bancos e fazer leilões de rolagem na segunda, terça e quarta da semana que vem, por exemplo - avalia Jorge Knauer, gestor de renda fixa e câmbio da Appia Capital.

Knauer lembra ainda que o dólar também se valorizou no exterior frente a divisas de países emergentes. Portanto, a alta desta quinta frente ao real também tem o cenário externo como componente.

- A valorização do dólar hoje frente o real não foi absurda - diz Knauer.

Com o leilão de rolagem que o BC realizou hoje, o terceiro da semana, a instituição renovou até agora cerca de US$ 2,9 bilhões dos US$ 8,87 bilhões em contratos que vencem no início do próximo mês, o equivalente a 33% do total.. Hoje, foram ofertados mais 20 mil contratos -- a US$ 988,9 milhões -- com vencimentos em 1º de julho de 2014 e 1º de outubro de 2014. A operação aconteceu das 14h30 às 14h40.

Nesta manhã, o Banco Central vendeu todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos diariamente no leilão que acontece entre 9h30 e 9h40 dentro do plano de ação para reduzir a volatilidade do dólar. O volume financeiro foi de US$ 495,3 milhões. Os contratos têm vencimento em 1 de julho de 2014. Nenhuma proposta foi aceita para os contratos com vencimento em março de 2014.

Bovespa de olho no cenário externo

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal índice, o Ibovespa, iniciou o pregão desta quinta-feira em alta, mas inverteu a tendência puxado por Vale, Petrobras e OGX. O índice se desvalorizou 1,02% aos 54.877 pontos e volume negociado de R$ 5,1 bilhões.

- Um processo de realização de lucros mais forte na Bovespa era esperado e ele começou ontem, com a queda de 1,8% do índice. Vale e Petrobras são as mais líquidas e por isso caem. O fato de a presidente da Petrobras, Graça Foster, ter dito que não há reajuste de combustível previsto este ano também foi um fator negativo influenciou as ações da Petrobras. E a OGX também continuou devolvendo a alta de mais de 100% da semana passada. - avalia Pedro Galdi, estrategista da SLW.

Dados positivos sobre a indústria da China trouxeram um pouco de otimismo ao mercado, no início do pregão. Mas o banco central chinês continuou enxugando a liquidez no mercado de crédito, pela segunda semana consecutiva, o que também trouxe preocupação aos investidores. Só nesta semana, o banco central chinês enxugou US$ 9,5 bilhões. O objetivo seria aliviar pressões inflacionárias e conter uma bolha no mercado imobiliário, onde os preços dos imóveis estão muito elevados.

- Ainda que não signifique uma retomada de crescimento em ritmo mais elevado, o dado da indústria da China é positivo, embora os receios com o sistema bancário sigam no ar - diz o estrategista William Alves, da XP Investimentos, em relatório divulgado nesta manhã.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA subiu 0,12% a R$ 32,25; Petrobras PN se desvalorizou 0,49% a R$ 18,25; OGX Petróleo ON recuou 7,69% a R$ 0,37, a maior queda do pregão; Itaú Unibanco PN caiu 0,48% a R$ 33,18 e Bradesco PN teve baixa de 0,09% a R$ 32,39. O Santander Brasil divulgou que seu lucro caiu 6,3% no terceiro trimestre para R$ 1,4 bilhão. As units do Santander se desvalorizaram 1,43% a R$ 15,11 e influenciaram os papéis das demais instituições.

A maior alta foi apresentada pelos papéis ON da Fibria, com valorização de 2,88% a R$ 28,60. A Fibria divulgou resultados do terceiro trimestre e reverteu prejuízo de R$ R$ 593 milhões no segundo trimestre para um lucro de R$ 57 milhões. Analistas do BB Investimentos avaliam que o resultado do quarto trimestre pode ser ainda melhor, com perspectiva de aumento de preços e mercado aquecido para celulose na América do Norte e Ásia.

No mercado de juros futuros, as taxas recuam com a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, só comece a retirar os estímulos à economia americana em 2014. A taxa dos contratos com vencimento em janeiro de 2015 passava de 10,49% para 10,47%, e taxa do DI para janeiro de 2017 caía de 11,32% para 11,28%. A taxa do contrato com vencimento em julho de 2014 subia de 10,19% para 10,20%, mantendo o movimento de ajuste dos últimos dias com perspectiva de um novo aumento da Selic em 0,50 ponto percentual em novembro.

China tem melhora da atividade industrial

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade industrial da China subiu de 50,2 pontos em setembro para 50,9 pontos em outubro, a maior leitura em sete meses, de acordo com dados preliminares divulgados pelo instituto de pesquisas Markit Economics com o banco HSBC. Leituras acima de 50 pontos sinalizam expansão da atividade.

Na Europa, as Bolsas fecharam em alta com resultados acima do esperado de companhias como Daimler e ABB, além do dado do PMI composto da zona do euro que, apesar da queda, se manteve em 51,5 pontos, acima do patamar de 50, o que mostra alguma expansão na economia europeia. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, subiu 0,51%; o índice Cac, da Bolsa de Paris, se valorizou 0,16% e o FTSE, da Bolsa de Londres, teve alta de 0,53%.

Os principais índices acionários americanos estavam em alta no fim da tarde: o S&P 500 subia 0,35%; o Dow Jones se valorizava 0,63% e o Nasdaq tinha ganho de 0,58%. Nesta quinta, o Departamento do Trabalho americano divulgou que o número de novos pedidos de seguro-desemprego caiu para 350 mil na semana encerrada em 19 de outubro, após ter registrado 362 mil na semana anterior (dado revisado). Analistas esperavam queda para 341 mil pedidos. Os dados de emprego nos Estados Unidos vêm sendo acompanhados com lupa pelos investidores, que buscam sinais dos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em relação à política de estímulos à economia.