Economia

Em 2008, real foi moeda de barganha com FED

Banco Central ameaçou usar títulos americanos para proteger o real. Para evitar volatilidade, FED incluiu país em acordo de swap de moedas

Se a retirada de estímulos pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) deixa os emergentes em situação vulnerável hoje, em 2008 esses países tiveram papel crucial no enfrentamento da crise.

Um episódio envolvendo o Brasil ilustra bem o peso dos emergentes. Após a quebra do Lehman Brothers, o mercado global de câmbio havia congelado. O Fed, então, fez acordos de swap de moedas com outros países. É um “cheque especial” em dólares: o Fed oferece uma linha de crédito para emergências e o outro país paga com sua própria moeda. Em 18 de setembro, Canadá, Reino Unido, zona do euro, Japão e Suíça foram agraciados. Brasil e demais emergentes ficaram de fora.

O BC brasileiro, então, procurou o Fed com um argumento de forte poder de persuasão. Caso o real continuasse a ser castigado por estar fora dessa rede de proteção, a alternativa seria o país usar as reservas internacionais para proteger a moeda. Ou seja, vender títulos do Tesouro americano. E o Brasil tinha uma posição importante nesses títulos (no total, as reservas superavam US$ 200 bilhões).

Tudo o que o Fed não precisava naquele momento era de qualquer tipo de volatilidade com os títulos do Tesouro. O argumento surtiu efeito e, em 29 de outubro, o Brasil, junto com México, Coreia e Cingapura, fez seu próprio acordo de swap de moedas com o Fed.