Economia

Nova política de preços da Petrobras pode favorecer refino

Para presidente do IBP, João Carlos de Luca, sistema poderá atrair investimentos privados no segmento

RIO - A possível mudança na política de reajuste de preços dos combustíveis no Brasil, em estudos pelo governo federal, além de beneficiar a Petrobras, permitirá atrair investimentos privados no setor de refino, avalia o presidente do instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos França de Luca. Ele lembra que, com a atual política de preços, pela qual a Petrobras é obrigada a cobrar preços da gasolina e do óleo diesel abaixo do mercado internacional, a estatal sofre prejuízos e ao mesmo tempo inviabiliza investimentos privados na área de refino.

Apesar de a abertura do mercado, com o fim do monopólio, ter ocorrido em 1988, o mercado de refino é 100% da Petrobras. Segundo o presidente do IBP, entidade que completa hoje 56 anos de criação e reúne 230 empresas sócias, a indústria petrolífera defende que o governo estabeleça uma fórmula de reajuste de preços que dê previsibilidade para a Petrobras ter recursos para executar seus pesados investimentos.

- Essa nova política de preços sinalizaria não só uma garantia para a Petrobras fazer frente a seus vultosos investimentos, como também permitiria a outros atores também não ficarem muito à mercê da política de preços. Muitas vezes, a Petrobras represa (não reajuste os preços) e as outras empresas privadas não conseguem suportar isso - destacou De luca.

Segundo o executivo, é fundamental que nova fórmula consiga equilibrar entre a necessária remuneração aos produtos da Petrobras e, de outro lado, permitir o desenvolvimento do setor de refino. Por isso, ele entende que uma mudança na sistemática poderá resultar na atração de novos investimentos para o refino.

O executivo disse também que a indústria petrolífera continua defendendo a previsibilidade e a regularidade nos leilões de áreas para exploração de petróleo no Brasil, que ficaram suspensos nos últimos cinco anos, desde o anúncio da descoberta das reservas gigantes de petróleo no pré-sal.

Este ano foi marcado pela retomada das rodadas de licitação feitas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em maio, a agência realizou a 11ª Rodada de blocos terrestres e marítimos, principalmente na margem equatorial do país; em outubro último, foi feito o primeiro leilão no pré-sal, com a oferta de Libra. Na próxima semana, será realizada a 12ª Rodada, voltada para exploração de gás natural em terra.

João Carlos de Luca anunciou que oficialmente foi criado o Dia Nacional da Indústria do Petróleo, a ser celebrado dia 21 de novembro, data do aniversário do IBP. O instituto, diz o presidente, passa por uma profunda reformulação das instalações físicas em sua sede no Centro do Rio, e, principalmente, em suas atividades.