Economia

Abilio Diniz anuncia saída do Pão de Açúcar

Em novo acordo com o Casino, empresário abdicou de todas as condições que estavam no contrato assinado em 2005

O empresário Abílio Diniz, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, em São Paulo
Foto: MichelFilho / Agência O Globo
O empresário Abílio Diniz, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, em São Paulo Foto: MichelFilho / Agência O Globo

SÃO PAULO — A batalha em que se transformou a relação entre o empresário brasileiro Abilio Diniz e o presidente do grupo francês Casino, Jean Charles Naouri, chegou ao fim. Depois de alguns dias de negociação, Diniz e Naouri formalizaram nesta sexta-feira um novo acordo, em que o empresário brasileiro abdica de todas as condições que havia exigido no contrato assinado com os franceses em 2005. Assim, ele perde todos os direitos políticos e jurídicos que mantinha dentro do grupo Pão de Açúcar, fundado por seu pai e cujo controle passou às mãos do Casino em junho de 2012.

Diniz também optou por converter as suas ações ON (ordinárias, com direito a voto) da holding Wilkies, controladora do Pão de Açúcar, em papéis PN (preferências, sem direito a voto) da varejista brasileira. O empresário continua como acionista, mas sem os poderes que detinha mesmo depois de ter transferido o controle do grupo.

— O acordo foi muito simples: fizemos um swap das ações ordinárias que tinha na Wilkes, na relação um por um, por preferenciais e fico livre para vendê-las quando quiser. Mas não vou fazer isso, porque o GPA é um excelente investimento — disse Diniz.

A grande vitória do brasileiro nas negociações com os franceses, segundo pessoas próximas a ele, foi a anulação da cláusula contratual “non compete”, que o impedia de voltar ao mercado varejista caso saísse do Pão de Açúcar. Ou seja, ele está livre para, se quiser, voltar a atuar no setor. Perguntado se realmente voltaria ao mercado, desconversou: — Vou continuar fazendo o que vinha fazendo na presidência do Conselho de Aministração da BRF e tocando projetos de investimentos que tenho com a Tarpon.

Sobre o fim dos processos e da briga com Naouri, Diniz disse que “acabou tudo”.

— A palavra é liberdade para Jean Charles tocar sua vida e a do Pão de Açúcar como ele quiser e liberdade para mim — disse Diniz em tom de desabafo.

Desde que o Diniz tentou uma fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil em junho de 2011, suas relações com Naouri se deterioraram em disputas que se estenderam à convivência dentro do Conselho do grupo.

A situação ficou ainda pior depois que Diniz tornou-se presidente do Conselho de Administração da BRF, em junho. O acordo põe fim a uma disputa que poderia se estender por muitos anos mais, já que Diniz tinha o direito contratual de se desfazer de suas ações se quisesse e ao longo do tempo.