Economia

Tombini: inflação está resistente e BC acompanha necessidade de adoção de novas medidas

Presidente do BC garante que governo não tem tolerância com inflação e se preciso tomará medidas para controlá-la

BRASÍLIA - Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou que a inflação tem se mostrado resistente nos últimos meses, em função da elevação de preços de alimentos in natura e de serviços. Ele destacou que a autoridade monetária está acompanhando a evolução do cenário econômico “para trabalhar a necessidade de adoção de outras medidas de combate à inflação no período à frente”.

- A recuperação da atividade econômica tem se materializado de forma gradual e a perspectiva é de ritmo mais intenso - destacou.

Perguntado pelos senadores sobre a frase dita na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, de que ela não concordava com políticas de combate a inflação que causem redução do crescimento econômico, Tombini assegurou que não existe tolerância com a inflação. Ele destacou que o governo e o Banco Central estão unidos em manter a inflação sob controle e que, quando considerar necessário, o BC usará “o instrumento de política monetária para fazer com que essa convergência da inflação se materialize”.

- Em relação à declaração da presidenta, que na semana passada se pronunciou a respeito disso, não há tolerância em relação à inflação. Vamos acompanhar a evolução e definir os próximos passos - disse ele.

Tombini afirmou que, em 2012, a inflação fechou em 5,85% e ficou acima do centro da meta do governo, de 4,5%, devido ao choque dos preços dos alimentos e do repasse da valorização cambial ao longo do ano.

- O Banco Central tem compromisso com o centro da meta de inflação, de 4,5% - destacou o presidente do BC.

Ele destacou que, com relação à política monetária, o Banco Central fez um ajuste na comunicação – ao retirar da mais recente ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a informação de que a estabilidade de juros “por um período de tempo suficientemente prolongado” era a estratégia mais adequada –, o que teve reflexo na situação de financiamento do mercado.

- O que temos dito é que vamos acompanhar o cenário macroeconômico nesse período à frente para, então, nas nossas reuniões, decidir se e quando dar um passo adicional - disse Tombini, que ressaltou que o BC não está apenas, “analisando, olhando a paisagem”, mas sim atuando.

O presidente do BC observou que a alta no preço de alimentos tem impacto mais forte na chamada inflação dos pobres, medida pelo IPC-C.

- Nesse caso, a participação dos alimentos é maior - disse.

Ele observou que, sempre que os salários crescem acima da produtividade, tem um componente de custo que pode ou não ser repassado para a inflação, o que tem sido levantado nas análises do Banco Central. Tombini afirmou ainda que agentes que tentam repassar aumento de custos para o preço final (dos produtos) vão pensar duas vezes, na medida em que as condições financeiras e monetárias comecem a se ajustar.

- Tem havido uma série de esforços do governo e do Banco Central para reduzir a indexação - disse.

Câmbio é flexível mas BC pode garantir funcionamento do mercado

O presidente do BC reafirmou que o câmbio no Brasil é flexível, está livre para absorver choques, mas que o Banco Central estará sempre pronto para entrar no mercado e fazer com que ele funcione “em suas diversas dimensões, seja no mercado futuro, no à vista, seja nas linhas de financiamento ao comércio”.

- O Banco Central tem capacidade de entrar com garantias devidas para fazer com que esse mercado funcione de forma adequada - disse. - O Banco Central também entrará no mercado para evitar a volatilidade excessiva, quando o câmbio começa a andar por si só, sem relação com a realidade econômica - acrescentou.