Economia

TAM diz que tendência é repassar tarifas de conexão para os passageiros

Companhias aéreas propõem que a nova taxa seja destacada no bilhete

CIDADE DO CABO - O presidente da TAM S.A., holding do grupo TAM, Marco Antônio Bologna, afirmou nesta terça-feira que a tendência das companhias aéreas é repassar ao passageiro o custo das novas tarifas de conexão, cujas regras foram anunciadas ontem pela Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac). Bologna, que participa da 69ª Conferência Internacional da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), na Cidade do Cabo, na África do Sul, disse, no entanto, que o setor ainda discute com a agência a possibilidade de discriminar a cobrança no bilhete, a exemplo do que ocorre com a taxa de embarque. O objetivo e dar mais transparência ao passageiro.

— A gente concorda (que a taxa de conexão) viabiliza economicamente o aeroporto, mas o que a gente propôs foi destacar essa tarifa no bilhete, como é feito com a tarifa de embarque. Quando você compra a passagem você sabe qual o preço do bilhete e o preço da tarifa. No caso da tarifa de conexão, isso não vai ser perceptível pelo passageiro. Estamos com esse pleito junto ao governo. (A tarifa de conexão) é um custo da companhia aérea. Tem que tentar repassar, mas isso não vai ser percebido pelo passageiro — disse Bologna.

Pelas novas regras da Anac, as companhias aéreas terão que pagar aos aeroportos tarifas de conexão, limitadas a R$ 7 por passageiro, dependendo da categoria do aeroporto. A medida, que entra em vigor em 45 dias. Considerando que numero de passageiros fazendo conexões no Brasil, segundo fontes do mercado, é estimado em 30 milhões por ano, a cobrança de uma taxa de conexão de até R$ 7 por passageiro implicará em um custo para as aéreas de até R$ 210 milhões por ano.

Essa busca por transparência na relação com o consumidor será um dos focos de atuação da nova presidente da TAM Linhas Aéreas, Cláudia Sender, que assumiu o cargo no fim de maio. Até então, Bologna acumulava as presidências da holding e da aérea. Segundo o executivo, Cláudia foi escolhida para a função justamente por sua experiência na indústria de bens de consumo (ela foi vice-presidente de Marketing da fabricante de eletrodomésticos Whirlpool Latin America), em que o atendimento ao cliente é crucial.

Para Bologna, o Brasil vive um novo cenário na aviação civil, em que uma leva de novos consumidores foi integrada ao grupo de viajantes de avião. As viagens a lazer, que há dez anos respondiam por 20% do mercado, representam 30% hoje. E a tendência a longo prazo, diz, é que elas respondam por 50%, como é o mercado americano atualmente. Por isso, a TAM quer estreitar a relação com os passageiros em todos os canais e trabalhar melhor a informação para esse novo público.

— Os dois pilares do governo Dilma são o emprego e o consumidor. O governo nos pediu para tratar o passageiro não como usuário, mas como consumidor. É difícil dizer para o passageiro que o voo vai atrasar por problemas climáticos e que não há previsão para a decolagem. A pior coisa e a resposta "não sei" e temos que trabalhar melhor isso.

* A repórter viajou a convite da Iata