PORTO ALEGRE – O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou em Porto Alegre que o banco negocia um novo aporte de recursos por parte do Tesouro, “ainda neste segundo semestre”, para que a instituição consiga manter o nível de investimentos nas atividades produtivas do país. Segundo Coutinho, o funding está sendo negociado com as autoridades monetárias do governo.
— O BNDES não precisa de capital, estamos bem capitalizados. Sobre esse funding não vou me manifestar, porque estamos em tratativas (com o Tesouro). Mas espero que seja no segundo semestre, pois esperamos fechar bem o ano — disse.
No primeiro semestre do ano, o nível de participação do BNDES no volume de investimentos bateu recorde — um em cada cinco reais direcionado para atividades produtivas entre janeiro e junho no país saiu dos cofres do banco. O volume chegou a R$ 88,3 bilhões, com crescimento em relação ao mesmo período do ano passado de 65%.
Para Coutinho, que participou de uma reunião com empresários ligados à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), a volatilidade do dólar já dá sinais de que está encerrando seu ciclo, apesar do que classificou como “grande ansiedade” nos mercados com a recuperação da economia americana.
Coutinho alertou também que a tarefa do Banco Central é permitir que o “processo de digestão” do novo patamar do câmbio não contamine de forma sistemática o processo de formação de preços no país.
O dirigente disse que o movimento especulativo no câmbio atingiu todos os países emergentes, mas evitou fazer previsões sobre o novo patamar que a moeda norte-americana deve ter no mercado brasileiro.
— Há cinco anos, desde o ápice da crise global, o Federal Reserve adota uma extraordinária política ortodoxa de expansão da liquidez, especialmente com a compra de títulos privados do mercado imobiliário. Há sinais de desaceleração nas injeções de capital, o que indica que o impacto inicial (do câmbio) já está sendo absorvido. Não quero arriscar números porque seria uma coisa sem consistência. O que é importante é que o BC tem atuado para conter o excesso de volatilidade, que é prejudicial. A taxa de câmbio já está buscando esse novo patamar — disse.
Coutinho listou alguns fundamentos macroeconômicos do país, como o sistema empresarial ainda pouco endividado e a situação confortável das reservas, para argumentar que a crise não tem potencial para contaminar o cenário interno. Segundo ele, o novo ciclo de concessões públicas, que será desencadeado a partir de outubro, tem potencial para levar o Brasil a um novo ciclo de crescimento “com taxas de juros declinantes e câmbio competitivo”.