19/06/2013 12h41 - Atualizado em 19/06/2013 13h12

Apesar de IOF zero, US$ 1,5 bi deixou o Brasil na última semana, diz BC

Da saída total, US$ 1,1 bilhão foi registrada pela conta financeira.
Na parcial de junho, resultado 'virou' e ficou negativo em US$ 69 milhões.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A retirada de dólares no país superou o ingresso de moeda estrangeira em US$ 1,51 bilhão na última semana, de acordo com números divulgados nesta quarta-feira (19) pelo Banco Central.

Se confirmado o resultado negativo do fluxo em junho fechado, será a 1ª retirada líquida de recursos do país desde fevereiro - quando US$ 105 milhões saíram do Brasil

A saída de divisas da economia brasileira aconteceu apesar de o governo ter zerado o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de investidores estrangeiros em renda fixa no Brasil e, também, em derivativos (aplicações em dólar no mercado futuro) nas últimas semanas, buscando justamente atrair recursos para o Brasil e, com isso, diminuir as pressões de alta do dólar.

Os números do BC mostram que a maior parte dos dólares (-US$ 1,11 bilhão) saiu na semana passada por meio da chamada "conta financeira" - que contabiliza investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros. Pela conta comercial, que registra as operações da balança comercial brasileira, foram retirados outros US$ 405 milhões na última semana.

Parcial de junho e de 2013
Com a retirada de dólares registrada na semana passada, o movimento parcial de junho, que estava positivo até o dia 7 deste mês, "virou" e passou a ficar negativo em US$ 69 milhões no acumulado deste mês, até o dia 14, ainda de acordo com dados do BC.

Se confirmado o resultado negativo do fluxo cambial em junho fechado, será a primeira retirada líquida de recursos do país desde fevereiro deste ano - quando US$ 105 milhões saíram do Brasil.

No acumulado de 2013, até a última sexta-feira (14), foi contabilizado o ingresso de US$ 12,1 bilhões na economia brasileira, informou o Banco Central, o que representa queda frente à entrada de US$ 23,14 bilhões contabilizada em igual período de 2012. Em todo ano passado, porém, o ingresso foi de US$ 16,75 bilhões no Brasil.

Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país registrada no início de junho, segundo analistas, favoreceria a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar maior. No fim de maio, o dólar estava sendo cotado em R$ 2,14. Nesta quarta-feira (19), por volta das 12h40, a moeda estava sendo negociada em R$ 2,17.

A moeda opera com pequena variação em relação ao real nesta quarta, com investidores cautelosos antes do resultado da reunião do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que pode trazer sinalizações sobre o futuro do estímulo monetário no país.

Economistas avaliam que, além da escassez de recursos direcionados para a economia brasileira, também consequência da retirada de estímulos nos Estados Unidos, a alta do dólar no Brasil também está relacionada com as expectativas negativas para o país - que tem se ressentido de um baixo crescimento do PIB e de uma inflação em alta.

Analistas também reclamam que a equipe econômica tem falhado em fornecer indicações mais claras sobre a política fiscal (meta de superávit primário alvejada) e sobre a política monetária (inflação de fato buscada pelo Banco Central). A Standard & Poors, agência de classificação de risco, colocou, na semana retrasada, em perspectiva negativa a nota da economia brasileira.

Impactos do dólar mais alto
O dólar alto aumenta a competividade das vendas externas brasileiras, tornando-as mais baratas, e também encarece as importações.

Ao mesmo tempo, porém, também pode impulsionar a inflação, uma vez que torna a compra de produtos importados do exterior, assim como insumos, mais caros, e esses preços mais altos são repassados para o mercado interno.

Dólar alto também encarece as viagens de brasileiros ao exterior, e aumenta as despesas de empresas que têm dívida em moeda estrangeira.

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