Economia

Dólar fecha em alta de 0,94%, a R$ 2,370, em dia de PIB americano acima do esperado

Ibovespa fecha em alta de 0,11%, aos 49.921 pontos

RIO - No embalo do crescimento da economia americana no segundo trimestre, o dólar comercial fechou o pregão desta quinta-feira em alta de 0,94%, cotado a R$ 2,368 na compra e R$ 2,370 na venda. Na máxima, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 2,383, quando subia 1,49%. O Banco Central (BC) realizou pela manhã, entre 9h30m e 9h40m, um leilão de contratos de swap cambial, dentro de seu programa de “ração diária” ao mercado. Foram colocados 10 mil contratos, num total de US$ 398,2 milhões, operação equivalente a uma venda de moeda no mercado futuro.

Também nesta quinta-feira, o BC ofertou US$ 1 bilhão em leilões de linha — venda de moeda com compromisso de recompra futura — ao mercado, entre 15h e 15h20. O BC recusou, no entanto, as propostas do mercado. Segundo o BC, a operação refere-se à rolagem de contratos que vencem em 2 de setembro e não muda o plano de um leilão nesta sexta-feira, previsto pelo programa de US$ 60 bilhões anunciado na semana passada.

Segundo Jorge Knauer, gestora de renda fixa da Appia Capital, a cotação do dólar também foi influenciada no pregão pela movimentação antecipada do mercado para a formação da taxa Ptax, usada para liquidar as operações de câmbio no mercado futuro, o que ocorre amanhã ao meio-dia.

— Além disso, quando o BC recusou as propostas dos bancos no leilão de linha, provavelmente porque as ofertas eram por um câmbio muito mais barato, os agentes podem ter ido buscar esses dólares em outros mercados, pressionando ainda mais o câmbio — avalia Knauer.

Segundo Felipe Pellegrini, do banco Confidence, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) dos EUA renovou as expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode começar a retirada de seu programa de recompra de títulos a partir de setembro. Isso influenciou a cotação das moedas nesta quinta-feira pelo mundo.

O PIB dos EUA cresceu 2,5% pela taxa anual, informou o Departamento do Comércio americano nesta quinta-feira. Economistas consultados pela agência Reuters esperavam um crescimento de 2,2%. O número ficou acima da estimativa anterior do Departamento de Comércio, de 1,7%. A taxa de crescimento do trimestre foi mais que o dobro do ritmo registrado nos três meses anteriores.

— Isso deixa o mercado mais atento para a retirada dos estímulos, já que o desempenho da economia americana vai ser um dos fatores decisivos, como o emprego, para o Fed tomar sua decisão. O dólar ganha terreno hoje também em comparação a moeda de outros países — diz Pellegrini.

O real se desvalorizou 0,93% frente ao dólar nesta quinta-feira. Foi a maior desvalorização entre as moedas de países emergentes. Mas outras moedas também se desvalorizaram, como a coroa sueca (1,18%), franco suíço (0,93%), euro (0,72%) e rand sul-africano (0,44%).

Foco nos dados de Europa e EUA

No mercado de ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) terminou o pregão em alta segue em alta, após três dias de perdas, com os mercados internacionais recuperando uma parcela das perdas dos últimos dias, quando foram afetados pelo risco de uma intervenção norte-americana na Síria. O Ibovespa, seu principal índice, subiu 0,11%, aos 49.921 pontos, após chegar a superar a marca de 50 mil pontos durante o pregão.

Outro indicador relevante da economia americana divulgado nesta quinta-feira, os pedidos de auxílio desemprego caíram em 6 mil na semana passada, para 331 mil em dados ajustados sazonalmente, informou o Departamento do Trabalho. Os pedidos da semana anterior foram revisados para mostrar mil a mais do que reportado inicialmente.

Os indicadores melhores do que o esperado não impediram um pregão de ganhos em Wall Street. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em alta de 0,13%. O Nasdaq, termômetro do setor de tecnologia, avança 0,42%. O S&P 500 registra uma leve valorização de 0,27%.

Segundo Manish Singh, chefe de investimentos da Crossbridge Capital, em Londres, os investidores de ações começam a voltar a focar nos dados econômicos, principalmente dos EUA e da Europa.

— O mercado começou a acreditar que o conflito da Síria impõe um risco de apenas curto prazo no mercado — avaliou, em entrevista para a Bloomberg News.

Com a possível intervenção da Síria passando ao segundo plano, pelo menos temporariamente, os preços das principais commodities recuam nesta quinta-feira nos mercados internacionais. O barril de petróleo do tipo brent recua 0,57%, para US$ 115,94. O ouro cai 0,92%, para US$ 1.404,60 a onça.

Nos mercados europeus, os principais índice de ações fecharam em alta. O FTSE 100, de Londres, avançou 0,92%. O CAC 40, de Paris, teve ganhos de 0,65%. O DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em alta de 0,45%. Mais cedo, os mercados asiáticos fecharam em alta em Tóquio (0,91%) e Hong Kong (0,84%).