19/06/2013 18h15 - Atualizado em 19/06/2013 21h47

Reajuste da tarifa é revogado em trens, Metrô e ônibus em SP

Decisão foi anunciada nesta quarta-feira (19) no Palácio dos Bandeirantes.
Autoridades sofriam pressão popular por reajuste das tarifas.

Do G1 São Paulo

O reajuste da tarifa do transporte público foi revogado em São Paulo. A redução começa a valer a partir de segunda-feira (24). As passagens de trens, Metrô e ônibus voltam a custar R$ 3.

A decisão foi anunciada após reunião entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) no Palácio dos Bandeirantes na tarde desta quarta-feira (19).

Os responsáveis pela administração do estado e do município sofriam pressão de movimentos populares contra a alta das tarifas. Governador e prefeito fizeram o anúncio da decisão em conjunto.

Em seu pronunciamento, Alckmin reforçou ter compromisso com a melhoria do transporte público e com a "tranquilidade da cidade". Entretanto, afirmou que investimentos no estado ficarão comprometidos. "Um sacrifício grande, nós vamos ter que cortar investimentos porque as empresas não suportam, não têm como arcar com essa diferença", disse o governador.

Por sua vez, Haddad também reafirmou que a redução vai trazer consequências para a cidade, o que vai exigir que o Orçamento municipal seja repensado.

No pronunciamento, tanto Alckmin quanto Haddad não detalharam quais cortes serão feitos para bancar o maior subsídios público nas passagens. Segundo o governo do estado, a estimativa é que sejam necessários R$ 210 milhões por ano para bancar a  redução na CPTM e no Metrô. A Prefeitura avalia que a redução vai custar mais R$ 1,2 bilhão por ano, sendo que antes da redução já era de R$ 1,4 bilhão. Haddad chegou a afirmar que a estimativa para 2016 é que o subsídio chegará a R$ 2,7 bilhões em 2016.

"O investimento acaba sendo comprometido. Esse debate vai ser feito agora com a sociedade, as implicações dessa medida", disse Haddad em pronunciamento. O prefeito classificou a medida como um "gesto de aproximação" e de abertura. "Estaremos em diálogo permanente com a população de São Paulo, nas subprefeituras, para que o Orçamento da cidade seja repensado à luz dessa nova realidade", disse Haddad.

Além de Alckmin e Haddad, participaram da reunião o secretário do governo municipal, Antonio Donato Madormo,  o secretário estadual de Transporte Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e o secretário chefe da Casa Civil do governo estadual, Edson Aparecido.

Manifestantes fecham a Av. Paulista em SP (Foto: JF Diorio/Estadão Conteúdo)Manifestantes fecharam a Avenida Paulista nesta
terça-feira (Foto: JF Diorio/Estadão Conteúdo)

Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff esteve na capital paulista e se encontrou com Haddad. Não foram divulgados detalhes do encontro.

Na mesma noite, as ruas de São Paulo foram tomadas por 50 mil manifestantes no sexto protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL). A maioria realizou atos pacíficos, mas houve tentativa de invasão na sede da Prefeitura, vandalismo e saques no Centro. Sessenta e nove pessoas foram presas, 95 depredados, sete bandeiras foram rasgadas e aproxidamente 30 estabelecimentos comerciais foram saqueados ou vandalizados.

Expectativa
Nesta manhã de quarta, Haddad disse em entrevista ao SPTV que daria uma resposta até sexta-feira (21) sobre a possibilidade de redução na tarifa de ônibus.

Na ocasião, o prefeito disse que existiam apenas duas alternativas para revogar o aumento da tarifa de ônibus: cortar gastos de outras áreas ou avançar na política de desoneração. “Nós estamos colocando R$ 600 milhões a mais na conta do subsídio para manter a tarifa nesse patamar. Qualquer mudança disso significará prejuízo para outras áreas do governo. Nós trabalhamos no sentido de aprovar a política de desoneração”, afirmou.

Pela manhã, o governador Geraldo Alckmin não comentou as reivindicações, mas falou sobre saques e atos de vandalismo registrados no sexto dia de protestos. Ele afirmou que a Polícia Militar deverá agir com rigor para proteger o patrimônio público e privado durante as manifestações.

Ele reiterou, no entanto, o apoio às manifestações pacíficas. “Eu queria dizer todo nosso apoio para manifestação. Manifestação legítima, uma manifestação pacífica, uma manifestação ordeira. De outro lado, não é possível tolerar a ação de vândalos, de uma minoria que depreda patrimônio público e privado, que fez saques, que põe em risco a vida da população”, disse o governador.

Movimento critica estratégias
O Movimento Passe Livre declarou, em nota divulgada nesta quarta, que o poder público de São Paulo tem escolhido duas estratégias para enfrentar os recentes protestos que pedem a revogação do aumento das tarifas do transporte público na cidade: o governo do estado "se cala" e a Prefeitura, "tenta de toda forma iludir o povo".

A nota foi divulgada durante mais um dia de protestos contra o aumento da tarifa do transporte público de R$ 3 para R$ 3,20. Vias da capital paulista foram bloqueadas pela manhã por grupos que dão apoio ao MPL. Na terça-feira (18), durante o 6º protesto sobre a redução das tarifas, houve atos de vandalismo contra a sede da Prefeitura e outros prédios públicos. Na Avenida Paulista e na Praça da Sé, a manifestação foi pacífica.

Os organizadores das manifestações dizem que o governo estadual se nega a dialogar. "O governo do Estado se cala e desaparece do debate público, se negando a dialogar e criando uma ideia que essa é uma questão única de segurança pública, colocando sempre o comando da PM à frente de todas as situações", diz o documento.

Em relação à Prefeitura, o movimento critica as declarações sobre as mudanças no Orçamento, caso seja reduzida a tarifa. "Já a Prefeitura tenta de toda forma iludir o povo nas ruas, criando a falsa ideia de que, para revogar o aumento, a Prefeitura terá que retirar dinheiro da educação, saúde e outras áreas sociais", afirma a nota.

Segundo o MPL, o discurso da Prefeitura é falso e justifica que as verbas para setores como educação e saúde estão vinculadas e não podem ser transferidas. Também segundo a nota, o governador Geraldo Alckmin deixou claro que prefere mandar a Polícia Militar para tratar de uma demanda da população, o que comprova que São Paulo "não lida bem com manifestações".

 

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