Economia

Dólar cai 0,60% a R$ 2,28, mas sobe 1,42% na semana

Para analistas, dólar já atingiu novo patamar de R$ 2,30

SÃO PAULO - Com dados mais fracos do mercado de trabalho americano e mais uma atuação do Banco Central para segurar a valorização do dólar frente ao real, a moeda americana encerrou o dia em queda de 0,60% negociada a R$ 2,286 na compra e R$ 2,288 na venda. O dólar oscilou entre a máxima de R$ 2,314 e a mínima de R$ 2,278. A queda do dólar frente ao real acompanhou o movimento de desvalorização da moeda americana também no exterior.

Na semana, entretanto, a moeda americana encerrou com alta de 1,42%. Na Bolsa de Valores, o Ibovespa acentuou as perdas na reta final do pregão e devolveu o ganho do primeiro pregão de agosto. O índice perdeu 1,36% e encerrou aos 48.474 pontos, com volume negociado de R$ 5,7 bilhões, abaixo da média diária de R$ 8 bilhões. Na semana, o Ibovespa teve perda de 1,92%, encerrando três semanas consecutivas de ganhos.

— Os números do mercado de trabalho nos EUA vieram com divergências. A criação de novas vagas ficou abaixo do esperado, enquanto o desemprego caiu. Mas com esses dados, o mercado manteve a perspectiva de que os estímulos à economia não devem ser reduzidos em breve. Os juros dos títulos do Tesouro americano caíram de forma expressiva — avalia Luís Gustavo Pereira, da corretora Futura.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários apresentaram volatilidade durante o dia, mas acabaram encerrando com valorização. O S&P 500 ganhou 0,16%, o Dow Jones avançou 0,19% e o Nasdaq se valorizou 0,38%.

A maior economia do planeta criou 162 mil empregos em julho, menos do que o previsto por alguns analistas, que acreditavam na criação de 180 mil vagas no período. Mas a taxa de desemprego caiu de 7,6% para 7,4% no mês passado, a menor em quatro anos e meio. O presidente do banco central americano, Ben Bernake, vem sinalizando que o programa de estímulo à economia pode começar a ser reduzido quando o desemprego ficar entre 6,5% e 7%.

Além da queda do desemprego, foi divulgado que a renda dos americanos cresceu 0,3% em junho, enquanto os gastos pessoais cresceram 0,5%, segundo dados do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Já as encomendas às fábricas cresceram 1,5% em junho, o maior nível desde 1992.

De acordo com Alan Krueger, presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, o relatório de desemprego dos Estados Unidos confirma que a economia continua se recuperando da crise de 2008, embora muito precise ser feito.

"É importante que continuemos buscando políticas para acelerar a criação de empregos e expandir a classe média", comentou, ressaltando que a taxa de desemprego caiu para o menor nível (7,4%) desde dezembro de 2008.

Banco Central vendeu US$ 1,7 bilhão no mercado futuro

No mercado de câmbio, o Banco Central atuou mais uma vez após o dólar se valorizar frente ao real, no início da manhã, descolado do comportamento da moeda americana no mercado internacional. Com os números mais fracos da criação de emprego nos EUA, o dólar perdeu valor frente a outras divisas.

O BC informou que vendeu 35,1 mil contratos de swap cambial tradicional na intervenção de hoje, o equivalente a US$ 1,7 bilhão. Na quarta, o BC fez três operações desse tipo, que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro, e ofertou US$ 2,2 bilhões em contratos, mas o dólar terminou a sessão em alta de R$ 2,28. Ontem, a moeda americana terminou o dia pela primeira vez desde 2009 acima de R$ 2,30, e o BC não interveio.

Desde o dia 31 de maio até agora, o BC já injetou US$ 39,7 bilhões de dólares no mercado futuro através de leilões de swap cambial tradicional, segundo levantamento do consultor de pesquisas econômicas do Banco Tokyo-Mitsubishi, Mauricio Nakahodo. Nesse valor, estão incluídas rolagens de papéis que venceriam neste período e novos contratos oferecidos ao mercado. O objetivo é evitar que a cotação da moeda americana fuja ao controle. Mas, para os especialistas, o dólar já se fixou num novo patamar: R$ 2,30.

Para o sócio-diretor da corretora de câmbio NGO, Sindei Nehme, o dólar consolidou sem novo patamar - R$ 2,30 - desde quarta-feira, quando na máxima do dia atingiu esse nível e depois recuou um pouco. Ontem, entretanto, a moeda americana fechou a R$ 2,30 e na máxima desta sexta bateu em R$ 2,314.

- A ação do Banco Central, com mais uma intervenção hoje, tem como objetivo evitar que a divisa vá além desse nível (R$2,30), o que traria mais pressão sobre a inflação - diz Nehme, em análise divulgada nesta sexta.

Para o consultor de pesquisas econômicas do Banco Tokyo-Mitsubishi, Mauricio Nakahodo, sem a intervenção do BC e os dados mais fracos de criação de novas vagas de emprego nos EUA, certamente o dólar estaria mais próximo de R$ 2,30 nesta sexta. Na estimativa do banco Tokyo-Mitsubishi,, a previsão para o dólar, em dezembro deste ano, ainda se mantém a R$ 2,25. Mas Nakahodo avalia que ainda há muita incerteza.

- A cotação do dólar vai depender de quando o Federal Reserve começar a reduzir os estímulos à economia. Na minha avaliação, isso pode começar mais para o fim do ano, especificamente em dezembro, quando Ben Bernanke, presidente do Fed, deixar a presidência do banco central americano - diz o consultor.

Bovespa: blue chips terminam com desvalorização

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA caiu 0,56% a R$ 28,45; Petrobras PN caiu 0,76% a R$ 16,81; OGX Petróleo perdeu 11,984% a R$ 0,59; Itaú Unibanco PN recuou 0,56% a R$ 29,93 e Bradesco PN teve baixa de 0,84% a R$ 28,21.

As maiores altas do pregão foram apresentadas pelos papéis de teles. Tim Part ON subiu 1,95% a R$ 8,88, seguidas pelos papéis PN da OI, com alta de 1,69% a R$ 4,22 e OI ON com valorização de 1,56% a R$ 4,56.

As maiores quedas foram das ações do Grupo EBX. OGX Petróleo teve a maior queda, seguida pelos papéis ON da LLX logística com perda de 8,33% a R$ 0,88 e MMX Mineração ON, com baixa de 6,75% a R$ 1,52. Os papéis ON da Sabesp tiveram perda de 6,75% a R$ 21,84.

A indefinição da uma data para decidir o reajuste de tarifas da Sabesp afeta os papéis da empresa. Em 16 de julho, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) suspendeu duas etapas do processo de revisão tarifária, incluindo a audiência pública sobre o tema, pois apenas dois dos cinco membros da diretoria estavam aptos a votar e o quórum mínimo é de três membros.

As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) recuaram, após dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA e o recuo do dólar. O contrato de janeiro de 2014 ficou estável a 8,91%. O papel com vencimento em janeiro de 2015 recuou de 9,84% para 9,72% e o contrato que vence em janeiro de 2017 teve taxa de 10,85% frente aos 11,09% de ontem.

Europa: Bolsas perdem força após dados de emprego nos EUA

Na Europa, as principais Bolsas fecharam sem sentido único depois da divulgação dos números divergentes do mercado de trabalho nos EUA. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, se desvaloriza 0,05%, o índice Cac, de Paris, subiu 0,07% e o FTSE, da Bolsa de Londres, perdeu 0,51%..