01/10/2013 13h09 - Atualizado em 02/10/2013 14h06

Analfabeto pobre vive mais e 'pesa' na estatística, diz presidente do Ipea

Para Marcelo Neri, do Ipea, preocupação com analfabetismo é 'exagerada'.
'Brasil tem melhorado a educação desde o nível básico', avaliou ministro.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, disse nesta terça-feira (1) que a preocupação com a interrupção na queda do analfabetismo no Brasil, detectada no ano passado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), é "exagerada".

Antigamente, o analfabeto pobre morria mais cedo. Agora, vive mais. Fica ali pesando na estatística da taxa de analfabetismo"

"Embora esta preocupação com o analfabetismo seja meritória, talvez seja exagerada. Houve um salto dos anos de estudo maior do que qualquer ano da série, com exceção de 2006. A queda do analfabetismo, no ano que passou, deu um salto [de melhora] de 2009 a 2011 e na série passada [em 2012] ficou parada. Mas os anos de estudo, que tinham avançado pouco [nos anos anteriores] e desigualdade de anos de estudo, agora foram para cima", declarou Neri a jornalistas, acrescentando que o Brasil tem melhora, em sua visão, a educação básica.

A taxa de analfabetismo no Brasil parou de cair, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada na última sexta-feira (27). Em 2012, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 8,7%, o que correspondeu ao contingente de 13,2 milhões de analfabetos. Em 2011, essa taxa foi de 8,6% e o contingente foi de 12,9 milhões de pessoas.

De acordo com Marcelo Neri, a interrupção da queda do analfabetismo, em 2012, pode estar relacionada com a maior expectativa de vida da população brasileira.

"É difícil educar as pessoas mais velhas. É um desafio importante. O Brasil tem o 'Brasil Alfabetizado'. Desde o tempo do mobral, é uma coisa difícil. É mais difícil quando a população pobre, analfabeta, começa a viver mais, o que é uma excelente notícia. Os pobres estão tendo um salto de anos de vida, de expectativa de vida. Antigamente, o analfabeto pobre morria mais cedo. Agora, vive mais. Fica ali pesando na estatística da taxa de analfabetismo", afirmou ele.

(Ao ser publicada, esta reportagem reproduziu a fala do ministro sem o trecho “o que é uma excelente notícia”. O texto foi alterado no dia 2/10 às 14h06)

 

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