01/10/2013 13h50 - Atualizado em 03/10/2013 15h22

Veja a trajetória do grupo de Eike Batista

Desconfiança do mercado sobre grupo EBX começou há cerca de um ano.
Eike chegou a ser 8º mais rico do mundo e hoje enfrenta sua pior crise.

Do G1, em São Paulo

O empresário Eike Batista na coletiva de imprensa do Rock in Rio (Foto: AFP)O empresário Eike Batista, em imagem de arquivo
(Foto: AFP)

O empresário Eike Batista vem passando por uma grande crise de credibilidade diante dos prejuízos registrados por suas companhias e das decisões tomadas por suas empresas, que têm levado suas ações a cotações muito baixas.

Nesta terça-feira (1º), a petroleira OGX comunicou ao mercado que não vai pagar a seus credores cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas emitidas pela empresa no exterior que vencem nessa mesma data.

No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a OGX informa que "a companhia possui 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida" de mais de US$ 1 bilhão.

O empresário, que chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo em março de 2012 - quando teve seu patrimônio avaliado em US$ 34,5 bilhões, viu a fortuna do seu grupo encolher cerca de US$ 30 bilhões, segundo dados de julho, após uma série de atrasos e falhas nas empresas do seu grupo.

A fortuna do empresário Eike Batista, que já chegou a ser avaliada em US$ 34,5 bilhões no ano passado, caiu agora para US$ 2,9 bilhões, segundo o ranking de bilionários da Bloomberg de julho. De acordo com a agência, no fechamento dos mercados do dia 2 de julho, o patrimônio de Eike estava avaliado em US$ 4,1 bilhões.

O grupo EBX tem atuação no Brasil, na Colômbia e no Chile e tinha em sua formação seis companhias: OGX (petróleo), MPX (energia), LLX (logística), MMX (mineração), OSX (indústria naval offshore) e CCX (mineração de carvão). A expectativa do empresário era de que, nos próximos dez anos, o grupo investiria US$ 50 bilhões na operação e construção de seus empreendimentos.

A primeira grande mudança na trajetória do grupo foi a renúncia de Eike em julho ao conselho de administração da empresa de energia MPX, que teve alterados seu comando e seu nome, para Eneva.

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Trajetória das empresas de Eike

 2000

Deu início às operações da EBX, a "holding" que congrega várias empresas

Entre 2004 e 2008

Criou, estruturou e abriu o capital das empresas MMX, MPX , OGX e LLX, levantando recursos recordes de US$ 7,1 bilhões junto a investidores brasileiros e estrangeiros

Março de 2008

Eike Batista compra Hotel Glória por R$ 80 milhões

Março de 2010

OSX, outra empresa do grupo, estreou na Bovespa, com baixa de 7,5%. No ano, empresa teve R$ 24,7 milhões de prejuízo

Dezembro de 2011

Empresa de esportes de Eike anuncia que quer investir R$ 500 milhões em 4 anos

Dezembro de 2011

Empresas de Eike Batista 'encolhem' R$ 11,7 bi em 2011, segundo consultoria

Maio de 2012

CCX, outra empresa de Eike, estreou com queda de 3% na Bovespa

Junho de 2012

OGX, de Eike Batista, cai mais de 25% e derruba Bovespa

Dezembro de 2012

Grupo de Eike Batista teve prejuízo de R$ 2,51 bilhões em 2012, diz Economatica

Maio de 2013

Grupo com Eike vence licitação e vai administrar o Maracanã por 35 anos. A vitótia tem sido alvo de questionamentos do MInistério Público, que viu ilegalidades no processo

Maio de 2013

OGX arremata 13 blocos exploratórios em leilão da ANP

13 de junho de 2013

Ação da petrolífera OGX, de Eike, cai para menos de R$ 1 pela 1ª vez

13 de junho de 2013

Eike diz que não tem intenção de vender mais ações da OGX em bolsa

13 de junho de 2013

Eike negocia parceria no projeto do Hotel Glória, na Zona Sul do Rio

1º de julho de 2013
 

Ação da OGX registra queda de mais de 95% desde o pico da sua cotação em 2010

1º de julho de 2013

OGX informou que os poços em operação no campo de Tubarão Azul não teriam sua produção aumentada e poderiam parar de produzir em 2014

2 de julho de 2013

Agência S&P rebaixa nota da OGX
para nível de risco de calote

3 de julho de 2013

Agência de classificação de risco Moody's rebaixa nota da OGX. O risco de calote é alto

4 de julho de 2013

Eike deixa conselho, e MPX aumenta capital privado em R$ 800 milhões

19 de julho de 2013

Em artigo, Eike diz que se arrepende de ter recorrido ao mercado de ações

23 de agosto de 2013

OSX anuncia troca na presidência

27 de agosto de 2013

Eike anuncia que injetará até US$ 50 milhões na OSX com venda de ações

27 de agosto de 2013

OGX desiste de 9 blocos adquiridos na 11ª rodada da ANP em maio

29 de agosto

Eike se desfaz de 1,54% do capital da OGX e pretende vender mais

29 de agosto

Eike vende 5,38% do capital da OSX

4 de setembro de 2013

Eike vende mais ações da OGX e reduz sua participação na companhia

11 de setembro

MPX muda o nome para Eneva

1º de outubro de 2013

OGX deixa de pagar cerca de US$ 45 milhões em juros para credores

Início da derrocada

Junho de 2012
A turbulência nos negócios de Eike Batista, de 56 anos, se agravou há cerca de um ano. No dia 26 de junho de 2012, as ações da OGX – que chegou a representar três quartos do grupo em valor de mercado, em 2011 - fecharam com queda de 26,04%.

Na noite da véspera, a OGX havia divulgado que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na bacia de Campos era de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia - apenas um terço do que o mercado esperava.

Na época, o empresário afirmou que a empresa estava trabalhando para elevar a produtividade dos poços na Bacia de Campos e garantiu que a OGX era uma empresa sólida, com caixa e viável.

"A OGX é uma empresa muito viável", disse Eike. "Já descobrimos muito petróleo e realizamos uma campanha muito bem sucedida nos últimos três anos", acrescentou, destacando que a empresa possui US$ 9 bilhões em caixa. "Vamos produzir muito petróleo", afirmou na ocasião. A promessa não foi cumprida.

 As sucessivas frustrações com o nível de produção da OGX e a queima de caixa pela petroleira têm motivado forte queda das ações da empresa, contagiando os papéis de outras companhias de Eike listadas na Bovespa.

Dezembro de 2012
No final do ano passado, o empresário caiu para o posto de 3º bilionário mais rico do Brasil no ranking da Bloomberg, após "perder" US$ 6,8 bilhões de sua fortuna em um só dia, segundo cálculos da Bloomberg.

Em 2012, Eike foi o bilionário que mais perdeu dinheiro, segundo o a ranking da agência de notícias Bloomberg. Com um recuo de US$ 10,1 bilhões na sua fortuna, o brasileiro foi, de acordo com a Bloomberg, o "maior perdedor do ano" em dólares. No ranking da revista americana Forbes, o empresário passou de 7º para 100º lugar no mesmo ano. Hoje, ele nem aparece mais na lista dos 200 mais ricos do mundo.

Julho de 2013
Em 1º de julho de 2013, as ações da petroleira atingiram novas mínimas, acumulando uma queda de mais de 95% desde a cotação máxima registrada pelos papéis da companhia, em outubro de 2010, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Três dias depois, a OGX informou que os poços atualmente em operação no campo de Tubarão Azul não teriam sua produção aumentada e poderiam parar de produzir ao longo de 2014. "A companhia concluiu que não existe, no momento, tecnologia capaz de tornar economicamente viável o desenvolvimento dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia.

Após o anúncio, as principais agências de classificação de risco passaram a rebaixar a nota de crédito da petrolífera de Eike Batista. A Moody's rebaixou o rating da OGX de B2 para CAA2 com perspectiva negativa. Essa nota indica alto risco de calote, segundo a escala.

A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota de crédito da petroleira em dois degraus, de 'B-' para 'CCC' – nível considerado como um grau de alto risco de inadimplência segundo a escala.

 O desempenho da OGX, aquém do esperado, acabou afetando as outras empresas do grupo EBX, que são, de certa forma, interdependentes. A OSX, por exemplo, forneceria os navios para transportar o petróleo explorado pela OGX. Com isso, diante dos problemas da OGX, a LLX – empresa de logística responsável pela construção do Porto de Açú, no estado do Rio de Janeiro - também sentiria os reflexos dos resultados negativos, porque seu objetivo principal seria o de atender os petroleiros da OSX.

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Trajetória do empresário Eike Batista

Março de 2010

Aparece como o 8º mais rico do mundo no ranking da revista Forbes, com patrimônio líquido estimado em US$ 27 bilhões

Março de 2011

O brasileiro mais bem cotado no ranking da Forbes é Eike Batista, que aparece de  novo em 8º lugar, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões

Março de 2012

Eike Batista é o 10º mais rico do mundo, aponta ranking da Bloomberg. A fortuna do brasileiro fora estimada em US$ 29,8 bilhões

Dezembro de 2012

O empresário caiu para o posto de 3º bilionário mais rico do Brasil no ranking da Bloomberg, após "perder" US$ 6,8 bilhões de sua fortuna em um só dia

Dezembro de 2012

Em 2012, Eike foi o bilionário que mais perdeu dinheiro, segundo o a ranking da agência de notícias Bloomberg

 

Maio de 2013

Eike Batista deixa a lista dos 100 maiores bilionários da Bloomberg

Junho de 2013

Eike Batista sai da lista dos 200 mais ricos do mundo, diz Bloomberg

4 de julho de 2013

Sua fortuna, que já chegou a ser avaliada em US$ 34,5 bilhões no em 2012, caiu para US$ 2,9 bilhões, segundo a Bloomberg

25 de julho de 2013

Eike deixa de ser bilionário, segundo a Bloomberg, e sua fortuna é avaliada em US$ 200 milhões

2 de setembro de 2013

Forbes também diz que Eike Batista deixou de ser bilionário

No dia 4 de julho de 2013, Eike Batista renunciou ao conselho de administração da MPX – empresa de energia com negócios complementares em geração elétrica e exploração e produção de gás natural na América do Sul.

A empresa anunciou um aumento de capital privado de R$ 800 milhões para reforçar o caixa da companhia em meio a turbulências enfrentadas no mercado. 

De acordo com a MPX, na operação, a empresa alemã E.ON - que detém 24,5% do capital da MPX e compartilha o controle da geradora térmica com o empresário - investirá até R$ 366 milhões, e o banco BTG Pactual, seu assessor financeiro, se comprometeu a dar o restante.

Esse aumento de capital vai substituir a oferta pública de ações inicialmente prevista. A decisão foi tomada, de acordo com a empresa, diante da "deterioração das condições de mercado nas últimas semanas".

"A capitalização contribuirá para fortalecer a estrutura de capital da companhia, sustentando o desenvolvimento de seu plano de negócios", diz o comunicado.

O grupo EBX deve para vários bancos. Entre os credores, está o BNDES. O banco público informou nesta quarta-feira (3) que o total contratado passa de R$ 10 bilhões, mas que ainda não liberou tudo. O BNDES afirma que, nos contratos, o grupo EBX ofereceu garantias.

"Cada um dos contratos assinados possui estrutura de garantias específica, incluindo fianças bancárias. Nesse sentido, o Banco informa que sua exposição direta atual ao grupo EBX é de uma parcela muito pequena do Patrimônio Líquido de Referência do BNDES", afirma a nota do BNDES.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quarta-feira (3) que o governo federal não estuda ajuda às empresas do grupo EBX, do empresário Eike Batista. Questionado por jornalistas se o governo estudava algum auxílio ao grupo, o ministro respondeu: “não.”

Repercussão
No dia 24 de junho deste ano, o jornal norte-americano “New York Times” publicou texto afirmando que os bilhões de dólares do empresário Eike Batista “estavam evaporando”, seguindo a piora no ambiente econômico brasileiro e a queda no valor mundial das commodities.

“Hoje, com a reversão do mercado acionário brasileiro e a desvalorização da moeda enquanto protestos tomam conta do país, os bilhões de Batista estão evaporando”, afirma a publicação. “De um pico de US$ 34,5 bilhões em março de 2012, sua fortuna caiu para estimados US$ 4,8 bilhões, segundo o ranking de bilionários da Bloomberg”. Leia a íntegra.

Em setembro, o empresário disse que fora enganado por executivos do setor de petróleo, que investidores saíram de seu negócio precocente e culpou até seu mapa astral por seu colapso financeiro, de acordo com entrevista publicada nesta segunda-feira (16) no site do jornal americano "The Wall Street Journal". Leia a íntegra.
 

 

 

 

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