Economia

Brasil cria sua primeira turbina eólica para uso em residências

Equipamento pode ser instalado em telhados e aproveita ventos fracos e irregulares, comuns a áreas urbanas

Turbina em telhado de prédio no Rio de Janeiro: consumidores poderão gerar sua própria energia e transferir o excedente não consumido para a rede pública
Foto: Divulgação
Turbina em telhado de prédio no Rio de Janeiro: consumidores poderão gerar sua própria energia e transferir o excedente não consumido para a rede pública Foto: Divulgação

RIO - Já imaginou gerar sua própria energia elétrica com a energia dos ventos e em plena cidade? Pois essa possibilidade agora é real. Uma nova tecnologia desenvolvida por uma empresa brasileira permitirá o uso da energia eólica em ambientes urbanos, por pequenos consumidores. A Enersud, empresa brasileira especializada em soluções energéticas a partir de fontes renováveis, desenvolveu, em parceria com a Coppe/UFRJ, a turbina eólica de eixo vertical, que será apresentada na 3ª Feira FAPERJ Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontece de 10 a 12 de outubro no Rio de Janeiro. Batizada de Razec 266, a nova tecnologia, segundo a empresa, permitirá o aproveitamento de ventos fracos e irregulares, característicos das grandes cidades.

É a primeira do gênero a ser produzida em escala comercial no Brasil. Segundo a empresa, que tem sede em Maricá, essa nova tecnologia vai ao encontro da demanda associada à microgeração de eletricidade, cuja regulamentação foi recentemente aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A nova regra permite que os consumidores possam gerar sua própria energia e transfiram o excedente não consumido para a rede pública. Neste caso, recebem descontos na conta de luz proporcionais ao volume energético transferido.

Enersud informou que foram investidos R$ 3 milhões no desenvolvimento da nova turbina vertical Razec 266, além de envolver a participação Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Ampla, concessionária de distribuição de energia elétrica que atende cerca de 2,5 milhões de clientes residenciais, comerciais e industriais em 66 municípios do Rio. O primeiro modelo desenvolvido, com tecnologia 100% nacional, tem potência entre 1 quilowatt ( kw) e 2 kw.

De acordo com a empresa, dependendo da velocidade do vento, a turbina é capaz de abastecer uma residência cujo consumo gira em torno de 300 kWh/mês, consumo médio de uma família de quatro pessoas, sem usar o ar-condicionado. O primeiro equipamento foi instalado, ano passado, na própria sede da empresa, em Maricá (RJ).

Outros protótipos foram instalados em Salvador e municípios do Norte Fluminense. Em comum, tais lugares tem ventos que oscilam de baixa a extrema intensidade, condições ideais para atestar a adequação da tecnologia às variações climáticas e dificuldades inerentes ao espaço urbano. O custo inicial estimado dessa turbina é de R$ 14 mil, mas a tendência é que o preço caia com tempo.

A companhia explicou que a vantagem das turbinas verticais é que sua manutenção é simples e pode ser instalada em qualquer lugar, tanto em terra firme como no telhado de uma casa, e são mais silenciosas que os modelos tradicionais.