30/08/2013 06h30 - Atualizado em 30/08/2013 21h30

Ribeirão Preto cresce, mas política pública é atrasada, diz economista

Cidade chega a 649,5 mil habitantes, aponta nova estimativa do IBGE.
Problemas no trânsito refletem falta de planejamento, afirma especialista.

Rodolfo TiengoDo G1 Ribeirão e Franca

População em Ribeirão Preto cresceu 7,4%, de acordo com dados do IBGE (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV)População em Ribeirão Preto cresceu 7,4%, de acordo com dados do IBGE (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV)

Uma cidade que atrai investimentos e oportunidades de negócios, com crescimento populacional acima da média nacional, mas estruturada por políticas públicas atrasadas. Ribeirão Preto (SP) atingiu a marca de 649,5 mil habitantes em 2013, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quinta-feira (29), mas a administração municipal não consegue acompanhar as demandas geradas pelo aumento de habitantes, analisa o economista Victor Novaki, coordenador do curso de pós-graduação de Gerente de Cidades da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap Ribeirão).

Com o total registrado, Ribeirão Preto apresentou crescimento de 7,4% em relação a 2010, quando tinha 604,6 mil pessoas. O aumento segue a um ritmo superior ao aumento populacional brasileiro – 2,8% em três anos –, mas a infraestrutura disponível para essa demanda, como moradia, saúde, educação, abastecimento, trânsito e segurança, é insuficiente, segundo o economista. “Está muito aquém da demanda. A cidade está muito mais rápida do que o poder público consegue atender. O poder público está sem fôlego para poder subsidiar todos com serviços mínimos”, afirma.

Um atraso que, na concepção de Novaki, está relacionado a um Plano Diretor que não atende o que o município realmente precisa, bem como à falta de cumprimento ao que foi planejado, sobretudo por interesses político-partidários no decorrer das décadas, aponta o coordenador da Faap. “Temos um plano diretor que está desatualizado, precisa implantar um novo. Mas este também precisa ser respeitado na questão técnica. Há vereadores que acabam interferindo para atender politicamente alguns grupos”, diz.

O sintoma mais perceptível dessa constatação, segundo o economista, é o estrangulamento do trânsito na cidade, com vias despreparadas para comportar a crescente frota de veículos. Problemas que serão apenas amenizados por projetos anunciados como as obras de mobilidade urbana orçadas em R$ 310,6 milhões pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal, ainda não iniciadas no município, na opinião de Novaki. “Os itens que tem no PAC 2 são essenciais para que a cidade continue andando, mas são itens que já deveriam ter sido feitos.”

Trânsito é principal afetado com o crescimento da população (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV)Trânsito é principal afetado com o crescimento
da população (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV)

Se no trânsito a falta de planejamento é quase que instantânea, em outras áreas se manifesta aos poucos, de acordo com o coordenador: a falta d’água em bairros que obriga o município a pensar em fontes alternativas de abastecimento; a ausência de serviços nos bairros que forçam o maior trânsito de pessoas ao centro e o crescimento da criminalidade que força a gestão municipal a assinar convênios como o “Atividade Delegada” - que permitirá aos PMs atuarem na segurança do município nas horas de folga.

O economista defende que o planejamento urbano precisa ser mais ágil e dinâmico para que a cidade faça jus à exposição positiva com eventos de repercussão nacional aqui sediados e converta as oportunidades de negócios em qualidade de vida para um maior número de habitantes. “Você vê uma área financeira muito bem desenvolvida, um setor imobiliário em bom momento, a área de serviços se desenvolvimento e atraindo investimentos, mas você que lado social humano não chega a um nível satisfatório.”

Segundo ele, mudanças pontuais devem ser trabalhadas para gerar impacto sobre toda a rotina da cidade e das pessoas. "Em uma prefeitura, todos os fatores colaboram para uma coisa só. Se a educação melhora, diminui a evasão dos alunos que viram marginais. Se você tem um aparato social que oferece maior qualidade de vida, melhora a saúde das pessoas e reduz a fila de doentes", exemplifica.

Prefeitura
Em nota, a Prefeitura informou que grande parte dos novos habitantes da cidade ocupa empreendimentos novos e loteamentos programados com infraestrutura adequada. Além disso, a administração municipal argumenta que o Plano Diretor auxilia o município a alcançar seus objetivos. “A Lei que define o Plano Diretor de um município é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana da cidade. Desde então grandes evoluções foram traçadas no crescimento e desenvolvimento da cidade”, comunicou.

Região
A estimativa do IBGE também mostra que em Franca (SP) a população é de 336,7 mil pessoas em 2013. No levantamento, Sertãozinho (SP) registra 117,5 mil habitantes e Barretos (SP), 117,7 mil.

A estimativa populacional é referência para cálculo de indicadores e para distribuição de recursos da União pelo Fundo de Participação de Estados e Municípios.

Confira os números populacionais da região de Ribeirão Preto em 2013, segundo o IBGE:

Cidade População em 2010 População em 2013 Crescimento (%)
Altinópolis 15.607 16.137 3,3%
Aramina 5152 5416 5,1%
Barretos 112.101 117.779 5%
Barrinha 28.496 30.506 7%
Batatais 56.476 59.654 5,6%
Bebedouro 75.035 77.487 3,2%
Brodowski 21.107 22.797 8%
Buritizal 4.053 4.279 5,5%
Cajuru 23.371 24.783 6%
Cândido Rodrigues 2.668 2.767 3,7%
Cássia dos Coqueiros 2.634 2.657 0,8%
Colina 17.371 18.107 4,2%
Colômbia 5.994 6.196 3,3%
Cravinhos 31.691 33.543 5,8%
Cristais Paulista 7.588 8.089 6,6%
Dobrada 7.939 8.432 6,2%
Dumont 8.143 8.874 8,9%
Fernando Prestes 5.534 5.736 3,6%
Franca 318.640 336.734 5,6%
Guaíra 37.404 39.314 5,1%
Guará 19.858 20.733 4,4%
Guatapará 6.966 7.341 5,3%
Guariba 35.486 37.747 6,3%
Igarapava 27.952 29.365 5%
Ipuã 14.148 15.184 7,3%
Itirapuã 5.914 6.232 5,3%
Ituverava   38.695 40.552 4,8%
Jaborandi  6.592 6.846 3,8%
Jaboticabal  71.662 75.041 4,7%
Jardinópolis 37.661 40.640 7,9%
Jeriquara 3.160 3.230 2,2%
Luís Antônio 11.286 12.704 12,6%
Miguelópolis 20.451 21.471 4,9%
Monte Alto                         46.642 48.907 4,8%
Monte Azul Paulista                          18.931 19.376 2,3%
Morro Agudo                     29.116 30.991 6,4%
Nuporanga 6.817 7.164 5%
Orlândia 39.781 42.020 5,6%
Patrocínio Paulista       13.000 13.821 6,3%
Pedregulho 15.700 16.382 4,3%
Pirangi                                10.623 11.112 4,6%
Pitangueiras                      35.307 37.499 6,2%
Pontal                                40.244 44.236 9,9%
Pradópolis                       17.377 19.077 9,8%
Restinga                            6.587 7.054 7%
Ribeirão Corrente           4.273 4.510 5,5%
Ribeirão Preto                  604.682 649.556 7,4%
Rifaina                                3.436 3.574 4%
Sales Oliveira                  10.568 11.225 6,2%
Santa Cruz da Esperança       1.953 2.056 5,3%
Santa Ernestina                5.568 5.701 2,4%
Santa Rosa de Viterbo      23.862 25.246 5,8%
Santo Antônio da Alegria   6.304 6.644 5,4%
São Joaquim da Barra    46.512 49.259  5,9%
São José da Bela Vista  8.406 8.759 4,2%
São Simão                      14.346 14.976 4,4%
Serra Azul                      11.256 12.592 11,9%
Serrana                          38.878 41.728 7,3%
Sertãozinho                    110.074 117.539 6,8%
Taiaçu                               5.894 6.153 4,4%
Taiúva                               5.447 5.606 2,9%
Taquaral 2.726 2.814 3,2%
Taquaritinga                   53.988 56.204 4,1%
Terra Roxa                       8.505 8.969 5,4%
Viradouro 17.297 18.191 5,2%
Vista Alegre do Alto     6.886 7.652 11,1%

 

 

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de