Economia

BNDES pode ter novo aporte de até R$ 20 bi do Tesouro, dizem fontes

Montante garantiria desembolsos na meta de 2013 e recursos para o início de 2014

RIO  - O Banco Nacional de Desenvolvimento Ecônomico e Social (BNDES) pretende fechar até o fim do mês com o Tesouro Nacional o valor do novo aporte para o banco de fomento garantir desembolsos de aproximadamente R$ 190 bilhões em 2013 e recursos para o começo de 2014, disse uma fonte da instituição nesta quarta-feira.

— Até o fim do mês certamente devemos fechar. Não pode passar — disse um alto executivo do banco a par das negociações.

O montante em discussão e a forma como vai se dar o aporte ainda estão sendo discutidos, acrescentou. Informalmente, os valores cogitados pelo BNDES para o novo aporte poderiam ser de até R$ 20 bilhões.

— Isso garantiria o funding desse ano e um pouco do começo do ano que vem. Às vezes você pensa que vai liberar os recursos no fim do ano e ficam para o começo do ano que vem — disse outra fonte do BNDES.

Uma fonte próxima da área econômica do governo afirmou que a operação “usualmente leva alguns dias para fechar”, mas que “o número (tamanho do aporte) pode ser esse.

Representantes do Tesouro Nacional não puderam comentar o assunto de imediato. Até junho, os desembolsos do BNDES somavam R$ 88,3 bilhões, segundo dados do banco. No início de agosto, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, havia afirmado que os desembolsos de julho tinham ficado abaixo do esperado.

Uma das fonte do BNDES comentou que em agosto o ritmo de desembolsos “foi mantido entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões”. A demanda por financiamento do banco normalmente cresce no segundo semestre, mas em 2013 várias concessões federais de infraestrutura e energia tendem a aumentar ainda mais a demanda por empréstimos.

— O funding não é um problema. Acho que vamos resolver bem isso... o que podemos dizer é que o total (de aportes) desse ano vai ser menor que do ano passado. A tendência é declinante — disse a fonte.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, neste ano foram feitas emissões de dívidas no total 17 bilhões de reais ao BNDES. A primeira emissão foi feita em 10 de maio, no valor de R$ 2 bilhões, especificamente para operações do banco de fomento com o Fundo de Marinha Mercante. Uma segunda emissão, de R$ 15 bilhões, ocorreu em 28 de junho, com recursos vinculado ao atendimento de níveis de capital previstos no acordo de Basileia 3.

As liberações para o BNDES pressionam as contas do governo federal, uma vez que títulos públicos emitidos para os aportes impactam na dívida federal.

Venda do Porto Sudeste ‘resolve tudo’

As últimas negociações envolvendo a venda de ativos do grupo EBX para empresas estrangeiras e fundos internacionais foram vistas com bons olhos por executivos do BNDES, disseram as fontes. Na terça-feira, o empresário Eike Batista anunciou que está perto de fechar acordo para transferir controle do Porto Sudeste para a trading Trafigura e o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi.

A primeira fonte do BNDES afirmou que com a conclusão da venda do Porto Sudeste mais um passo importante foi dado na reestruturação das dívidas da EBX e que a venda do Porto Sudeste deixou o banco com uma exposição “muito pequena, quase mínima ao grupo EBX”.

— Ontem mais um passo importante foi dado. Depois desse (negócio) resolve tudo e está tudo equacionado — disse a fonte.

No final de agosto, o presidente do BNDES afirmara que os empréstimos de empresas do grupo EBX efetivamente contratados junto ao banco somavam cerca de R$ 6 bilhões em um total de R$ 10 bilhões aprovados. Na ocasião, Coutinho afirmou que tinha confiança na equalização das dívidas das empresas.