Era para ser o jogo da
redenção. O último gol foi contra o Zamora-VEN, na Libertadores,
em abril de 2014. De lá pra cá se passaram 313 dias e 26 jogos pelo
Galo. E nada de gols do atacante Jô. Neste tempo, vários fracassos. A participação apagada
com a Seleção na Copa, jejum de gols, além de recorrentes problemas
disciplinares, que culminaram com o afastamento do atacante do grupo alvinegro, em novembro.
Depois de um voto de confiança em 2015, Jô ganhou a oportunidade de ouro: substituir o lesionado Lucas Pratto na estreia do Galo na Libertadores, contra o Colo-Colo.
Mas, com uma atuação decepcionante, o atacante mais uma vez desperdiçou a chance de desencantar e não foi perdoado pela torcida, que criou nas redes um "evento" para comemorar o aniversário de um ano do último gol marcado pelo atleta.
Em 74 minutos que esteve em
campo, o atacante
finalizou apenas uma vez e acertou o mesmo números de passes que
o goleiro Victor: quatro. No início do primeiro e do segundo tempo,
demorou mais de dez minutos para encostar pela primeira vez na bola. Confira abaixo o passo a passo do atacante durante a estreia do Atlético-MG na Libertadores.
Antes do jogo
Jô foi o 13º jogador a descer do ônibus do Atlético-MG no estádio Monumental
David Arellano. Com um fone de ouvido dos
grandes e uma caixa de som nas mãos, o centroavante comandou
a trilha sonora no trajeto do hotel até o estádio. No aquecimento, olhar
distante. Jô estava concentrado, mas não era nem de longe o mais
dedicado aos gritos de motivação do preparador físico Rodolpho Mehl. Parecia imaginar o cenário ideal para sua
redenção, o que não aconteceu.
Segundos antes de a bola
rolar, os jogadores alvinegros se reuniram em um círculo, e as últimas
palavras foram justamente do atacante. Uma grande evidência que, mesmo
tendo sido afastado do grupo por indisciplina
na última temporada, o jogador ainda é muito respeitado e representa uma
liderança no elenco.
Primeiro tempo
Nos primeiros 15
minutos, Jô praticamente não pegou na bola. Posicionava, corria e
buscava espaços para receber em boas condições. Aos 17 minutos, saiu da área para receber a bola para participar mais do
jogo. Em seguida, Patrick chegou à linha de fundo e cruzou. O desvio na
zaga matou o centroavante atleticano, que ainda tentou completar de
letra. O entrosamento ainda se mostrou falho, o centroavante se
movimentava pouco e esperava as bolas no pé.
Aos 32 minutos, a
grande chance. Em um lateral cobrado por Patrick, Jô tocou a bola para o
meio da área de cabeça. Luan tentou dominar, e a bola sobrou limpa para o
centroavante. Desajeitado, ele acabou chutando
com a perna esquerda, sem ângulo e de bico. A bola balançou as redes,
mas do lado de fora.
Segundo tempo
Aos cinco minutos do
segundo tempo, Luan foi até a linha de fundo e tinha a chance de chutar
para o gol. O companheiro quis consagrar e acabar com o jejum de Jô, mas
acabou errando o passe, perdendo uma grande chance. Aos 12 minutos,
Jô pegou pela primeira vez na bola no segundo tempo, fez o pivô e recebeu uma forte
dividida. Se jogou no chão, gritou e se debateu de dor. Nada que comovesse o árbitro, que mandou o jogo seguir.
- É preciso ter inteligência de jogar fora de casa, não é se expor tanto.
Nos expomos muito e sofremos com o toque de bola deles. Não tivemos
pegada. Na Libertadores, é preciso saber jogar fora. A gente corre atrás
do cara e toma o totó deles - analisou o jogador, já após a derrota por 2 a 0 para o Colo-Colo.
Aos 29 minutos do
segundo tempo, Jô encerrou sua participação na partida. Cesinha entrou no lugar do centroavante e lá se foi mais uma partida sem gol do atacante. Mas não será a última chance. Afinal, Pratto ainda não se recuperou da contusão, dando chances para um dos heróis da conquista mais importante da história do Atlético-MG voltar a sorrir e fazer sorrir.
(*) Colaboraram Fernando Martins Y Miguel e Gabriel Duarte