Economia

Focus: Economistas projetam inflação e PIB mais baixos em 2013

Analistas do mercado esperam que economia brasileira cresça 2,28%, menos que na previsão anterior, de 2,31%

BRASÍLIA - Depois do recente refresco na inflação de curto prazo e de o Banco Central endurecer o discurso e indicar novas altas dos juros, os analistas do mercado financeiro diminuíram a previsão para a alta de preços neste ano. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu, pela terceira semana seguida, de 5,8% para 5,75%. Além da perspectiva para 2013, a pesquisa semanal que o Banco Central faz com as instituições financeira também mostrou que o quadro para o ano que vem melhorou.

Segundo o levantamento da autoridade monetária, a estimativa para a inflação em 2014 cedeu. Passou de 5,9% para 5,87%.

- Foi um reflexo à postura do BC na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na quinta-feira da semana passada, quando ficou clara a preocupação dos diretores com a inflação – garantiu Georges Catalão, gestor de investimentos da corretora Lecca, que completou:

- Mas essa queda nas previsões foi marginal e não deve alterar a atuação do BC que está mais ortodoxo do que nunca.

Os analistas do mercado financeiro não alteraram a aposta de que a taxa básica de juros (Selic) continuará a subir até 9,25% ao ano. Hoje, ela está em 8,5% ao ano. Essa dosagem é a expectativa dos especialistas para se fazer cumprir a promessa do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que o IPCA ficará abaixo de 5,84%, o percentual registrado no ano passado.

Ele diz que a inflação caminhará para o centro do objetivo estabelecido no médio prazo. A meta para os dois anos é de 4,5% com uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais.

Apesar da queda das estimativas para os preços, os economistas ressaltam que há um novo grande risco para a inflação brasileira: a alta do dólar. A previsão para a cotação da moeda americana não para de subir. De acordo com a pesquisa da BC, a projeção para o fechamento do dólar no fim do ano. Subiu de R$ 2,20 para R$ 2,24. Há um mês, essa perspectiva era de R$ 2,13.

- Esse é o principal risco hoje para a inflação e também interfere no crescimento já que a volatilidade do câmbio não ajuda a estimular a ampliação da capacidade produtiva - lembra a economista da Gibraltar Consulting Zeina Latif.

Os especialistas ouvidos pelo Banco Central continuaram a piorar as expectativas para o crescimento econômico não apenas para este ano, mas para 2014 também. A perspectiva para 2013 caiu de 2,31% para 2,28%. Foi a décima vez seguida que essa previsão registrou queda. Já para o ano que vem, a projeção passou de 2,8% para 2,6%.

Segundo Zeina, foi justamente por causa dessa piora constante das previsões que o BC endureceu seu discurso na última ata. Um dos focos foi a necessidade de recuperação imediata da confiança de empresários e consumidores. Na visão da economista, a intenção da autoridade monetária era deixar clara a diferença de postura entre o BC – condutor da política de controle da inflação - e o Ministério da Fazenda – responsável pela política de gastos do governo. A política fiscal do governo tem sido apontada como um dos motivos da inflação, já que o governo corresponde por cerca de um terço da economia brasileira.

O Tombini está tentando fazer a parte dele - afirmou Zeina.