Os dólares continuaram saindo da economia brasileira na semana passada. De acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (11) pelo Banco Central, US$ 2,14 bilhões deixaram o país na última semana.
Em agosto, outros US$ 5,85 bilhões já haviam sido retirados do Brasil - o maior valor deste ano. Em junho, US$ 2,6 bilhões também já tinham saído do país e, em julho, outros US$ 1,44 bilhão foram retirados do Brasil. Desde junho, portanto, mais de US$ 12 bilhões foram para o exterior.
Os números do BC, portanto, contrastam com declarações de integrantes da equipe econômica de que a alta da moeda norte-americana, que operava ao redor de R$ 2 até meados de maio, não seria acompanhada da saída de divisas da economia brasileira. Essa análise foi feita pelo chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, e também pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Acumulado do ano
No acumulado de janeiro a 6 de setembro, ainda há mais entrada que saída de dólares na economia brasileira. Neste período, foi contabilizado o ingresso de somente US$ 97 milhões na economia brasileira. Isso representa uma queda expressiva a igual período do ano passado – quando a entrada de divisas no país somou US$ 23,42 bilhões.
Esse ingresso de valores registrado neste ano, entretanto, segundo operadores, também está relacionado com a captação da Petrobras no mercado externo de US$ 11 bilhões feita em maio. Não há informação exata, porém, sobre quanto desta operação foi, de fato, internalizado no Brasil.
Impacto no dólar
A saída de recursos no país favorece, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tende a ficar maior. No fechamento de agosto, estava cotado a R$ 2,38, com alta de 4,5% no mês. Em setembro, porém, a moeda norte-americana está sendo negociada em um patamar mais baixo. Nesta quarta-feira (11), por volta das 12h40, o dólar estava cotado e R$ 2,29.
A queda recente do dólar em setembro, segundo analistas, tem relação com o programa do BC. No fim de agosto, a instituição informou que que fará intervenções diárias no câmbio, pelo menos, até o fim deste ano – quer seja por meio de "swaps cambiais" – instrumentos que funcionam como venda de divisas no mercado futuro – ou pela venda de dólares com compromisso de recompra.
Ao todo, o novo programa de oferta de "swaps cambiais" ao mercado envolverá cerca de US$ 37 bilhões entre o fim de agosto e o fechamento de 2013, ao mesmo tempo em que a oferta de linhas no mercado à vista, com compromisso de recompra, totalizará cerca de US$ 20 bilhões. Deste modo, o pacote total do BC envolve mais de US$ 55 bilhões neste ano.
A fraca entrada de dólares neste ano tem levantado a preocupação de economistas sobre o financiamento das contas externas. Desde 2005, somente um ano registrou fluxo negativo (2008, com a retirada de US$ 983 milhões do país). Em 2009, 2010, 2011 e 2012, houve entrada líquida de recursos de, respectivamente, US$ 28,7 bilhões, US$ 24,3 bilhões, US$ 65 bilhões e US$ 16,7 bilhões.