Economia

Banco Central intervém duas vezes no câmbio, mas dólar fecha em alta de 1,71%, cotado a R$ 2,258

É a maior cotação desde abril de 2009

SÃO PAULO - Mesmo com duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar manteve a trajetória de alta frente ao real nesta quinta-feira. A moeda americana fechou em alta de 1,71%, negociada a R$ 2,256 na compra e R$ 2,258 na venda, a maior cotação desde 1º abril de 2009. Na máxima do dia, a divisa bateu em R$ 2,276 e, na mínima, chegou a R$ 2,224.

O contrato futuro com vencimento em julho avançou 1,05% cotado a R$ 2,25. O mercado financeiro está passando por um forte ajuste depois da sinalização do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de que o programa de estímulo à economia, que injeta US$ 85 bilhões por mês, pode começar a ser reduzido ainda este ano. Isso fez o dólar viver um movimento global de alta frente a outras divisas.

Para segurar a cotação do dólar frente ao real, o BC fez um leilão de swap cambial tradicional, pela manhã e, no início desta tarde, anunciou a venda de linha de dólares conjugada com compromisso de recompra. Nas duas intervenções, o total de dólares ofertado chegou quase a US$ 6 bilhões. A cotação recuou após os leilões, mas a moeda americana manteve a tendência de alta até o fechamento.

Na venda conjugada, que é um espécie de leilão de linha de crédito, o BC oferece os dólares, desde que a instituição financeira se comprometa a vender o mesmo montante daqui a um prazo determinado. Os analistas consideram esse tipo de operação uma espécie de empréstimo da moeda estrangeira. O total ofertado foi de US$ 3 bilhões e o BC ofereceu as linhas por R$ 2,26. As taxas de corte ficaram em R$ 2,29 e R$ 2,30. Ou seja, esse é o valor que o BC pagará no vencimento dos contratos pela recompra dos dólares. As datas de liquidações das operações de compra do BC serão 3 de setembro e 1 de outubro de 2013. Todo o lote foi vendido, segundo operadores. O último leilão de linha aconteceu em dezembro do ano passado, quando o BC vendeu US$ 5,466 bilhões nesse tipo de operação.

- É uma operação no mercado futuro, só que o BC sabe antecipadamente quanto vai pagar para recomprar o dólar quando o contrato vencer. Com o contrato de swap cambial ele paga a cotação do dólar no dia do vencimento do contrato. O leilão de recompra é uma espécie de linha de empréstimo. A operação tirou um pouco a pressão sobre a moeda, mas tendência do dólar é de alta em todo o mundo com a recuperação da economia americana - explica o sócio da corretora Pionner, João Medeiros.

Mesmo com fluxo negativo de dólares, com investidores deixando a Bolsa e a renda fixa, e as empresas buscando mais proteção contra a desvalorização cambial (o chamado hedge) o mercado não está desabastecido, segundo operadores. Mas o leilão de linha mostrou que o BC está atento, disseram os analistas.

Logo após a abertura dos negócios, o BC realizou um leilão de contratos de swap cambial tradicional, que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. O leilão aconteceu entre 9h30m e 9h40m, depois de a moeda americana ter atingido o patamar de R$ 2,24. O BC vendeu 60 mil contratos, o equivalente a US$ 2,9 bilhões. A alta da divisa americana arrefeceu um pouco, mas o dólar voltou a atingir novas máximas após a intervenção.