Se até março a industria brasileira vinha crescendo em ritmo lento, em abril acelerou, avançando 1,8% em relação a março e 8,4% na comparação com abril de 2012. Para o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Luiz Macedo, que divulgou nesta terça-feira (5) a Pesquisa Industrial Mensal, a grande atração da indústria em abril foi o incremento na produção de bens de capital como máquinas e equipamentos relacionados à produção, que cresceu 3,2% contra março e 24,4% comparando com abril de 2012.
Nos primeiros quatro meses do ano, os bens de capital somaram um crescimento de 15,5%, cenário bem diferente dos últimos quatro meses de 2012, quando a categoria registrou um recuou de 1,2%.
Segundo o economista, o avanço na produção de bens de capital é resultado de redução taxas de juros, programas de incentivos oficiais, IPI reduzido e juros baixos para caminhões.
“Com a previsão de safra recorde em 2013, também cresceram os bens de capital para o setor agrícola, com a produção mais intensa de máquinas e equipamentos para o setor”, explicou o economista do IBGE.
Categorias de uso | Abril (ante março)* |
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Bens de capital | 3,2% |
Bens intermediários | 0,4% |
Bens de consumo | 1,8% |
Bens de consumo duráveis | 1,1% |
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis | 0,9% |
Indústria geral | 1,8% |
* Série com ajuste sazonal |
André ressaltou que todos os setores de bens de capital registraram crescimento de dois dígitos em abril, na comparação com o mesmo mês de 2012: bens de capital para indústria, 20,7%; para agricultura, 28,7%; para transporte, 34%; para energia, 18%; para construção, 18,4%; e para uso misto, no qual se enquadram produtos de informática, 15,2%.
A tendência de crescimento dos bens de capital já tinha sido sinalizada pelo resultado do Produto Interno Bruto de 0,6% no primeiro trimestre, divulgado em 29 de maio, quando o aumento dos investimentos supera o do consumo das famílias.
De acordo com o pesquisador, além do crescimento significativo de 1,8% da indústria em abril, tal avanço mostra qualidade, pois se deu de forma disseminada com incremento em 17 dos 27 ramos pesquisados.
Todas as categorias de uso cresceram em índices recordes para os últimos três anos: bens de capital, 24,4%, a maior desde agosto de 2012, quando foi 26,5%; intermediários, 5%, perdendo apenas para os 5,7% registrados em novembro de 2010; de consumo duráveis, 14,9%, o melhor desde fevereiro de 2011, quando foi 17,6%; e de consumo semi e não duráveis, 5,2%, perdendo para setembro de 2012, quando marcou 6,2%.
(Foto: Lilian Quaino\G1)
“A indústria cresceu num patamar importante, alavancada por setores que dão qualidade ao crescimento”, disse.
Mas ele afirma que ainda é necessária a análise dos próximos meses para se confirmar se essa tendência de aceleração no ritmo da atividade industrial se consolida. Isso porque, segundo explicou, além de o crescimento de 8,4% em relação a abril de 2012 ter se dado sob uma base de comparação baixa, já que os primeiros quatro meses de 2012 foram de taxas negativas, abril de 2013 teve dois dias úteis a mais que o mesmo mês do ano passado, o que impacta positivamente a produção industrial.
Os bens de capital não foram os únicos a puxar a indústria em abril: a produção de automóveis cresceu 17,6%; de caminhões, 50,6%; e de autopeças 7,3%, comparando com abril de 2012.