Economia

Um em cada três brasileiros consome produtos piratas, mostra pesquisa

CDs e DVDs falsificados estão entre os produtos mais procurados, segundo a Fecomércio-RJ

Camelôs vendem produtos piratas em São Paulo
Foto: Bloomberg News
Camelôs vendem produtos piratas em São Paulo Foto: Bloomberg News

RIO - Um em cada três brasileiros consome produtos piratas, principalmente DVDs e CDs, mostra pesquisa da Fecomércio-RJ/Ipsos realizada em agosto com 1 mil pessoas de 70 cidades, incluindo nove regiões metropolitanas do país. E o preço mais baixo segue o principal motivo para a preferência por artigos falsificados. Segundo a pesquisa “O consumo de produtos piratas no Brasil”, publicada com exclusividade pelo site do GLOBO, os homens são os maiores consumidores desse tipo de produto: 39,3% dos entrevistados adquiriram algum produto pirata neste ano, contra 33,3% das mulheres.

João Carlos Gomes, superintendente de Economia e Pesquisas na Fecomércio-RJ, diz que os destaques entre os produtos piratas mais consumidos continuam sendo CDs e DVDs. Dos que declararam comprar produtos falsificados, 69,7% dos entrevistados compraram pelo menos um CD neste ano e 57,1% pelo menos um DVD.

— O dado positivo é que esses números já foram maiores. Em 2011, por exemplo, 80,6% declararam ter comprado pelo menos um CD pirata e 75,9%, um DVD. O combate a produtos falsos e a própria percepção de que são produtos de menor qualidade têm provocado essa queda nos últimos dois anos — disse Gomes.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes) foram apreendidos 634.189 CDs e DVDs piratas no Brasil no ano passado. O Rio de Janeiro foi o estado com maior número de apreensões (275.052). Em seguida, vêm o Paraná, (210.471 apreensões) e São Paulo (112.764).

Essa queda também pode ser explicada, parcialmente, pelo maior uso de meios eletrônicos. Com o avanço da tecnologia e o fácil acesso à internet, a pirataria deixou de ser apenas física e adquiriu uma característica também virtual. Cerca de 20% dos brasileiros que participaram da pesquisa disseram que costumam baixar conteúdos da internet “sem autorização do proprietário”.

Segundo Gomes, os dados globais também indicam queda de consumo de produtos piratas. O ápice foi em 2011, quando a metade dos brasileiros declararam comprar algum produto falsificado. Em 2013, 36,3% dos entrevistados declararam ter adquirido algum item ilegal.

Entre 2012 e 2013, recuou a compra de produtos falsificados como óculos (de 10,3% para 8,7%), roupas (9,4% para 6,5%), brinquedos (5,3% para 3,6%), relógio (de 8% para 3,6%) e equipamentos eletrônicos (5,2% para 4%).

— Essa queda tem pouco a ver com a renda ou nível de emprego da população. As pessoas passaram um período consumido produtos originais e piratas e forma simultânea. Nossa conclusão é que ela viram um valor maior agregado ao produto original — avalia o superintendente.

De acordo com o Fórum Nacional Contra a Pirataria (FNCP), os brasileiros gastaram R$ 23,8 bilhões com produtos piratas no ano passado. Realizada este ano, a pesquisa ouviu associados à entidade (ao todo, representam 12 setores da economia).