Economia

UE multa seis bancos em 1,7 bilhão de euros por manipular juros

Valor é recorde. Esquema direcionava principalmente a Libor, taxa de referência de Londres, usada em contratos

BRUXELAS - A União Europeia (UE) aplicou multas que somam 1,7 bilhão de euros a seis instituições financeiras por participação num esquema para manipular taxas de juros. Foi a maior punição já aplicada pelo bloco em casos de defesa da concorrência e atingiu o Deutsche Bank, Royal Bank of Scotland (RBS), Société Générale, Citigroup, JPMorgan e a corretora RP Martin.

O esquema visava a direcionar, principalmente, a Libor, taxa interbancária de Londres, que é usada como referência em milhares de contratos em todo o mundo, incluindo financiamento de carros, juros de cartões de crédito, hipotecas e derivativos, que somam US$ 400 trilhões. As taxas de referência da União Europeia (Euribor) e de Tóquio (Libor denominada em iene) também foram alvo do que as autoridades do bloco chamaram de “terrível conluio”.

UBS e Barclay´s se livram

A manipulação de taxas de juros de referência foi considerada uma das mais ousadas violações de conduta durante a crise financeira, e autoridades do mundo todo já aplicaram multas que somam US$ 6 bilhões. Além disso, sete pessoas foram acusadas criminalmente. Os acordos da União Europeia com os bancos não esclarecem se as chefias sabiam o que se passava nas mesas dos operadores.

No processo, dois bancos - UBS e Barclay´s - conseguiram se livrar de punições por terem sido os primeiros a informar as autoridades sobre as violações. As multas que receberiam são estimadas em 2,5 bilhões de euros e € 690 milhões, respectivamente.

Mas a UE afirmou que continuará investigando o assunto e aplicará mais penalidades. Credit Agricole e HSBC, maior banco do bloco econômico, também foram envolvidos no inquérito, mas ainda não fecharam acordo com as autoridades no caso da Euribor. Junto com o JPMorgan, cuja multa já definida se refere apenas à manipulação da taxa japonesa, os três lutam por um acordo mais favorável, mas podem receber punições ainda mais pesadas. A corretora Icap, por sua vez, abandonou o acordo no processo da Libor.

No pacote de multas aplicadas pela União Europeia, a mais alta ficou com o Deutsche Bank, maior banco da Alemanha: € 725,4 milhões. A instituição também é investigada nos Estados Unidos e no Reino Unido e deve ser multada também nestes dois países. O Société Générale pagará € 446 milhões. O Royal Bank of Scotland, € 391 milhões. A instituição já havia sido multada pelos reguladores britânicos em US$ 612 milhões. O JPMorgan, maior banco em ativos dos EUA, ficou com uma conta de € 67,353 milhões. O Citi desembolsará € 70 milhões e a corretora RP Martin, € 247 mil. As penalidades refletem a participação de mercado das instituições.