Economia

Impacto dos cortes de custos faz Oi reverter prejuízo e lucrar R$ 172 milhões

Mercado projetava prejuízo de R$ 32 milhões para o terceiro trimestre

RIO - A Oi registrou lucro líquido de R$ 172 milhões no terceiro trimestre deste ano. Embora represente uma queda de 70,7% frente a igual período do ano passado, o resultado veio na contramão da expectativa do mercado, que esperava prejuízo de R$ 32 milhões para a tele entre julho e setembro.

O resultado também reflete uma mudança em relação ao segundo trimestre deste ano, quando a Oi havia registrado prejuízo de R$ 124 milhões. Em junho, Zeinal Bava assumiu o comando da tele e iniciou uma série de programas para aumentar a rentabilidade e cortar custos operacionais.

No terceiro trimestre deste ano, a Oi - que passa por um processo de fusão com a Portugal Telecom - reduziu seus custos e despesas operacionais em 6% em relação ao segundo trimestre deste ano, chegando a R$ 4,960 bilhões. Apesar da queda entre o segundo e terceiro trimestres, os cortes ainda não foram suficientes para alcançar o patamar do terceiro trimestre do ano passado, quando as despesas foram de R$ 4,8 bilhões.

Com o corte de custos, a empresa conseguiu aumentar a sua geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda. No terceiro trimestre, a empresa alcançou R$ 2,139 bilhões, alta de 19% frente ao segundo trimestre deste ano, mas ainda 2,3% menor quer os R$ 2,190 bilhões do terceiro trimestre de 2012.

- Estamos focados em garantir a redução de custos, com reengenharia de processos. Por isso, (esse corte) será estrutural e não conjuntural. É possível fazer mais no futuro, com maior simplificação de processos e disciplina de custos. É algo que vamos continuar - disse Zeinal Bava, em conferência com analistas.

A Oi, lembrou Zeinal, passou a ter uma estratégia comercial mais conservadora para reduzir os níveis de inadimplência. Em relatório, empresa destacou que, "em função do atual cenário macroeconômico (ritmo mais fraco da economia, queda da confiança do consumidor e aumento da inadimplência)", fez uma readequação de suas políticas de crédito e revisou seus processos de vendas.

O objetivo, continua a tele, é "melhorar a qualidade da base de clientes, visando maior rentabilidade para companhia".

- Estamos focando na melhoria da qualidade na base de clientes, pois temos a prioridade para melhorar o PDD (provisão para devedores duvidosos) e contas a receber. O PDD caiu 37,8% frente ao trimestre anterior, quando estava em um patamar muito alto - disse Bava.

Com a política de corte de custos e foco na melhoria operacional, com a restrição do crédito para reduzir os níveis de inadimplência, a Oi chegou ao fim de setembro com uma dívida líquida de R$ 29,3 bilhões, uma queda de 0,7% em relação ao fim de junho deste ano. É a primeira redução na dívida líquida em oito trimestres.

- O Brasil tem potencial de crescimento futuro. E, para atender a esse crescimento, tem que corrigir o fluxo de caixa e reduzir a dívida. Ainda há um longo caminho a fazer. Para 2014, o presidente da Oi quer reduzir o volume de investimentos. Em 2013, o nível previsto é de R$ 6 bilhões. - Queremos trabalhar para um capex em níveis mais baixos em 2014. Vamos fazer mais por menos, com um trabalho na área de engenharia, tendo os fornecedores como parceiros.

Bava lembrou ainda que hoje a Oi pode ter um reforço de caixa assim que a venda da Globenet, rede de cabos submarinos, for aprovada pelo governo.

Nesse caso, com um câmbio de R$ 2,26, o caixa pode ter um reforço de R$ 1,746 bilhão. Já no caso do negócio envolvendo o direito de uso de torres fixas, o caixa terá reforço de R$ 687 milhões. O executivo, porém, não deu uma data para isso.

Neste terceiro trimestre, a Oi, assim como as outras empresas, registraram forte desaceleração no número de clientes. A companhia chegou ao fim de setembro com 74,873 milhões de clientes, uma alta de 0,2% em relação ao trimestre anterior. Com isso, a receita líquida, no mesmo período, subiu 0,4%, para R$ 7,099 bilhões.