O pão que alimenta os 50 presos do Instituto Penal de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, vem de uma pequena empresa. O empresário Paulo Scherer é dono de uma padaria, a poucos metros do presídio. Ele entrega pessoalmente 200 pães por dia. O empresário venceu uma licitação para fornecer produtos aos órgãos públicos.
O dono do negócio participa do “Programa Fornecer”. A iniciativa é uma parceria entre o Sebrae e o governo do Rio Grande do Sul. O objetivo é criar oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas que querem crescer. O Sebrae ajuda os empreendimentos a se adequar às exigências dos editais.
“Num primeiro momento, o Sebrae está mostrando como se faz e o objetivo é que depois ele tenha condições de fazer por sua conta, que ele mantenha a documentação sempre em dia e que ele busque oportunidades. O próprio Sebrae tem a intenção de mostrar isso, apresentar oportunidade para os pequenos negócios, mas ele como empreendedor também pode estar correndo atrás disso”, disse Márcia Ferran, do Sebrae de Porto Alegre.
De acordo com dados oficiais, só na compra de pãezinhos, o governo do estado economizou R$ 4,5 milhões através do “Programa Fornecer”.
“Além de ser bom para o estado receber esses novos fornecedores, também é bom para a comunidade que recebe o recurso pra ser investido no próprio município.”
Duzentos e quarenta e nove fornecedores de 76 municípios gaúchos participam do programa. Todo mês, as penitenciárias do Rio Grande do Sul consomem cerca de 2,6 milhões de pães, 300 mil litros de leite, 110 toneladas de carne e 50 mil dúzias de ovos. Todos esses produtos são fornecidos por pequenas empresas.
“É uma coisa boa para o pequeno empresário que pode contar com essa verba no final do mês - um pequeno capital de giro, mas já me salva com alguma coisa, pra fazer algum tipo de pagamento.”
A padaria de Paulo Scherer fabrica 4.200 pães por dia. O fornecimento para o governo rende R$ 1.200. O empresário já pensa em renovar o contrato e participar de outros pregões.
As vendas para o governo ainda representam só 3% do faturamento da padaria. Mas como toda documentação está em dia, o objetivo é participar de licitações maiores no futuro.
“Eu quero plantar agora para colher, mas adiante certamente vem mais coisa boa. Tenho certeza disso. Eu acho que o projeto do governo é um projeto muito bom”, afirmou o empresário Paulo Scherer.
Além de ajudar na parte burocrática, o Sebrae também oferece cursos de boas práticas na manipulação de alimentos para os participantes do programa. Outro auxílio importante é na formação do preço. Se a empresa cobrar um valor muito baixo para vencer a licitação, ela corre o risco de não conseguir cumprir o combinado.
“É importante ela se preocupar também com o preço de produto ou serviço, ela pensar que ela tem que ter capacidade de produzir aquele produto que ela está se comprometendo. Ele tem que ter capacidade de produzir a demanda que está sendo contratada, tem que pensar na entrega, né?”, disse Márcia Ferran, do Sebrae de Porto Alegre.
As licitações exclusivas para micro e pequenas empresas são para contratos de até R$ 80 mil. A duração varia entre seis e oito meses, podendo haver uma renovação. O objetivo é estender o programa e fornecer para outras instituições governamentais do estado.
“A dica que eu dou é perder o medo de participar. A primeira vez ele tem que ir lá ver, conhecer o projeto, ver, não ficar com receio de participar. Se não vai ganhar a primeira vez não tem problema, mas pelo menos está dentro. Ele sabe como é o caminho, isso o pequeno empresário tem que fazer”, afirmou Scherer.
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