Economia

Óleo de Libra poderá influenciar cotação internacional, diz Graça Foster

Estatal passará a produzir 4,2 milhões de barris em 2020

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster: taxa de sucesso nos primeiros 13 poços do pré-sal foi de 100%
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster: taxa de sucesso nos primeiros 13 poços do pré-sal foi de 100% Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

RIO - Em 2020, o petróleo da área de Libra, que tem um potencial entre oito e 12 bilhões de barris de petróleo, terá o poder de influenciar o preço da cotação do barril do petróleo no mercado internacional. De acordo com Maria das Graças Goster, presidente da Petrobras, só a estatal vai produzir cerca de 4,2 milhões de barris de petróleo por dia em 2020. Ao todo, o Brasil, diz Graça, vai alcançar uma produção entre 5,2 milhões e 5,3 milhões de barris diários em sete anos.

- Olhamos para frente e olhamos a Petrobras. A depender da velocidade e do ritmo que o Brasil imprimir a suas necessidades de óleo e gás, tanto em concessão quanto partilha, e importantíssimo saber o efeito que nós  Petrobras, e que o Brasil, passará a influenciar a formação do Brent. Serão volumes consideráveis - disse Graça, durante palestra na Offshore Technology Conference (OTC), no Rio.

Como consequência, explicou ela, a tendência é que os países que não fazem parte da Opep - cartel que reúne os principais países exportadores de petróleo, como as nações do Oriente Médio - se juntem e se organizem.

- É a tendência da produção planejada, os consórcios se integram e se conhecem, as empresas fortes se consolidam. Se olha o preço futuro e se busca, com parcerias, o melhor Brent de equilíbrio - afirmou.

A presidente da Petrobras destacou que o desafio hoje é fazer escolhas em um ambiente de grandes incertezas. Segundo ela,  Libra chegou na hora certa. Graça afirmou que o primeiro óleo é esperado para 2020 e que trabalha com doze unidades de produção.

- Libra entra num momento extremamente importante, e em 2017 começa a se tornar material a presença de Libra, em termos de dólar e de investimento dentro do nosso Plano de Negócios. Em 2017, vamos produzir a mais 750 mil barris de petróleo por dia. E entre 2020 e 2023, teremos uma presença maior da Petrobras e das demais consorciadas para atingir o pico de produção.

Revisão da cessão onerosa

A Petrobras enviou carta aos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia para rever os contratos da cessão onerosa, que inclui cinco bilhões de barris de óleo equivalente. Segundo Graça Foster, a carta foi enviada no último dia 10.

- Mandamos (essa carta) para discutir a declaração de comercialidade e rever os contratos. Vamos falar sobre o presente e o futuro da cessão onerosa. Falamos que é preciso estruturar um grupo (dentro do governo) para falar sobre cessão onerosa. A cessão onerosa vai fortalecer a indústria - disse Graça.

Reportagem publicada no site do GLOBO no último dia 5 mostra que assessores diretos da presidente Dilma Rousseff defendem a renovação imediata do contrato da cessão onerosa feito no processo de capitalização da empresa, em 2010, e que seja assegurado à Petrobras o acesso total às reservas das áreas cedidas - principalmente do campo de Franco, o maior da cessão onerosa.

Graça lembrou que a estatal recebeu os cinco bilhões de barris de óleo equivalente durante o processo de capitalização da estatal, de US$ 42,5 bilhões, em setembro de 2010. Na semana passada, a ANP havia dito que a área de Franco, na Bacia de Santos, deve ter sua comercialidade declarada até o fim deste ano.

A Petrobras obteve 100% de sucesso exploratório no pré-sal neste ano, segundo a presidente da estatal. Os 13 poços perfurados neste ano tiveram descobertas de hidrocarbonetos.

- Somando onshore (terra) e offshore (mar), o nosso sucesso exploratório é de 65%. Espetacular é 100% nas atividades de pré-sal. Foram 13 poços no pré-sal neste ano, com 100% de descobertas. Temos 144 poços no pré-sal com sucesso (que é 82% de sucesso) - disse Graça.

Em busca da 'convergência' de preços com o mercado externo

Graça voltou a defender, nesta terça-feira, a busca pela convergência de preços. Segundo ela, é preciso reduzir a alavacagem abaixo de 35% e reduzir a relação a relação dívida líquida e geração de caixa operacional para menos de 2,5 vezes. No fim de setembro, a alavacagem ficou em 36% e relação dívida/ebitda em 3,05.

-  A Petrobras opta neste momento em fazer parcerias. Com a redução do grau de investimento ( pela Moodys) , a Petrobras está em alerta. É uma motivação para que se busque os melhores indicadores para atrair parceiros. É a busca pela convergência de preços. Queremos ter um fluxo de caixa positivo em 2015 - disse Graça, durante a OTC.

Durante sua apresentação, Graça lembrou que a Petrobras abriu mão de ser operadora nas áreas obtidas na 11 Rodada:

- Podemos muito mas nem tudo. Precisamos dos parceiros e, em alguns casos, diversificar a operação das unidades - disse Graça.