O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (26), durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que as manifestações que tomaram conta do país nas últimas semanas são "eventos normais de uma democracia e assim devem ser encarados, fora as depredações, que não devem ser toleradas".
Mantega disse ainda não ter visto "ninguém" na rua falando em descontrole da economia, e emendou em tom de brincadeira: "talvez tenha perdido, porque são muitas manifestações".
Segundo ele, as manifestações são um "fenômeno normal" em Brasília. "As reivindicações são diferentes da Grécia e da Espanha, que reivindicam salários, pois perderam emprego e estão passando fome". No Brasil, segundo ele, as reivindicações são "específicas".
"Eles têm feito demandas de melhorias para governos estaduais e municipais. É uma pauta extensa que se refere a várias esferas de governo, controladas por partidos diferentes. Não há uma questão partidária específica", declarou.
De acordo com o ministro da Fazenda, é normal que os segmentos da sociedade tenham anseios por melhorias nas condições de vida. "A classe média aumentou nos últimos anos, e tem condições melhores. São 40 milhões de pessoas que ascenderam [à classe média]. São anseios normais que melhore a saúde, a segurançe e a educação", declarou.
Alta da inflação
Guido Mantega também minimizou o crescimento da inflação. "Todo ano tem correção [de preços]. Eu queria que não houvesse nenhuma correção, mas me parece que está dentro do normal", disse o ministro da Fazenda. Segundo ele, "controlar inflação é prioridade número um" para permitir um crescimento maior da economia.
O ministro disse ainda que o IPCA está dentro das metas estabelecidas previamente pelo governo federal (dentro da banda estabelecida de 2,5% a 6,5%, com meta central de 4,5%). "Nos últimos quatro, cinco ou seis anos, a inflação está mais sob controle, o que não quer dizer que não haja pressões inflacionárias", disse.
Na avaliação de Mantega, a seca nos Estados Unidos elevou preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos) e o regime de chuvas elevou os preços dos hortifrutigranjeiros no Brasil nos últimos meses.
"Houve surto inflacionário no fim do ano passado e início deste ano. Os alimentos contribuíram para essa pressão inflacionária, mas todos caíram. A inflação de alimentos está debelada. Está caindo. A dona de casa pode verificar nos supermercados. Fizemos desoneração da cesta básica", afirmou Mantega.