26/06/2013 12h49 - Atualizado em 26/06/2013 13h09

Mantega diz que não sabe onde vai ficar 'novo patamar' do dólar

Moeda teve forte alta no início do mês, mas recua nesta semana.
Empresas com dívida em dólar podem ter 'algum problema', diz ele.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala à Câmara nesta quarta-feira (26) (Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala à
Câmara nesta quarta-feira (26)
(Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta quarta-feira (26) que a moeda norte-americana terá um "novo patamar" após o anúncio de que o Federal Reserve (o BC norte-americano) decidiu retirar, nos próximos meses, as medidas de estímulo que vem injetando bilhões de dólares nos mercados, mas acrescentou que ainda não sabe onde o câmbio "vai se estabelecer".

"Não sabemos onde vai se estabelecer o novo patamar do câmbio. Quando passar esse período [de adaptação ao novo cenário de liquidez na economia mundial], poderá cair", declarou o ministro da Fazenda durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

Antes do anúncio do BC dos Estados Unidos de que os estímulos terminarão nos próximos meses, o dólar vinha sendo cotado por volta dos R$ 2 no Brasil. Depois da confirmação do fim dos estímulos no futuro, o dólar se valorizou em todo mundo e chegou a encostar nos R$ 2,30 no Brasil.

Isso levou o governo brasileiro a anunciar uma série de medidas neste mês. No começo de junho, o Ministério da Fazenda zerou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa. Até aquele momento, a alíquota era de 6%. Uma semana depois, o governo zerou também o IOF sobre a venda de dólares no mercado futuro - facilitando estas transações - que têm impacto no preço do dólar no mercado à vista.

Na noite desta terça-feira (25), o Banco Central decidiu retirar a alíquota de 60% dos depósitos compulsórios (sem remuneração) que incide sobre posição vendida (vendas de dólares pelos bancos) acima de US$ 3 bilhões. A medida, que começa a valer a partir do mês de julho, permite, na prática, que os bancos possam vender mais dólares sem incidência do compulsório.

Após três dias seguidos de desvalorização, o dólar comercial segue operando em queda ante o real nesta quarta-feira (26). Perto das 12h10 (horário de Brasília), a moeda norte-americana recuava 0,66%, cotada a R$ 2,1972 para a venda. Veja a cotação

O dólar alto aumenta a competividade das vendas externas brasileiras, tornando-as mais baratas, e também encarece as importações. Ao mesmo tempo, porém, também pode impulsionar a inflação, uma vez que torna a compra de produtos importados do exterior, assim como insumos, mais caros, e esses preços mais altos são repassados para o mercado interno.

A alta da moeda norte-americana também pode gerar dificuldades para empresas com dívidas em dólar. Segundo o ministro Guido Mantega, as empresas com "passivo" em dólar terão "algum resultado negativo em seus balanços".

"Toda vez que dólar sobe causa algum problema com empresas com dívida em dolar, mas as empresas já estao acostumadas com esse problema. Em geral, fazem 'hedge' [proteção no mercado futuro] e minimizam o problema. De fato, é um problema para algumas empresas", afirmou o ministro da Fazenda nesta quarta-feira.

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