19/08/2013 18h28 - Atualizado em 19/08/2013 18h42

BC acompanha com 'atenção' o mercado cambial, diz Tombini

Dólar fechou esta segunda em R$ 2,41, maior valor desde março de 2009.
Política de juros mitiga efeito do dólar na inflação, acrescentou instituição.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, informou nesta segunda-feira (19), dia em que o dólar fechou em R$ 2,41 apesar das intervenções da autoridade monetária, o maior valor desde março de 2009, que a instituição está atenta ao processo de "realinhamento global das moedas" e que "acompanha com atenção os desenvolvimentos no mercado doméstico de câmbio".

"Nesse contexto, não deixará de ofertar proteção (“hedge” cambial) aos agentes econômicos e, se necessário, liquidez aos diversos segmentos do mercado. Lembra, mais uma vez, que as cotações oscilam e que a concentração de posições em uma única direção poderá trazer perdas aos que apostam em movimentos unidirecionais da moeda", acrescentou a autoridade monetária.

O BC realizou nesta sessão três leilões de swap cambial tradicional – equivalente a venda de dólar futuro –, sendo um de rolagem, repetindo intervenção realizada pela última vez em 31 de  julho deste ano e que, antes disso, não acontecia desde agosto de 2002. Pouco após o anúncio do terceiro leilão, a autoridade monetária divulgou que fará, na terça-feira, leilões de venda de dólares dos Estados Unidos, ofertando US$ 4 bilhões ao todo.

Impacto do dólar alto na inflação
O presidente do Banco Central disse ainda que reafirma sua visão de que a "adequada" condução da política monetária [definição dos juros básicos da economia] contribui para "mitigar riscos para a inflação, a exemplo dos oriundos da depreciação cambial". No entanto, ele avaliou que os movimentos recentemente observados "nas taxas de juros de mercado incorporam prêmios excessivos".

Economistas lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia são importados, resultando em impacto inflacionário quando a moeda norte-americana se valoriza. Até meados do mês de maio, o dólar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde então, porém, registrou alta e, atualmente, tem mais próximo de R$ 2,40.

Analistas do mercado avaliam que uma alta de R$ 0,10 no preço do dólar poderia ter um impacto de até 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o dólar estava em cerca de R$ 2 antes da sinalização do BC norte-americano e passou, atualmente, para um valor próximo de R$ 2,40, o impacto seria de até 0,8 ponto percentual no IPCA. Entretanto, o dólar teria de permanecer neste patamar.

A alta da moeda norte-americana também tornam mais caros os gastos de turistas brasileiros no exterior, e barateia as despesas de estrangeiros no Brasil. Outra consequência da disparada do dólar é o barateamento das exportações brasileiras.

Meta de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta.

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Atualmente, o mercado financeiro prevê um IPCA de 5,74% para este ano e de 5,80% para 2014.

Antes da alta recente do dólar, a expectativa dos economistas dos bancos era de que o aumento dos juros total previsto para este ano seria de um ponto percentual, passando de 7,25% para 8,25% ao ano no fim de 2013. Após a disparada do câmbio, os economistas passaram a prever um ciclo bem maior de alta dos juros: para 9,25% ao ano no fim de 2013, avançando para 9,5% ao ano no fechamento de 2014.

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