04/06/2013 15h48 - Atualizado em 05/06/2013 08h17

‘Sou feliz na profissão’, diz presidente da associação de prostitutas de MG

Ministério da Saúde suspendeu frase ‘Sou feliz sendo prostituta’ de campanha.
Segundo Padilha, iniciativa vai discutir apenas a prevenção de DST’s.

Sara AntunesDo G1 MG

Folheto distribuído pela Associação das Prostitutas de Minas Gerais. (Foto: Divulgação/Aspromig)Folheto distribuído pela Associação das Prostitutas
de Minas Gerais. (Foto: Divulgação/Aspromig)

“Quem faz o que gosta, como gosta, é feliz na profissão. Eu sou feliz na minha profissão”, contou ao G1 nesta terça-feira (4) a presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira. Ela criticou a decisão do Ministério da Saúde de suspender a frase “Sou feliz sendo prostituta” da campanha nacional para redução do estigma sofrido pelas profissionais do sexo, geralmente associadas à infecção pelo HIV e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s). O material de propaganda, feito em uma oficina de comunicação em saúde para prostitutas em João Pessoa (PB), foi idealizado a partir dos principais questionamentos levantados por elas. Entre eles, explica Cida, que participou do encontro e é modelo de uma das peças, a ideia do serviço como uma escolha das mulheres.

"Não existirá nenhum material assinado pelo Ministério da Saúde que não seja material restrito às orientações de como se prevenir das DST's", explicou o ministro Alexandre Padilha. O tema da mobilização feita pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério é “Sem vergonha de usar camisinha” e celebra o Dia Internacional das Prostitutas, comemorado no último 2 de junho. 

Para a presidente, a frase leva a uma discussão constantemente evitada: a da legalização da prostituição. Esta é a principal bandeira erguida pela Aprosmig. De acordo com a Cida Vieira, com a mudança na lei, as profissionais poderiam se apresentar como são, assim como outros trabalhadores. Facilitando ainda a luta por direitos.

Quanto à campanha para prevenção das DST’s, Cida considera importante, mas afirma que já é algo do qual a maioria das profissionais tem consciência. Ela comenta que enquanto algumas meninas têm vergonha de exigir do namorado o uso da camisinha, as profissionais recusam serviços se não houver a prevenção. “Não temos vergonha de usar camisinha”, disse.

Na tradicional Rua dos Guaicurus, área de prostituição no Centro de Belo Horizonte, as campanhas para conscientização da saúde da mulher e a prevenção da Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis são constantes. No caso da Aprosmig, as campanhas são abertas a todos os profissionais do sexo, incluindo travestis, transexuais e garotos de programa.

Em uma sala na associação, quadros fixos à parede mostram o sistema reprodutor feminino e masculino. Por todo lado, também há panfletos lembrando a importância de usar a camisinha e incentivando as profissionais a não ter vergonha do trabalho. Com o apoio da Coordenação de DST/AIDS e Hepatites Virais de Belo Horizonte, elas são vacinadas e podem fazer exames regularmente.

Dia Internacional das Prostitutas
No ano passado, o dia 2 de junho foi festejado em Belo Horizonte com uma quadrilha e shows de forró e samba na Rua dos Guaicurus. Em 2013, as profissionais são lembradas com diversas palestras e iniciativas ligadas à saúde.

Segundo a Aprosmig, entre esta segunda-feira (3) e a sexta-feira (7), uma campanha em parceria com a Coordenação de DST/AIDS e Hepatites Virais da capital, vai promover a vacinação das profissionais contra infecções por tétano e hepatite e distribuir testes rápidos para identificação do HIV. No dia 28, um seminário vai discutir cidadania, trabalho e legalização da prostituição, e ainda direitos e deveres diante da lei. Neste mês, também será realizado um debate com a presença da Polícia Militar para tratar da violência contra a mulher.

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