28/06/2013 08h30 - Atualizado em 28/06/2013 08h37

Familiares e amigos de vítimas da Kiss passam 3ª noite na Câmara

Cerca de 200 pessoas seguem ocupando o prédio em Santa Maria.
Grupo aguarda resposta da presidência após vazamento de áudio da CPI.

Do G1 RS

Familiares e amigos de vítimas da Kiss passaram a terceira noite na Câmara Municipal de Vereadores em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, de quinta (27) para sexta-feira (28). As cerca de 200 pessoas aguardam respostas do presidente da Casa, Marcelo Bisogno, sobre o áudio polêmico com conversas entre vereadores e assessores sobre a CPI da Kiss, que investiga as responsabilidades do poder público na tragédia que deixou 242 mortos.

A gravação diz respeito a uma reunião entre vereadores e assessores que integram a comissão e mostra uma discussão sobre os rumos da investigação. Eles citam que havia orientação de "não dar em nada". O G1 obteve uma cópia da gravação com mais de 42 minutos feita em abril (ouça o principal trecho).

Os manifestantes exigem a anulação da comissão e a exoneração do procurador jurídico Robson Zinn. O presidente da Câmara disse à reportagem da RBS TV, na quinta-feira, que os vereadores querem um documento om a explicação sobre as pautas dos familiares. "A decisão é restabelecer o parlamento, apresentar uma pauta, tem pauta do movimento e também dos manifestantes, a dos vereadores é a de que tem de ter um documento explicando o porquê da saída do procurador".

Bisogno disse que, ainda nesta sexta-feira (28), uma reunião deve ocorrer entre representantes dos movimentos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente da Câmara desistiu de pedir reintegração de posse do prédio na quarta-feira (26). Agora, porém, ele não descarta a possibilidade de entrar na Justiça. "Tem que haver, nem que seja de forma amigável, mas judicial, até por questão de proteção ao patrimônio, à instituição", justificou.

Os manifestantes também cobram uma posição do prefeito Cezar Schirmer. A assessoria de imprensa da prefeitura disse que deve emitir nota oficial ainda nesta sexta-feira. "Como chefe maior da nossa cidade ele tem obrigação de fazer essa intervenção pelo povo, foi o povo que colocou ele lá", disse Flávio Silva, um dos manifestantes que ocupa a Câmara.

Adherbal Ferreira, pai de uma das vítimas e presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM), critica a forma como os vereadores conduzem a situação. "Eles não dizem nada para nós. Estamos esperando, desocupamos o plenário para que eles fizessem a sessão, e não foi feita", reclamou.

Vereadores da oposição ocupam o plenário em Santa Maria (Foto: Tiago Guedes/RBS TV)Manifestantes aguardam na Câmara resposta sobre áudio que vazou (Foto: Tiago Guedes/RBS TV)

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.

O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos nos dias seguintes à tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em 29 de maio.

As primeiras audiências do processo criminal foram marcadas para o fim de junho. Paralelamente, outras investigações apuram o caso. Na Câmara dos Vereadores da Santa Maria, uma CPI analisa o papel da prefeitura e tem prazo para ser concluída até 1º de julho. O Ministério Público ainda realiza um inquérito civil para verificar se houve improbidade administrativa na concessão de alvará e na fiscalização da boate Kiss.

Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

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