23/08/2013 11h04 - Atualizado em 23/08/2013 11h49

Déficit da conta externa até julho já está próximo do de todo ano de 2012

De janeiro a julho, déficit da conta externa somou US$ 52,4 bilhões.
Valor apresenta novo recorde da série histórica para o período.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O déficit em transações correntes, que é formado pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas, um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, subiu 81% de janeiro a julho deste ano, para US$ 52,47 bilhões, informou o Banco Central nesta sexta-feira (23).

De acordo com números da autoridade monetária, o valor do resultado negativo dos sete primeiros meses deste ano se aproxima do déficit registrado em todo ano passado - de US$ 54,23 bilhões.

Além de ter crescido fortemente, o valor também representa novo recorde da série histórica da autoridade monetária, que tem início em 1947, para os sete primeiros meses de um ano. Em julho, quando foi registrado um déficit de US$ 9 bilhões, o resultado também foi o pior para este mês.

Proporção com o PIB
Na proporção com o PIB, os números também mostram forte deterioração do resultado em transações correntes. Nos seis primeiros meses deste ano, somou 3,95% do PIB, contra 2,24% do PIB em igual período do ano passado.

Para todo este ano, a expectativa do Banco Central é de que o déficit das contas externas some US$ 75 bilhões - o equivalente a 3,22% do PIB. Se confirmado, será novo recorde histórico.

Até o momento, o maior déficit externo já registrado aconteceu em 2012, no valor de US$ 54 bilhões. Na proporção com o PIB, será o pior resultado desde 2001 (4,19% do PIB), ou seja, em mais de dez anos.

Balança comercial piora
A piora no resultado das contas externas neste ano está relacionada, principalmente, com o fraco desempenho da balança comercial brasileira – que acumulou um déficit de cerca de US$ 4,98 bilhões nos sete primeiros meses deste. Em igual período do ano passado, foi computado um superávit de US$ 9,93 bilhões. Houve, deste modo, uma reversão de US$ 14,9 bilhões no saldo comercial de janeiro a julho deste ano.

"Temos um pouco mais de importações do que tivemos no ano passado por uma dinâmica de atividade [interna] um pouco melhor neste ano do que em 2012. E as exportações recuaram 2% por conta de uma retomada mais lenta das economias de destino dos nossos produtos. A conta petróleo também tem pesado na balança comercial", avaliou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Os outros componentes das contas externas, entretanto, também mostraram deterioração no primeiros sete meses de 2013. O resultado negativo da conta de serviços, por exemplo, somou US$ 26,2 bilhões de janeiro a julho, o que representa um aumento frente ao déficit de US$ 23 bilhões registrado em igual período de 2012. Nas rendas, o déficit somou US$ 23 bilhões no no acumulado de 2013 - com alta frente ao mesmo período do ano passado (-US$ 17,6 bilhões).

Investimentos estrangeiros
A autoridade monetária informou que os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 35,23 bilhões de janeiro a julho deste ano, com queda frente ao mesmo período do ano passado (US$ 38,16 bilhões). A expectativa do Banco Central para este ano é do ingresso de US$ 65 bilhões em investimentos estrangeiros na economia brasileira.

Financiamento do déficit externo
Com isso, o BC confirmou que o resultado negativo da conta corrente não foi integralmente "financiado" pela entrada de investimentos produtivos na economia brasileira até julho – algo que, se confirmado para todo este ano, não acontece desde 2001.

Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Analistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB e menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), e com uma confiança menor na economia brasileira, a atratividade do Brasil também é mais baixa - o que pode significar problemas no financiamento do déficit das contas externas.

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