23/08/2013 11h49 - Atualizado em 23/08/2013 19h10

'Governo não vai injetar dinheiro na veia das aéreas', diz ministro

Moreira Franco diz que câmbio faz parte do ambiente de negócios.
Ele anunciou para novembro edital para obras em 45 aeroportos.

Lilian QuainoDo G1, no Rio

O governo não vai mais injetar dinheiro do povo "na veia" das companhias aéreas, disse o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, nesta sexta-feira (23).

Na quarta-feira, as quatro maiores empresas aéreas do Brasil, TAM, Gol, Azul e Avianca, apresentaram ao governo federal uma série de "medidas urgentes" para reduzir o custo de suas operações no país, pressionado pela alta do dólar.

O ministro argumentou, no entanto, que as variações do câmbio fazem parte do ambiente em que o negócio se dá e as empresas têm que gerir seus negócios.

"De fato, é um negócio muito dependente do câmbio, o preço do combustível é em dólar. Quando o dólar estava num preço bom para elas, tomaram empréstimos em dólar. Fizeram reivindicações e solicitei dez dias para levar as consultas e ver se são possíveis de ser atendidas. Mas esse atedimento não poderá se fazer à custa do sacrifício da maioria da população. O dinheiro públicos, se for colocado nas aéreas, vai ser de maneira bem criteriosa", disse. Ele citou como uma das demandas das aéreas medidas para adequar o preço do combustível.

Falando durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior, que acontece no Rio, Moreira Franco apontou que o esforço do governo para melhorar a infraestrutura aeroportuária requer companhias aéreas robustas.

"A gente faz melhoria nos aeroportos, mas não se pode colocar ônibus em aeroporto. É para colocar avião e não vai ser o governo que vai colocar avião. As empresas têm que trabalhar com gestão, governança, preço e segurança", disse ele.

'O passageiro está se transformando em commodity'
Moreira Franco anunciou para novembro o lançamento do edital para obras de infraestrutura em 45 aeroportos regionais, já eistentes mas sem condições de operar adequadamente. Esses aeroportos, segundo Moreira, têm rotas estabelecidas e potencial para transporte de passageiros.

Ele ressaltou que prefeitos das 270 cidades do interior incluídas nos planos do governo de melhorias em aeroportos para fortalecer a aviação regional têm pedido que as obras de melhoria incluam o aumento da pista também para a operação de transporte de cargas, o que ele considerou uma grata surpresa.

"Esses 270 aeroportos foram escolhidos pela capacidade que têm de aglutinar regiões. Vários prefeitos dessas cidades nos procuraram para solicitar que seus aeroportos não se destinem exclusivamente a passageiros, querem também pista para cargas. O passageiro está se transformando em commodity porque o peso do negócio está se transferindo para a carga", disse.

Moreira reconheceu que os usuários de transportes aéreos não são tratados como clientes. Para ele, a grande pergunta que a sociedade faz a respeito da qualidade de operação dos aeroportos do Brasil – "Como será na Copa"? – é menos desafiadora do que garantir a qualidade dos serviços no dia a dia. Ele afirma ser necessário uma midança de cultura por parte dos operadores de aeroportos e das companhias aéreas para tratar o passageiro como um cliente.

"O passageiro paga mas não tem o tratamento pelas companhias e operadores de quem está comprando serviçoes. As informações são deficientes, quando há atrasos, o passageiro fica entregue ao acaso. Isso sem contar que muitos andam de avião pela primeira vez", disse o ministro.

No Brasil, hoje 100 milhões de passageiros por ano usam o transporte aéreo e a previsão para  2020 é transportar 200 milhões por ano. O número de passageiros cresce 12% ao ano.

"O Brasil é o segundo país que mais cresce  em números de passageiros por ano, depis da China.  O avião se transforma num modal com características de transporte coletivo", disse.

Na segunda-feira (12), o ministro disse que os aeroportos brasileiros estarão aptos a atender a demanda de passageiros durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Ele destacou os planos do governo de concessão de alguns aeroportos, e afirmou que aqueles já concedidos – Guarulhos, Viracopos e Brasília – estão com as obras dentro do prazo. "As obras estão andando adequadamente e dentro do prazo", disse, acrescentando que o governo pretende licitar ainda os aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG), no fim de outubro.]

Moreira Franco no Enaex (Foto: Lilian Quaino/G1)Moreira Franco, à esquerda, no Enaex (Foto: Lilian Quaino/G1)

 

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