02/07/2013 20h38 - Atualizado em 02/07/2013 23h14

Minoria radical queima catraca de terminal de ônibus em Aracaju

Grupo pede o passe livre para estudantes e desempregados.
4ª ato Acorda Aracaju foi iniciado de forma pacífica.

Joelma Gonçalves e Flávio AntunesDo G1 SE

Minoria radical queima catraca de terminal de ônibus em Aracaju (Foto: Marina Fontenele/G1)Minoria radical queima catraca de terminal de ônibus em Aracaju (Foto: Marina Fontenele/G1)

Uma catraca foi arrancada do Terminal de Integração do Distrito Industrial de Aracaju (DIA) e queimada em seguida por uma minoria radical que participa do ‘Acorda Aracaju’ nesta terça-feira (2). O acordo com a Polícia Militar o ato segue de forma pacífica. O grupo que queimou a catraca disse que ateou fogo para simbolizar o passe livre para estudantes e desempregados, que é mais uma reivindicação do movimento.

 Antes de chegar ao DIA, os manifestantes passaram pelo Conjunto Costa e Silva e tentaram entregar um documento à Prefeitura de Aracaju para protocolar um pedido de audiência pública com o prefeito João Alves Filho, mas chegaram por volta das 18h30 e encontraram a prefeitura fechada.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem e pediram a presença do prefeito, mas o pedido não foi atendido. Policiais do Batalhão de Choque fizeram um cordão de isolamento na porta da prefeitura, mas ninguém avançou. De acordo com membros do ‘Movimento não pago’, uma nova data será marcada para entregar o documento.

Os manifestantes retornaram às ruas de Aracaju na tarde desta terça-feira  para protestar contra o valor da tarifa e qualidade do transporte público. Os motivos das reinvindicações se ampliaram e os sergipanos confeccionaram cartazes em protesto aos custos da Copa do Mundo, problemas no serviço público, corrupção, educação e cidadania.

A concentração foi realizada na Praça Fausto Cardoso, por volta das 15h, as ruas do Centro da capital já aglomeravam dezenas de pessoas, desde crianças até idosos. De lá, os manifestantes seguiram em caminhada pelas avenidas Ivo do Prado, Barão de Maruim e Desembargador Maynard em direção à Prefeitura de Aracaju.

“O Movimento Não Pago quer continuar a discussão sobre o valor da tarifa de ônibus cobrada em Aracaju e mostrar as irregularidades nas planilhas de custos apresentadas pelos empresários do setor”, afirma um dos coordenadores do movimento, Cleidson Carlos Santos Vieira.

Quarta manifestação em Aracaju tem como ponto de partida a praça Fausto Cardoso  (Foto: Flávio Antunes/G1)Quarta manifestação em Aracaju tem como ponto de partida a praça Fausto Cardoso (Foto: Flávio Antunes/G1)

A passeata segue de forma pacífica nas ruas e até o momento nenhuma ocorrência foi registrada. “O grupo está crescendo nas ruas. Todos estão protestando de forma muito bonita, sem violência”, garante o ralações públicas da Polícia Militar, Major Paiva.

Em seguida, o manifesto seguiu pela avenida Tancredo Neves até o terminal de integração dos ônibus do Distrito Industrial de Aracaju (DIA) onde o professor de Filosofia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Romero Venâncio, vai ministrar uma aula sobre ‘Desobediência Civil e Transporte Público’.

Segundo a organização do Movimento Não Pago, a aula será embaixo do viaduto Jornalista Carvalho Déda onde o tráfego será interrompido temporariamente.

Os protestos foram iniciados no início de junho em São Paulo e ganharam às ruas de dezenas de cidades do Brasil. O primeiro ato Acorda Aracaju foi realizado no dia 20 de junho reunindo mais de 20 mil pessoas. O segundo protesto ocorreu no dia 26 e levou 10 mil manifestantes às ruas. No dia 28 de junho mais de mil pessoas voltaram e realizaram mais um ato.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão foram realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.

“Lutamos pelos nossos direitos de forma digna, sem desrespeitar as autoridades nem o próximo, lutamos por um país melhor. Participamos de um momento histórico em Sergipe e estamos felizes porque nossa mensagem foi bem entendida e todos saíram de casa com o mesmo proposito. Não compactuamos com os atos de vandalismo praticados pro uma minoria. Repudiamos qualquer manifestação que cerceie a liberdade de organização e de expressão”, orgulha-se Demétrio Varjão, integrante do Movimento Não Pago.

Tarifa do transporte público
Antes da manifestação, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, reduziu a tarifa de ônibus de R$ 2,45 para R$ 2,35. Ele argumentou que a redução foi possível pelo fato de no fim de maio, o Governo Federal desonerar as empresas de ônibus do pagamento de PIS e cofins. O valor da nova tarifa foi aprovado na terça-feira por 17 votos a favor contra 5 na Câmara dos Vereadores de Aracaju e começou a valer a partir do dia 28 de junho.

'Achamoas que o preço justo da passagem é R$1,92', diz o integrante do Movimento Não Pago, Demétrio Varjão  (Foto: Flávio Antunes/ G1 SE)'Achamoas que o preço justo da passagem é
R$1,92', diz Demétrio(Foto: Flávio Antunes/ G1 SE)

Mas o novo valor não agradou e os manifestantes pedem a revogação da lei. “Por mais que esse fato pareça uma vitória das pressões populares, na realidade não passa de uma falsa redução. A tarifa não foi reduzida, na verdade foi reajustada de R$ 2,25 para R$ 2,35. Com a exclusão dos impostos no cálculo da tarifa, a prefeitura sanou apenas uma das graves irregularidades contidas na planilha de custos da SMTT. Vale lembrar que mesmo com um valor de R$ 2,35, o cálculo tarifário continua incluindo custos inexistentes, sem os quais o valor tarifário real seria R$ 1,92. Lutamos também pelo passe livre dos estudantes e desempregados ”, explica Demétrio Varjão.

Demétrio disse que os protestos vão continuar e que eles aguardam uma resposta do prefeito João Alves Filho. “Até o momento o prefeito não nos procurou para dialogar sobre os pontos que estamos reivindicando. Desde o começo o movimento está denunciando a fraude nos gastos com o transporte publico que incluiu na planilha de custos valores que não são reais com gastos que não são feitos. A luta é que o prefeito revogue o valor com o valor real da tarifa”, explica.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão sendo realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.

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