20/06/2013 17h57 - Atualizado em 20/06/2013 18h01

Redução da tarifas de transporte deve aliviar inflação de junho e julho

Impacto de redução em SP e Rio deve ser de 0,1 p.p, dizem consultorias.
Queda, contudo, não refletirá no longo prazo e câmbio preocupa.

Gabriela GasparinDo G1, em São Paulo

As recentes diminuições nos preços das tarifas de transporte público nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, após protestos, devem provocar uma redução de aproximadamente 0,1 ponto percentual na inflação somada dos meses de junho e julho, apontam consultorias ouvidas pelo G1. A queda, contudo, deverá ser pontual e não refletirá no longo prazo, tendo em vista, principalmente, se a atual desvalorização do real frente ao dólar continuar.

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A inflação é uma alta persistente e generalizada dos preços. Provocada pelo desequilíbrio entre oferta e demanda, pelo excesso de moeda ou por gastos públicos elevados, entre outras causas, ela provoca perda do poder de compra e reduz a eficiência da economia. Leia mais

O impacto negativo da redução das tarifas nas duas cidades no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deverá ser de 0,09 ponto percentual no acumulado de junho e julho, calcula o estrategista-chefe da Santander Asset Management, Ricardo Denadai.

De acordo com ele, o impacto em junho deverá ser menor, de 0,03 ponto percentual, sobre o de 0,06 ponto em junho (a diferença entre os dois meses leva em conta que junho teve dias com a tarifa maior).

"É bastante simples, o transporte publico é um dos itens que compõem o IPCA, da mesma maneira que ele vinha influenciando para cima com as novas tarifas, agora que foi revogado o aumento, terá o efeito contrário", explica Donadai.

Outras cidades também anunciaram reduções nas tarifas, mas Donadai salienta que apenas Rio e São Paulo, juntas, têm peso de quase 50% na composição do IPCA (São Paulo com 31,7% e Rio de Janeiro com 12,5%).

Com as reduções, as projeções do Santander Asset Management para o IPCA de junho ficaram em 0,30%, sobre algo entre 0,34% e 0,35% anteriormente. Donadai explicou, contudo, que nas novas projeções incluem também uma pressão menor dos alimentos no período, e não apenas os transportes. Para julho, a projeção é de 0,20%.

Estimativa preliminar da consultoria Tendências prevê uma redução total de 0,10 ponto percentual na inflação nos dois meses – também levando em conta apenas a diminuição dos preços dos transportes no Rio e em São Paulo.

A consultoria prevê que o impacto negativo deve ser de 0,03 ponto percentual em junho e de 0,07 em julho, diz a analista Adriana Molinari. "Isso a gente contabilizando as reduções de São Paulo e Rio de Janeiro", disse.

Antes das reduções, a consultoria previa que a inflação de junho deveria ser de 0,40% e de julho, de 0,31%. Com as alterações, contudo, as projeções devem cair. Adriana salienta, contudo, que esperará o resultado do IPCA-15, nesta sexta-feira, para confirmar redução das projeções.

Meta de inflação
O matemático José Dutra Vieira Sobrinho, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon) de São Paulo, salienta, contudo, que qualquer taxa superior a 0,08% em junho já fará que o IPCA ultrapasse os 6,5% no acumulado em 12 meses – o teto da meta do Banco Central. 

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, a meta central de inflação, medida pelo IPCA, é de 4,5% para 2013 e 2014, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, a inflação pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Em maio, a variação do IPCA foi de 0,37%, ficando justamente no teto da meta de 6,5% em 12 meses.

Apesar do impacto negativo na taxa de inflação nos próximos meses, Donadai avalia que a redução das tarifas está longe de refletir no resultado do ano. "O problema é que mesmo essa perspectiva menor de inflação no curto prazo, há a preocupação muito maior do efeito da depreciação do real (...). Não podemos nos iludir com perspectiva de inflação menor em junho e julho para os próximos meses. Ela acaba aí (...). A preocupação vai muito mais além para o final do ano por essa preocupação do efeito da depreciação cambial", avalia.

Adriana, da Tendências, explica que o momento é de volatilidade no dólar e que há risco de impacto na inflação caso o real comece a desvalorizar muito mais nos próximos meses. "A gente está em momento de muita volatilidade". Ela citou outros fatores, como demanda interna desaquecida, que podem ajudar no impacto para baixo do IPCA.

A moeda norte-americana fechou esta quinta-feira cotada a R$ 2,258, alta de 1,69%. Esta é a maior cotação de fechamento desde o dia 1.º de abril de 2009, quando a moeda estava cotada a R$ 2,281 para a venda.

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