RIO — A Polícia Civil intimou Allan Pereira, irmão do pastor Marcos Pereira, para que explique a publicação, na sua página no Facebook, de fotografias de vítimas e testemunhas envolvidas nas denúncias contra o religioso. O depoimento está marcado para terça-feira, na 64ª DP (São João de Meriti). A delegacia vai apurar crimes contra a honra e injúria, já que o irmão do pastor ofendeu o delegado titular da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod), Márcio Mendonça, por meio da rede social. O titular da Dcod é chamado por Allan de “delegado do diabo”.
Outra medida da polícia será enviar um ofício ao site de relacionamentos Facebook e ao irmão do pastor pedindo que sejam retiradas de sua página fotos e qualquer postagem que ofenda as vítimas, testemunhas e o delegado. Márcio Mendonça afirmou que vai procurar as vítimas para saber se elas também querem processar o irmão do pastor por ter publicado fotografias delas na internet. No final de tarde desta segunda-feira, as fotos foram retiradas da página do Facebook de Allan Pereira.
— Elas são vítimas e testemunhas e jamais poderiam ter o rosto estampado desta forma em uma rede social onde todo mundo pode acessar — explicou Márcio Mendonça.
Inquérito apura homicídio
O delegado titular da Dcod instaurou, na semana passada, inquérito para investigar se o pastor Marcos Pereira seria o mandante do assassinato de Adelaide Nogueira dos Santos, de 25 anos. Dois assassinos da ex-fiel da igreja já estão presos. Mas, com base no depoimento de uma testemunha, o delegado quer apurar se o mandante do crime foi mesmo o pastor. A vítima teria a intenção de denunciar o pastor por promover orgias na igreja.
Ainda nesta semana, Márcio Mendonça deve ouvir novamente a mãe da jovem assassinada, Amélia Pinheiro, e uma outra testemunha do homicídio.
Em sua página no Facebook, Allan Pereira ainda postou provocações ao coordenador do AfroReggae, José Júnior. O irmão do religioso também divulgou imagens e mensagens dizendo que o pastor Marcos Pereira está sendo injustiçado.
Preso há duas semanas, o pastor Marcos Pereira, líder da igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, já foi denunciado pelo Ministério Público por dois estupros e uma coação de testemunha, por ter ameaçado uma vítima. Há ainda contra o religioso um inquérito em andamento na delegacia de São João de Meriti também por coação.
Marcos Pereira ainda é investigado por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro, além de homicídio. Outras quatro denúncias de estupro estão sendo investigadas. Segundo a polícia, o pastor Marcos também abusava de mulheres em casas de fiéis e em seu apartamento, na Avenida Atlântica, em Copacabana, avaliado em R$ 8 milhões. Foram ouvidas 30 testemunhas em um ano e, no total, outras 20 mulheres são citadas como vítimas do religioso.
Pereira foi preso por agentes da Dcod, com dois mandados de prisão preventiva, na Rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, no fim da noite do dia 7 deste mês.