Economia

Começa corrida para o consumidor limpar o nome para compras de fim de ano

Serasa prorroga até dia 26 o Feirão Limpa Nome, diante da procura de pelo menos 300 mil pessoas; campanha semelhante da Boa Vista vai até dezembro

RIO - A pouco mais de dois meses do Natal, a corrida para regularizar dívidas e se preparar para as compras de fim de ano já começou. Pelo menos dois serviços pela internet oferecem, desde segunda-feira, ferramentas para renegociar débitos. No Feirão Limpa Nome da Serasa, cerca de 300 mil pessoas já se cadastraram no sistema, que coloca o consumidor em contato com mais de 30 empresas, desde financeiras até varejistas.

A procura foi tão grande que a instituição prorrogou o prazo do feirão - que terminaria neste domingo -  até a meia-noite do dia 26 de outubro. Seja virtual ou presencialmente, especialistas alertam para a importância de acertar as contas, evitando que as dívidas antigas virem uma bola de neve com as despesas das festas de dezembro.

No mutirão da Serasa, o balanço preliminar indica interesse dos consumidores em regularizar dívidas. Além dos 300 mil cadastros (mais que a média mensal de 200 mil, desde que o portal foi lançado no ano passado), o site da campanha recebeu 3 milhões de visitas e 500 mil visitantes únicos nas primeiras 24 horas no ar. Nome Online, da Serasa Experian, desde segunda-feira. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais estão no topo dos estados com mais acessos, com 39,2%, 11,6% e 9,2% de participação respectivamente. Participam da campanha companhias como Bradesco, Itaucard, Cartão Americanas e Losango.

O serviço, gratuito, está disponível no endereço http://serasaconsumidor.com.br/limpanome . Pela ferramenta, o consumidor pode encontrar a empresa com a qual tem débitos e iniciar a negociação. O contato pode ser feito por telefone, e-mail ou chat pela internet.

Outra opção para quem quer usar a internet para sair da lista de inadimplentes é a campanha Acertando Suas Contas, promovida pela Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). A entidade ainda não divulgou o balanço da campanha, que é mais longa e vai até 14 de dezembro. O endereço da ferramenta é www.consumidorpositivo.com.br . Assim como a campanha da Serasa, o serviço também é gratuito.

Além das ferramentas online, o contato pode ser feito também diretamente com as empresas. No caso de dívidas com bancos, é possível iniciar o contato pela internet. O site do Bradesco conta com um formulário pelo qual o cliente pode enviar uma proposta. Já o Itaú mantém uma página com uma lista de telefones para agendamento de renegociação de dívidas de serviços relacionados ao Itaucard. Segundo o banco, as condições variam conforme cada caso, mas a restrição ao crédito é baixada cinco dias após o pagamento da primeira parcela do acordo.

O pagamento ou renegociação de dívidas com financeiras ou varejistas já garante a retirada do nome no cadastro de inadimplentes. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), lojistas têm até 24 horas, contando da confirmação do pagamento, para solicitar a baixa do nome do cliente da lista de devedores.

No caso de cheques sem fundo, o banco deve orientar o consumidor como fazer para limpar o nome. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o procedimento mais comum é solicitar ao banco informações sobre número, valor e data do cheque devolvido duas vezes. Em seguida, é preciso recuperar o cheque com a empresa ou pessoa para quem o cheque foi emitido. Então, orienta o Idec, o consumidor deve protocolar uma carta, seguindo orientação do seu banco, juntando o cheque ou uma cópia e recolher a taxa cobrada pelo banco.

Segundo orientações da Proteste - Associação de Consumidores, publicada recentemente pelo site do GLOBO , o recomendado é buscar o contato presencial, no qual um contrato deve ser assinado, inclusive por testemunhas.

A Proteste também orienta que o consumidor planeje exatamente quanto pode pagar por mês, para não furar o acordo. O ideal é dar preferência ao equilíbrio entre prazos maiores e juros menores. Uma vez combinada a renegociação, é importante cumprir o acordado, já que, em caso de quebra de contrato, o credor pode cobrar a dívida de uma vez só na Justiça.

Inadimplência deve recuar até o fim do ano

Os dados mais recentes de endividamento e inadimplência mostram que o brasileiro tem se preparado para o impacto das festas de dezembro. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio (Peic/CNC) mais recente aponta que o percentual de famílias endividadas vem caindo desde julho: naquele mês, o indicador era de 65,2%; em setembro, ficou em 61,4%.

No Rio, a busca por colocar as contas em dia foi maior em 2013 que no no ano passado, mostrou pesquisa do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio). Segundo a entidade as dívidas quitadas (índice que mostra o número de consumidores que colocaram suas contas em dia) no comércio carioca aumentaram 5,1% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, antes do Dia das Crianças. A tendência é que os devedores continuem a buscar regularizar suas dívidas nos próximos meses, afirmou o órgão.

Segundo os últimos dados do Banco Central, a inadimplência caiu para 5,1% em agosto, chegando a menor taxa desde 2011, quando o índice ficou em 4,94%. Em setembro, quando os dados foram divulgados, o chefe do Departamento Econômico da autarquia, Tulio Maciel, afirmou que a queda estava relacionada ao aumento da renda.

Gastos com décimo terceiro devem ser moderados

Segundo Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, quem gastou dentro do planejado no Dia das Crianças, sai na frente para evitar a bola de neve de dívidas nos próximos meses. Agora, a dica é evitar o gasto exagerado com o décimo terceiro salário, cuja primeira parcela é creditado em novembro, em algumas empresas.

De acordo com o especialista, o ideal é aproveitar a renda extra para pagar as dívidas e tentar fazer uma reserva, já pensando nos gastos de início de ano: IPVA, IPTU e férias escolares costumam ser os principais impactos do período.

- Se ele tem alguma reserva financeira ou se receber o décimo terceiro em novembro, vale utilizar o recurso para quitar os débitos ou renegociar com os credores. Só o fato de renegociar a dívida já o torna adimplente de novo. Em março, é comum registrarmos os picos de inadimplência, justamente por causa de faturas dos gastos do início do ano - afirma o economista.