17/10/2013 11h29 - Atualizado em 17/10/2013 12h09

2013 não foi 'fácil para ninguém', mas mundo se recupera, diz Mantega

Ele destacou inflação abaixo do teto do sistema de metas nos últimos anos.
Para ministro, investimentos puxarão crescimento da economia brasileira.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O ano de 2013 não foi "fácil para ninguém", mas o mundo está em recuperação, segundo avaliou nesta quinta-feira (17) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante apresentação no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Agora contamos com a superação provisória desse problema nos Estados Unidos, porque haverá novos capítulos deste conflito orçamentário. De qualquer forma, abre caminho para que essa  recuperação que está se ensaiando no mundo possa se verificar. (...) O desempenho da economia brasileira está indo razoavelmente bem. Se a economia mundial melhorar, poderemos potencializar mais este crescimento", declarou Mantega.

Até o momento, a previsão oficial para o crescimento do PIB deste ano é de 2,5% e, para 2014, conforme a proposta de orçamento do ano que vem, é de 4%. O mercado financeiro, porém, estima um crescimento de 2,2% para o próximo ano – bem abaixo da expectativa do governo federal.

Concessões e investimentos
Mantega acrescentou que os programas de concessões de infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, entre outros) vão "puxar" o crescimento da economia brasileira nos próximos anos.

"Vão se somar investimentos em plataformas, de 12 a 15 plataformas [de exploração de petróleo]. Tudo isso vai se somar ao PAC, que vem crescendo fortemente. O mercado interno também está se recuperando", disse o ministro da Fazenda.

Ele previu ainda que a taxa de investimento (formação bruta de capital fixo), na comparação com o PIB, atualmente em 18%, avançará para 24% até 2022. "Queremos alcançar essa trajetória maior [de alta dos investimentos], chegando a 2022 com investimento em 24% do PIB. Mas isso depende das concessões e do PAC", acrescentou.

Inflação
De acordo com o ministro Mantega, a inflação está "sob controle" no Brasil há dez anos – período em que o teto do sistema de metas de inflação não é ultrapassado. Ele não lembrou, porém, que a inflação tem oscilado, em todos os anos do governo Dilma Rousseff, ao redor de 6% – distante, portanto, da meta central de 4,5%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância (que vai até 6,5%).

"Temos inflação sob controle, que há dez anos não ultrapassa as metas estabelecidas, solidez fiscal e, além disso, reservas internacionais bastante grandes. O país que não tem reservas sofre quando tem turbulências cambiais. O Brasil sofre menos. (...) O governo mantém uma política de combate à inflação e isso vai continuar indefinidamente. É uma das coisas mais importantes para a população e para o setor produtivo", declarou ele, acrescentando que, nos últimos dez anos a inflação foi a menor em "mais de meio século".

Taxa de câmbio
Mantega afirmou ainda que o atual patamar da taxa de câmbio, ao redor de R$ 2,16 por dólar, é mais "competitivo" que o nível registrado em 2011 – quando o dólar estava em R$ 1,6. Dólar mais alto torna as exportações mais baratas e as compras do exterior mais caras. Com isso, pode estimular as vendas externas, melhorar a competitividade das empresas nacionais, mas também pode impulsionar a inflação. "O câmbio é flutuante. Flutua para os dois lados", afirmou.

Contas públicas e endividamento
O ministro também disse que o Brasil tem "produzido" um dos maiores superávits primários (economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda) do mundo nos últimos anos. Ele admitiu, porém, que, em momentos de crise, o esforço recua. "Em crise, o Brasil faz política anticíclica e o superávit cai um pouco, mas sempre dentro de limites que não ameaçam a solidez fiscal", declarou.

Segundo ele, o crescimento da dívida bruta brasileira, que vem sendo criticado por agências internacionais de classificação de risco, o que piora a percepção sobre a economia brasileira, se deve às compras de dólares pelo governo federal e, também, aos aportes de recursos do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – que superam R$ 350 bilhões nos últimos anos.

"A dívida bruta está estabilizada em um patamar entre 58% e 60% do PIB. Na medida em que diminuírem os aportes ao BNDES, e está reduzindo ano a ano, significa que a dívida bruta vai parar de crescer e quando houver devolução dos créditos, vai cair. O Brasil estará em posição muito mais confortável do que a maioria dos países, que subiram a dívida bruta e líquida nos últimos anos", concluiu ele.

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