Economia

Banco da Inglaterra condiciona futura alta de juros a nível de emprego

Instituição afirmou que planeja manter a taxa de juros na mínima recorde até que o desemprego caia a 7%

LONDRES - O Banco da Inglaterra, banco central britânico, revisou sua estratégia de política nesta quarta-feira, afirmando que planeja manter a taxa de juros na mínima recorde até que o desemprego caia a 7% ou abaixo deste nível, algo improvável por mais três anos.

Cerca de um mês depois de o canadense Mark Carney assumir o cargo de presidente do BC no lugar de Mervyn King, o banco central informou nesta quarta-feira que vai manter a taxa de juros em 0,5% a menos que a inflação ameace sair de controle ou houver perigo à estabilidade financeira. Carney disse que a recuperação da frágil economia britânica está em curso e parece que está se ampliando, mas alertou que ainda há um longo caminho a trilhar antes de ela ficar em base sólida.

— Essa permanece a mais lenta recuperação da produção já registrada — disse ele em sua primeira entrevista à imprensa desde que assumiu o comando do banco. — Nós não estamos em alta velocidade neste momento.

O BC britânico segue a postura do Federal Reserve, banco central norte-americano, de determinar uma meta de desemprego em vez de se comprometer em manter as taxas baixas por um período de tempo.

Autoridades do BC disseram que estão prontas para comprar mais títulos do governo se estímulo adicional for necessário e que não vão reverter as compras atuais enquanto o desemprego estiver muito alto.

O BC disse ainda que o crescimento deve ser "fraco ante os padrões históricos", mesmo que a recuperação econômica esteja "se consolidando" e a expectativa seja de que a inflação permaneça acima da meta de 2% até a segunda metade de 2015 com base nas expectativas do mercado.

— Tentar fazer a inflação retornar à meta rapidamente demais arrisca prolongar o período em que os recursos da nação são subutilizados — disse o banco central.

Um crescente número de importantes bancos centrais está fornecendo a chamada orientação futura para ajudar suas economias após o dano provocado pela crise financeira.

Para o BC britânico, o desafio é evitar uma alta prematura dos custos de empréstimos em um momento em que sinais de recuperação econômica doméstica e a decisão do Federal Reserve de reduzir o estímulo já começam a elevar as taxas de juros do mercado.

O BC agora estima que a economia vai crescer 0,6% neste trimestre e que o crescimento atingirá uma taxa anual de 2,6% em dois anos, comparado com estimativa de 2,2% há três meses, desde que a atual taxa de juros seja mantida.

A expectativa é que o desemprego caia apenas ligeiramente ante o nível atual de 7,8%, com o banco central esperando que chegue a 7,1% no terceiro trimestre de 2016.

Isso significa que o BC espera deixar a taxa de juros inalterada pelo menos por esse período de tempo, a menos que uma das três condições mude antes.

O BC vai avaliar elevar os juros se seu baixo nível representar uma ameaça à estabilidade financeira, se as expectativas de inflação de médio prazo subirem perigosamente ou se estimar que a inflação em 18 a 24 meses será de 2,5% ou mais.