Economia

Com juros em alta, fundos DI e caderneta de poupança ficam mais vantajosos

Analistas esperam nova alta de juros da reunião do BC que começa nesta terça-feira

SÃO PAULO - Começa nesta terça-feira a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e, com a inflação rondando os 6% ao ano, é consenso entre os analistas financeiros a decisão será elevar a taxa básica de juros (Selic) da economia de 9% para 9,5% anuais. E, para segurar os preços, mais uma elevação deve acontecer no encontro de novembro, o último do ano, preveem os economistas. Nesse cenário de alta de juros, aplicações financeiras consideradas mais conservadoras, como fundos DI e de renda fixa, voltaram a ficar interessantes, avaliam os especialistas.

- Quem já está com o dinheiro aplicado em fundos DI, que acompanham a alta dos juros, vai ganhar mais com novas altas da Selic. As taxas dos contratos de depósito interfinanceiro que vencem em abril e julho de 2014, por exemplo, estão projetando mais dois aumentos de 0,5 ponto percentual, com a Selic terminando o ano no patamar de 10% - explica Jorge Knauer, gestor de renda fixa e câmbio da Appia Capital.

No mês passado, quando o BC elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, os fundos DI garantiram uma rentabilidade de 0,72% e no ano o ganho é de 5,79%. O mesmo raciocínio vale para os fundos de renda fixa que possuem papéis pós-fixados em suas carteiras, títulos públicos que acompanham a alta da Selic. No mês passado, o retorno desses fundos foi de 0,82%, enquanto no ano o ganho é de 4,77%.

- As aplicações mais conservadoras voltaram a ficar mais atraentes. Além dos fundos DI, os fundos de renda fixa com papéis pós-fixados vão oferecer um retorno melhor nesse cenário - avalia Paulo Petrassi, estrategista de Renda Fixa da Leme Investimentos, para quem a taxa de juros será elevada em 0,5 ponto percentual na quarta e entre 0,25 e 0,50 em novembro.

Ele lembra que os fundos de renda fixa que possuem títulos prefixados na carteira, como as NTN-B (Nota do Tesouro Nacional série B) e as Letras do Tesouro Nacional (LTNs), devem continuar sofrendo um pouco, enquanto os juros subirem. A rentabilidade desses fundos melhora quando a trajetória da queda de juro é de queda, não de alta. Os fundos de renda fixa índices, por exemplo, produtos que aplicam em títulos públicos prefixados e ainda pagam a inflação medida pelo IPCA, acumulam perda de 3,54% no ano.

Para a reunião do Copom de novembro, as apostas se dividem entre uma elevação entre 0,25 e 0,5 ponto percentual, com a Selic encerrando em 9,75% ou 10% ao ano. Os economistas do banco Bradesco vão mais longe e avaliam que em janeiro de 2014 pode haver uma nova alta de juro de 0,25 percentual, com a Selic começando o ano em 10,25%.

Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, do grupo Vinci Partners, lembra que quem aplica em renda fixa deve pensar no médio prazo, o que significa sacar os recursos num prazo entre três e cinco anos. Ele recomenda que o dinheiro que precisar ser sacado em situações de emergência, como numa quebra do carro ou uma reforma inesperada da casa, seja direcionado a produtos como fundos DI ou poupança.

- E quem já está nessas aplicações tende a ser beneficiado no curto prazo, já que a Selic deve subir até o fim do ano e melhorar o ganhos dos DIs e da poupança - diz Bittencourt.

Até mesmo o rendimento da poupança voltou a ficar interessante, diz Paulo Petrassi, da Leme Investimentos. Quando a Selic ficou maior do que 8,5%, tanto a velha poupança quanto a nova (depósitos feitos a partir de maio) voltaram a oferecer 6,17% mais taxa referencial ao ano. No ano, a poupança antiga está oferecendo um ganho de 4,62%, enquanto na nova o retorno é de 4,03% .

No mês passado, os fundos cambiais que vinham sendo as estrelas do ranking de investimentos tomaram um tombo depois que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, decidiu manter os estímulos à economia dos EUA. O dólar caiu frente ao real e a outras moedas emergentes no mundo. O resultado foi que os fundos cambiais recuaram 5,14% no mês passado, enquanto o dólar comercial se desvalorizou 4,86% frente ao real.

- Daqui até o fim do ano, o dólar pode voltar a “estressar” às vésperas da reunião do Federal Reserve, em dezembro, quando novamente voltará a expectiva sobre o início da redução dos estímulos à economia dos EUA. Os leilões de dólares feitos diariamente pelo Banco Central tiraram um pouco a instabilidade do mercado de câmbio, mas ela pode voltar se o Fed retirar reduzir os estímulos - diz Jorge Knauer, da Appia.

No mercado financeiro, os analistas projetam que o dólar termine 2013 na casa de R$ 2,30. Para quem tem despesas em dólar ou viagem marcada para o fim do ano, os fundos cambais são recomendados pelos especialistas como um forma de se proteger das oscilações bruscas da moeda americana.