18/09/2013 12h42 - Atualizado em 18/09/2013 13h12

Fluxo de dólares no acumulado do ano no país vira e fica negativo

Em 2013 até o dia 13 de setembro, US$ 702 milhões deixaram o Brasil.
Na última semana, US$ 799 milhões saíram da economia brasileira.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

As retiradas de recursos da economia brasileira superaram o ingresso de divisas em US$ 799 milhões na semana passada, informou nesta quarta-feira (18) o Banco Central. Na parcial deste mês, até a última sexta-feira (13), US$ 2,94 bilhões saíram do país.

Com o resultado da semana passada, o fluxo de dólares, no acumulado deste ano, "virou" e passou a ficar negativo. No acumulado de 2013, até 13 de setembro, US$ 702 milhões deixaram o Brasil.

Se confirmado o saldo negativo de dólares para todo este ano, será o primeiro desde 2008 (quando o valor ficou negativo em US$ 983 milhões), no auge da crise financeira internacional que abalou os mercados e minou a confiança de investidores. No ano passado, foi contabilizado o ingresso de US$ 16,7 bilhões no Brasil.

O fluxo de dólares de 2013, segundo operadores, seria pior ainda se não fosse a captação da Petrobras no mercado externo de US$ 11 bilhões feita em maio. Não há informação exata sobre quanto desta operação foi, de fato, internalizado no Brasil.

Saída se concentra nos últimos meses
A saída de dólares do país se concentrou, principalmente, nos últimos meses. Em agosto, US$ 5,85 bilhões foram retirados do Brasil - o maior valor deste ano. Em junho, US$ 2,6 bilhões também já tinham saído do país e, em julho, outros US$ 1,44 bilhão foram retirados da economia brasileira. Desde junho, portanto, US$ 12,8 bilhões foram para o exterior.

Os números do BC contrastam com declarações de integrantes da equipe econômica de que a alta da moeda norte-americana, que operava ao redor de R$ 2 até meados de maio, não seria acompanhada da saída de divisas da economia brasileira. Essa análise foi feita pelo chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, e também pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país favorece, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tende a ficar maior. No fechamento de agosto, estava cotado a R$ 2,38, com alta de 4,5% no mês. Em setembro, porém, a moeda norte-americana está sendo negociada em um patamar mais baixo. Nesta quarta-feira (18), por volta das 12h50, o dólar estava cotado e R$ 2,24.

A queda recente do dólar em setembro, segundo analistas, tem relação com o programa do BC. No fim de agosto, a instituição informou que que fará intervenções diárias no câmbio, pelo menos, até o fim deste ano – quer seja por meio de "swaps cambiais" – instrumentos que funcionam como venda de divisas no mercado futuro –  ou pela venda de dólares com compromisso de recompra.

Ao todo, o novo programa de oferta de "swaps cambiais" ao mercado envolverá cerca de US$ 37 bilhões entre o fim de agosto e o fechamento de 2013, ao mesmo tempo em que a oferta de linhas no mercado à vista, com compromisso de recompra, totalizará cerca de US$ 20 bilhões. Deste modo, o pacote total do BC envolve mais de US$ 55 bilhões neste ano.

O resultado do fluxo de dólares neste ano tem levantado a preocupação de economistas sobre o financiamento das contas externas. Desde 2005, somente um ano registrou fluxo negativo (2008, com a retirada de US$ 983 milhões do país). Em 2009, 2010, 2011 e 2012, houve entrada líquida de recursos de, respectivamente, US$ 28,7 bilhões, US$ 24,3 bilhões, US$ 65 bilhões e US$ 16,7 bilhões.

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