Economia Defesa do Consumidor

Preços variam 76% nos supermercados do Rio

Valores levantados pelo Guia de Preços de Supermercados na capital fluminense e em outras 20 cidades de 14 estados, mais Distrito Federal, indica diferença é ainda maior: chega a 112%
Atacadões têm os melhores preços, mas falta conforto Foto:
Carlos Ivan
Atacadões têm os melhores preços, mas falta conforto Foto: Carlos Ivan

RIO — Estudo realizado pela Proteste — Associação de Consumidores indica que o preço de uma cesta de alimentos nos supermercados do Rio pode variar até 76%. Na comparação nacional dos valores levantados pelo “Guia de Preços de Supermercados” na capital fluminense e em outras 20 cidades de 14 estados, mais Distrito Federal, a diferença é ainda maior: chega a 112%. Os índices são referentes a uma cesta com 90 produtos de marcas consideradas mais baratas (cesta 2). A mesma pesquisa feita com 104 produtos das marcas líderes de vendas (cesta 1) aponta diferença de até 39% nos preços do Rio e de 66% na comparação nacional. Esta é a nona edição da pesquisa.

No Rio, a cesta 2 mais barata sai por R$ 209,48, e a mais cara, por R$ 369,15 (diferença de 76%). Já a cesta 1 mais em conta custa R$ 317,76 e a de maior preço sai por R$ 441,10 (39%). Levando-se em consideração a comparação entre os preços médios por rede no município (a média dos preços das diferentes lojas daquela rede), a variação é um pouco menor: de 36% na cesta 1 e de 57% na cesta 2 (gráfico ao lado).

Confira aqui o simulador de preços da Proteste .

Já na pesquisa nacional, a cesta 2 mais barata foi encontrada num atacado de Recife, por R$ 192,28, e a mais cara, em Brasília, a R$ 408,80. A cesta 1 mais barata está num atacadista de Olinda e sai por R$ 283,43; e a mais cara, na capital paulista, por R$ 470,77.

— Temos percebido, ao longo dos anos, que os supermercados atacadistas, na média, apresentam preços bem inferiores aos demais supermercados. Pois como trabalham com uma gama muito maior de produtos, conseguem bons descontos com os fornecedores e os repassam ao consumidor — analisa Michelle Marques, pesquisadora da Proteste e coordenadora da pesquisa.

Aumento da inflação média

Outro dado que chama a atenção é o aumento da inflação média da cesta 1, que este ano ficou 11 pontos percentuais acima do teto registrado em 2012. Pulou de 8% para 19%, registrada no Ceará. No Rio, a inflação média foi de 14% na comparação com a pesquisa anterior. O menor índice de aumento este ano é do estado de Goiás, onde o preço desta cesta subiu 11%. Segundo Michelle, os aumentos são reflexo da alta, registrada no primeiro trimestre do ano, nos preços dos alimentos, que estavam sob efeito de problemas climáticos do ano passado, e do ambiente de consumo doméstico favorável aos aumentos.

Apesar da diferença, há quem privilegie o conforto dos hipermercados em detrimento do preço baixo dos atacadões, ressalta a pesquisadora:

— O formato atacadista não tem tanto conforto, não tem setor de eletroeletrônicos, demanda mais tempo, pois as gôndolas são extensas. Mas vale a pena fazer pelo menos parte das compras, principalmente de produtos não perecíveis, como de higiene e limpeza, que podem ser estocados.

A entrada de novos consumidores no mercado é uma das explicações para esse cenário. Segundo o professor Eduardo França, coordenador do MBA em Estratégias e Ciências do Consumo da ESPM-Rio, os conceitos de preço e valor interferem na escolha do local para as compras:

— Quando procuramos conveniência, o preço não é determinante. E quem passou a poder consumir mais recentemente, a chamada nova classe média, também tem procurado marcas com maior valor agregado. É uma forma de dizer ‘eu mereço’.

Diferença dentro dos bairros

Foram coletados 260 mil preços em 1.357 pontos de venda distribuídos entre hipermercados, supermercados, hard discount e lojas de conveniência. A pesquisa foi realizada, em março deste ano, em 21 cidades: 14 capitais (Rio, São Paulo, Salvador, Fortaleza, São Luís, João Pessoa, Recife, Natal, Goiânia, Vitória, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis), no Distrito Federal e em Olinda e Jaboatão dos Guararapes (PE), Vila Velha (ES), Niterói (RJ) e Guarulhos e Campinas (SP), que respondem por 90% do faturamento de supermercados do país, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Segundo a coordenadora da pesquisa da Proteste, os dados foram estratificados por estabelecimento e bairro para que os consumidores possam comparar os preços no comércio da região onde moram e trabalham:

— Dentro dos bairros há diferença considerável de preços. Às vezes, atravessar a rua pode ser sinônimo de economia.